-John, preciso que voltem imediatamente.
-Tommy, Alex ainda está machucada. Não posso arriscar.
Movida pela curiosidade naquela noite de domingo, adentrei o escritório de apostas bem quieta, fazendo menos barulho que um ratinho. Parei na porta entreaberta do escritório de Thomas para tentar descobrir com quem John falava ao telefone. Seu rosto estava voltado para a parede atrás da mesa, colocando-me fora do seu campo de visão.
-John, eu não estaria pedindo se não fosse de extrema urgência.
-Está me fazendo colocar a vida dela em risco pelos seus planos de novo. Quando você vai parar de usar as pessoas desse jeito, não somos seus fantoches!
-Providenciaremos maior segurança dessa vez, você tem a minha palavra. Mas preciso que estejam aqui antes do amanhecer.
John permaneceu em silêncio por um momento, pensativo.
-Ou o quê?
-John, uma guerra está prestes a estourar. Está nas mãos de vocês decidirem quem vai morrer.
-Guerra? Me explique isso.
Meus ouvidos aguçaram ainda mais quando ouvi a palavra "guerra" ser mencionada. O sangue congelara em minhas veias assim que entendi a possibilidade eminente de termos de voltar à Londres tão cedo. E se me capturassem de novo? Certamente já estava jurada de morte e minha cabeça sobre uma bandeja valia alto valor em dinheiro por ter matado um gângster tão influente e poderoso como Billy.
John suspirou e coçou os olhos, demonstrando estresse e impaciência.
-Ok, Tommy, estaremos aí ao amanhecer.
Com essas últimas palavras, ele colocou o telefone novamente no gancho bruscamente, soltando alguns palavrões, claramente irritado.
Hesitei em me aproximar enquanto o observava dar meia volta na mesa para encher um copo de whisky e sentar-se na cadeira de Tommy. Eu não estava escondida, mas ele ainda não havia me notado.
John bebeu todo o álcool em uma golada, limpando a boca com a manga da camisa. Suas expressões duras transpareciam o amargor dos sentimentos que possivelmente experimentava. Seus olhos estavam vermelhos, pupilas dilatadas, raivosos.
Inesperadamente, um ou dois dos objetos da mesa foram lançados ao chão e o copo de whisky recém esvaziado fora arremessado contra a parede da porta, alguns metros longe, fazendo-me estremecer e fechar os olhos reflexivamente para evitar os cacos que estilhaçaram-se, mas não chegaram suficientemente próximos de mim. Minha presença finalmente fora revelada.
-Alex, perdão, eu não notei você. Não queria...
Ele dizia com preocupação de que eu fugisse por um mal entendido, mas eu havia ouvido bastante para entender o acesso de raiva.
-Eu sei, John. Não se preocupe com isso. O que aconteceu? - interrompi.
Caminhei calmamente até ele, forçando minhas pernas bambas a moverem-se. Sentei-me em seu colo.
-Ouvi certo? Vamos ter de...voltar à Londres? - perguntei, sem evitar uma voz pausada e medrosa.
-Sim. Temos de partir hoje.
-O que aconteceu de tão grave?
Insisti na pergunta. John puxou bastante ar antes de ter minhas mãos nas suas e direcionar-me uma expressão séria. Tão séria que eu o estranhava daquela forma.
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Blind Love || John Shelby
FanfictionAlexandra Marie Mills era uma jovem que vivia confortavelmente em Londres até que, em uma esquina, o destino a expusesse a realidade das gangues inglesas que despontaram ao fim do século XIX e início do século XX. Mesmo que tal cenário sempre a espr...