VII

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-JOHN!!

Ouvimos Arthur chamar antes de espancar a porta da frente. Katie acordou em um salto, logo escondendo seu rosto na volta do meu pescoço. John levantou-se e foi abrir a porta. Arthur , Thomas e Michael trovejaram para dentro da casa.

-John, precisamos resolver um problema.

-Agora?

-Já!

-Vamos, Alex! - disse John já vestindo seu casaco, antes dependurado num gancho perto da porta.

-John? Seus filhos estão acordados e a mais velha tem seis anos. Vai deixá-los sozinhos? - perguntei, levantando-me do sofá.

     Com certeza ele já havia deixado seus filhos sozinhos inúmeras vezes para atender aos interesses dos irmãos, mas isso era antes. Eu jamais o deixaria repetir aquilo até que Anna fosse velha o suficiente para cuidar plenamente dos irmãos.

-Merda. - murmurou.

-Fique aqui cuidando das crianças, Alexandra. Enquanto nós homens resolvemos o problema. - provocou Tommy, impaciente.

-Não mesmo! - exclamei, irritada com a insinuação machista.

Coloquei Kate no chão na companhia de seus outros três irmãos, mas a menina foi rápida em ir prender-se às pernas do pai.

-Vamos, mandarei Ada vir cuidar deles. - sugeriu Arthur.

-Ada? Ada Shelby? Minha irmã? - perguntou John rindo como se lhe tivessem contado uma piada.

- Não podemos estar falando da mesma pessoa.

-Onde fica seu telefone? - perguntou Tommy.

-No corredor, aos pés da escada. - respondeu John.

     Fomos todos ficar por perto para ouvir a conversa. A telefonista transferiu e Ada o atendeu, uma voz masculina falava ao fundo.

*
-Ada? É o Tommy.
-O que você quer?
-Venha para a casa do John, agora.
-E por que eu faria isso?
-Agora, Ada. Lembre-se da trégua que estou dando ao seu namorado agitador comunista.
-Vá se foder, Tommy.
*

-Ela vai vir. - disse desligando.

     Katie começou a chorar, John a pegou no colo e caminhou até o sofá para acalmá-lá enquanto eu buscava uma mamadeira com leite. Provavelmente estaria com fome, já era final da manhã.

Entreguei a mamadeira nas pequeninas mãos de Katie e ela finalmente se acalmou, deitada no sofá olhando fixamente para os olhos do pai, que a observava sorrindo novamente.

️Sem mais atrasos, chamei as outras crianças e disse para comportarem-se até que Ada estivesse ali. Jack prontificou-se em manter tudo em ordem, arrancando sorrisos de seus tios, geralmente tão sérios.

     Peguei uma arma de uma gaveta alta da cômoda e enfiei no bolso interno do meu sobretudo juntamente com mais munição. Em pouco tempo, eu e John deixamos o imóvel atrás de seus irmãos e primo.

     Entramos no carro de Arthur e ele dirigiu loucamente até o Garrison. Tive a impressão de ver Ada dobrando a esquina para a Watery Lane, irritada. Apesar disso, me acalmei sobre deixar as crianças a sós.

Assim que chegamos ao local, estranhei a fachada toda destruída e carbonizada pela explosão do dia anterior, apesar de nunca te-la visto antes. John conseguira me manter longe dali durante a semana.

     Entramos pelo que restara da porta da frente, o interior estava empoeirado, cacos de vidro das janelas e garrafas quebradas estavam no chão.

Blind Love || John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora