-Me desculpe, John. Não queria tornar as coisas mais difíceis pra vocês.
-Em nenhum momento foi sua culpa.
-Você tem sido bom pra mim. Mas meu futuro é tão incerto e ando tão confusa. Não quero te trazer pro meio da minha confusão. Se não for pedir muito, vamos, por hora, manter tudo como está, sim?
John sorriu. Um daqueles sorrisos que poderia conquistar o mundo todo sob o comando estalado de seus dedos. Seu rosto, uma expressão que confundia-se entre descontração, mas também carregava um ar esnobe. Ele jamais daria o braço a torcer e entregar seu jogo, não é? O pouco tempo que o observara fora suficiente para começar a lhe desvendar em todas as artimanhas.
Aproximou-se lentamente, até estar desconfortavelmente próximo do meu ouvido. Me mexi um pouco, desconfortável por ter meu espaço pessoal violado, e vi instantaneamente o rosto dele iluminar-se em satisfação.-Deixa eu te contar uma coisa, Princesa. Não se preocupe em quebrar meu coração...
-É um alívio ouvir isso. Bom saber que não vamos agir estranho na presença um do outro pelo resto da semana.
O dedo indicador de sua mão esquerda tocou suavemente meu lábio enquanto ele sussurrava uma onomatopeia, pedindo silêncio.
-Não se pode quebrar o que você não tem.
Eu me incendiei. Ali mesmo, no hall de entrada da casa de John. Por fora, eu estava atônita, perplexa por suas palavras. Por baixo da pele, tantas emoções borbulhavam que era difícil acreditar que eu não as conseguisse demonstrar. Triunfante, ele sorriu mais uma vez, e continuou, em tom mais sério, mais centrado.
-Mas fora isso, quero que saiba que eu falo muito sério. Enquanto eu estiver aqui, quem tentar te machucar vai estar ruim nas minhas mãos.
Seus olhos brilhavam enquanto proferia as palavras, lúcido e convicto do que dizia.
-Obrigada, John. - ofereci-lhe um sorriso sincero.
-Agora, prometa que vai se comportar e não vai mexer nas minhas coisas!
-Sim, Senhor. - respondi sorrindo enquanto levantava minhas mãos com dedos cruzados para provocá-lo.
-Não estou brincando. Da próxima vez dou um tiro na sua perna boa. - disse tentando parecer sério, o que fez-me rir ainda mais.
-Para o seu desprazer, vou ter de ficar aqui por mais alguns dias. Então, acho que deveria me mostrar mais da sua vida, para me distrair de querer descobrir sozinha.
John riu, gargalhou como se eu lhe tivesse contado uma piada idiota de Toc-Toc. Permaneci firme e séria, curiosa para saber o motivo para que ele esboçasse tal reação.
-Alex, olha pra você.
-O que tem de errado comigo?
-Tommy investigou sobre a sua vida e colocou todo mundo a par de cada detalhe. - cruzei meus braços e arqueei a sobrancelha, esperando para ouvir.
-Alexandra Marie Mills, nascida em 16 de outubro de 1898. Cresceu com seu pai em uma mansão de Kesington. Estudou nas melhores escolas, compra das melhores roupas. Vivia bem, é boa e correta. Sem antecedentes criminais....blá blá blá.
-Ok, obrigada por me dar uma aula sobre a minha própria vida? - disparei, irritada com seu tom debochado.
-Amor, essa vida não é pra você. Está acostumada com o lado dos mocinhos. E isso, posso te assegurar, que não somos.
-Me dê uma chance. Você sabe que não tenho nada a perder.
-Seu pai não ficaria orgulhoso de ver a princesinha dele se envolvendo com os Shelby. - disse, fazendo-me revirar os olhos com aquele apelido tão odioso.
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Blind Love || John Shelby
FanfictionAlexandra Marie Mills era uma jovem que vivia confortavelmente em Londres até que, em uma esquina, o destino a expusesse a realidade das gangues inglesas que despontaram ao fim do século XIX e início do século XX. Mesmo que tal cenário sempre a espr...