-Viro à esquerda?
-Sim, depois é só seguir até o final da rua. Vá devagar e eu aviso quando for pra estacionar.
John, Charlotte e eu estávamos no carro; eu o estava guiando pelas ruas da cidade até nosso último ponto de parada antes de retornarmos à Birmigham.
Meus olhos abaixaram-se para admirar a criança em meus braços, bem acordada e esperta observando pela janela, ansiosa pelas novas cores e cheiros que o mundo lhe oferecia. Tão frágil, tão rara...não podia disfarçar o quão hipnotizada estava com aquele pequeno ser desde quando deixáramos os Solomons. Tudo nela parecia ter a dose certa de vulnerabilidade para despertar nas pessoas uma vontade de cuidar, amar e proteger.
Sorri abertamente com a cena antes de retornar minha atenção a John, senti que estava nos observando e o flagrei antes que desviasse o olhar para a rua, sorrindo pelo canto dos lábios, balançando a cabeça como se julgasse seus próprios pensamentos.
-O que é tão engraçado, Shelby? - perguntei em tom de brincadeira.
-Nada... - murmurou, bem humorado.
-Lottie e eu queremos saber! - insisti, apear de Lottie não ter o mínimo interesse no que estava acontecendo.
-Eu apenas me dei conta de tudo e pensei: Meu Deus, o que essa garota fez comigo? - disse após tirar o palito que mantinha entre seus lábios e atira-lo pela janela.
-Defina tudo, amor.
-Estamos casados há menos de 24h e já temos uma bebezinha. Foram 9 meses em um dia? Possivelmente um record.
-Bem, é estranho quando colocado desse jeito, mas é como se fosse. - admiti, rindo.
-Apesar disso, não estou reclamando. Ela é adorável, não é? Estou surpreso com o quanto está calma...quero dizer, somos praticamente estranhos.
-Você acha que as crianças vão aceitá-la bem?
-Sem dúvida. Até acho bom mantermos vista grossa, tenho certeza que Kate e Anna vão brigar pela bonequinha nova.
-Eu também brigaria, olhe bem pra esses olhinhos azuis... - disse acariciando a bochecha dela com as falanges.
-Bonita como eu e, com sorte, inteligente como você. Perfeito!
-Ei! Está admitindo que eu não sou bonita?
-Não, querida, de forma alguma. Apenas tenho pleno discernimento de que eu sou mais.
-Que absurdo! - exclamei, dando um leve tapinha em sua coxa em protesto.
John riu, inclinando seu corpo para a direita a fim de apoiar o braço preguiçosamente na janela, mantendo apenas um braço no volante para dirigir os últimos metros.
-Nós chegamos! É logo ali, a casa com a árvore na frente.
Anunciei, apontando com o dedo ao avistar um local familiar às lembranças. John estacionou bem em frente ao portão do imóvel e desligou o motor, saindo rapidamente e dando a volta no carro para me ajudar a descer. Tijolinhos à vista contrastando com as janelas brancas pintadas há menos de um ano atrás eram o par perfeito quando colocados ao lado de um jardim verdejante. A fachada da casa intacta, exatamente como eu me recordava dela. As luzes estavam acesas, as roseiras de mamãe que eu insistira em jamais deixar que morressem estavam bem cuidadas. Não me arrependera de pagar para Sra. Lewis, minha antiga vizinha, cuidar do imóvel na minha ausência.
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Blind Love || John Shelby
FanfictionAlexandra Marie Mills era uma jovem que vivia confortavelmente em Londres até que, em uma esquina, o destino a expusesse a realidade das gangues inglesas que despontaram ao fim do século XIX e início do século XX. Mesmo que tal cenário sempre a espr...