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LILI

— Seus pais? — Roger me pergunta quando recuso uma ligação, novamente.

Eu fiz isso por todo o final de semana, porque já imagino qual seja o assunto. Meus pais serão os anfitriões da gala beneficente de primavera e seria perfeito se a família toda estivesse lá.

Mas eu não vou subir num palco e interpretar a família feliz.

— Viu? Eles nunca se tocam e respeitam minha escolha de ficar afastada.

Olho os créditos do primeiro filme de Senhor dos Anéis e bocejo. Já fiquei aqui tempo demais.

— Talvez eles se importem de verdade, depois do mal que fizeram a você. — Roger cogita.

— Eles não me mandam mensagens todo dia e querem saber de mim, como Nan e sua mãe fazem com você. Só quando precisam de mim.

Eu era uma vida solitária e quebrada. Mesmo vovó que é meu elo forte não era mais tão presente, eu havia seguido em frente. E, com os pés jogados sobre o colo de um cara enquanto conversamos, eu acredito que estou seguindo ainda mais.

— Passa a noite aqui?

Não é como se eu não esperasse. Somos duas pessoas ficando, é normal ele ter vontades e estou bem em admitir que eu também. Na noite passada eu estava surpresa por querer sentar sobre ele e arrancar nossas roupas. É o tipo de necessidade primitiva que eu nunca mais tinha sentido, não depois do aborto quando Daniel e eu tentamos.

E, então eu conclui que não gostava mais de sexo ou era incapaz de sentir prazer. Agora eu não tenho certeza, talvez eu conseguiria com Roger, mas por outro lado quando chegarmos mais longe eu posso falhar de novo e seria horrível.

— Está tarde e não consigo ficar confortável com você saindo agora. — Roger aperta meus pés os massageando.

Droga. Era para isso ser brega.

— Está com medo dos zumbis lá fora me pegarem? — Olho na direção da janela vendo a escuridão. Eles moram em um lugar terrível. — Não tem problema eu ficar?

— Você e sua mente de filme de terror de péssima qualidade. — Ele acusa rindo. — Se quiser pode dormir no quarto do Joshua, ele não se importaria. Ou levamos o colchão dele para o meu quarto e você dorme na cama e eu no chão.

Estou tentando decidir se ele está sendo fofo por se importar tanto ou se está sendo ridículo. Nós dormimos juntos ontem.

— Ou podemos dividir a cama. — Sugiro falando alto para dar ênfase a isso.

— Ou isso.

Roger parece satisfeito por eu dizer isso, mas acho que o conheço o suficiente para saber que se eu escolhesse as outras sugestões ele estaria bem com isso também. E mesmo tendo consciência que é obrigação de um homem respeitar uma mulher, é bom saber que eles ainda existem.

Não tive a chance de conhecer outro assim antes dele.

Subimos para o quarto minutos depois, eu olho pela janela movendo a cortina, encarando a rodovia onde poucos carros passam na rua entre as árvores.

— Devíamos ter ido dormir no apartamento. — Falo baixo enquanto Roger arruma a cama.

— Se eu soubesse que você tem medo eu teria te convencido a irmos.

Sou abraçada por trás e estou pronta para dizer que não tenho medo, mas os lábios dele em meu pescoço me distraem. É o suficiente para eu ficar ligada e meu corpo se tornar consciente do dele atrás de mim.

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora