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     Estava sentada em um dos sofás da recepção de uma clínica médica, Ada havia entrado na sala há algum tempo para realizar os exames que atestariam ou não uma possível gravidez. Polly desaprovou que eu tivesse saído de casa, o furo de bala em meu ombro não havia cicatrizado totalmente, mas eu estava me sentindo melhor e ninguém notaria os esparadrapos por baixo do meu casaco. Resolvi por conta cortar o uso de qualquer droga, a dor estava suportável e não me sentiria vertiginosa com os efeitos colaterais dos analgésicos.

     Aguardava impacientemente, sentada com as pernas cruzadas mexia meu pé de forma repetitiva e ritmada a fim de liberar a ansiedade enquanto folheava uma revista de moda qualquer, bem desinteressada. Alguns momentos depois ouvi a porta abrir-se e vi Ada saindo...de olhos marejados. Larguei a revista sobre a pilha de onde havia pego e corri em sua direção.

-Estou mesmo grávida, Alex. - disse sorrindo e deixando escorrer uma lágrima, a puxei para um abraço apertado.

-Isso é maravilhoso!

-Sim. Preciso avisar Freddie o mais rápido possível... - disse logo que nos separamos.

-Ok, uma coisa de cada vez.

-Eu estava assustada, mas agora me sinto tão feliz que parece que vou explodir.

-Isso é muito bom, Ada. Quero que saiba que tem o meu apoio para o que precisar.

-Obrigada por estar aqui comigo, Alex. Não sei nem como retribuir o favor.

-Não foi nada. Mas eu talvez saiba como..

-Como?

-Quero ser a madrinha! - Ada riu espontaneamente.

-Claro, claro! Você será, está combinado.

-Vamos, Michael está nos esperando aí fora para voltarmos para casa.

Demos a boa nova a Michael durante o caminho de volta. Ele havia passado a manhã extremamente irritado com o fato de sua mãe tê-lo proibido de ir a Londres com os rapazes. Contudo, de certa forma eu a apoiava, ele e Finn ainda eram muito novos para se meterem até o pescoço nesse tipo de coisa. Ainda sim, seria necessário ter os dois em Birmigham cuidando dos negócios da empresa.

Logo que estacionamos, Ada saltou do veículo em um piscar de olhos e correu para dentro da mansão Gray. Eu e Michael fomos em seu encalço, adentrando o hall de entrada segundos depois.

-Ele não me atende. - disse colocando o telefone de volta no gancho decepcionada.

-Daremos um jeito de contata-lo. - disse Michael colocando a mão sobre o ombro de Ada a fim de acalma-la.

-Sim, Ada. Não se preocupe tanto, vai tudo se acertar no tempo correto.

-Estou grávida, Alex! - disse mais uma vez sorrindo, estava radiante.

(...)

     Permaneci na casa de Polly até domingo após o almoço. Os dias passaram lentamente e os rapazes não haviam dado notícias, nem um telefonema sequer. A angústia de esperar por uma resposta estava me sufocando e o único jeito de me aliviar era sentando-me em frente ao enorme piano na sala principal da mansão Gray e dedilhar algumas canções nas teclas de marfim e ébano.

-Alexandra..

     Ouvi Michael me chamando e pulei de susto, interrompendo a 5° sinfonia de Beethoven do piano antes de vê-lo entrar pela porta.

Blind Love || John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora