VIII

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-Alexandra!

     Michael voltou para trás, ajoelhando-se ao meu lado e retirando um canivete de seu bolso para poder cortar meu sobretudo e visualizar o ferimento. Estremeci ao sentir as pontinhas do tecido queimadas pela bala descolando da pele.

Tiros ainda estavam sendo disparados fora do pub. Minha mente dividia-se entre suportar a dor intensa em meu braço e rezar para que nenhum dos rapazes morresse. Meu coração estava disparado, ocasionando que o sangue escorresse um pouco mais do que deveria. Gemia de dor aos soluços enquanto lágrimas me escorriam quase sem pausa.

-Parece estar alojado na clavícula. - disse o rapaz enquanto cortava um pedaço do casaco rasgado.

-Michael...você consegue tirar? - perguntei, apertando os dentes pela dor.

-Não, Alex. Vamos te levar ao St. Luke's. Segure isso em cima e aperte.

     Disse me dando tecido para estancar o sangramento.

-Vai ficar bem, você precisa se acalmar e tente não se mexer. - assenti.

     Michael meteu a mão dentro do casaco até retirar um pequeno cantil prateado.

-O que é isso?

-Whisky. Vai te ajudar a esquecer um pouco a dor. - disse desatarraxando a tampa e me dando de beber alguns bons goles.

     Agradeci apenas com o olhar. Michael sorriu fracamente e levantou-se. Vi John cruzar a porta, chutando um banco para fora de seu caminho e jogando a pistola sobre uma das mesas. Estava coberto em sangue, nas roupas, no pescoço e escorrendo de seu nariz. Abri a boca em choque enquanto ele vinha em minha direção.

-Está ferido? - murmurei entre lágrimas.

-Não, estou bem. - respondeu rapidamente para me acalmar e ajoelhando-se ao meu lado no chão.

-Michael, ligue o carro. Já estamos indo.

O rapaz assentiu e saiu pela porta prontamente. John me levantou do chão, e sentou-me em uma cadeira que estava por perto. Reprimi um grito agonizante de escapar por meus lábios.

-O que aqueles filhos da puta fizeram com você...

John rasgou a barra de sua camisa, um pequeno pedaço ainda não alvejado em vermelho para substituir o que Michael me dera. Quando me dei conta, o trapo de tecido que eu estava segurando para estancar o furo de bala já estava empapado em sangue no chão.

-Está perdendo muito sangue, temos que ir agora.

     Mais uma vez, ele me levantou em seus braços e rapidamente caminhou para fora. Algumas pessoas observavam a confusão curiosas. Michael ergueu a pistola para fora da janela do carro, dando dois tiros para cima que dispersaram todos em segundos.

     Me colocaram deitada no banco de trás com a cabeça apoiada no colo de John. Eu já mal ouvia qualquer palavra dita, estava totalmente imersa na dor.

-Alex, não se atreva a fechar os olhos. Me entendeu? - ouvia a voz cada vez mais longe.

    Uma dor mais aguda transpassou meu braço repentinamente, irradiou pelo peito. Arfei por mais oxigênio. John gritava algo que não conseguia mais ouvir a Michael, senti meu rosto mais molhado. Ele estava chorando.

     Manchas começaram a borrar minha visão, as pálpebras estavam muito pesadas para permanecerem abertas.

-Não feche os olhos, por favor!

     E tudo tornou-se preto.
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.
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(...)

     Despertei devagar de um sono tão profundo que não me lembrava de nada antes de estarmos no Garrison e eu ter sido baleada por Billy Walker. Tentei me mover na cama, mas senti uma vertigem logo que minha cabeça elevou-se do travesseiro e uma dor repentina em meu ombro esquerdo, que estava cheio de esparadrapos e ataduras.

Blind Love || John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora