XVII

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Algumas horas antes...

Ainda no jardim da mansão Solomons, dois dos Shelby agitavam-se. Arthur havia deixado a casa com Alfie e mais homens a fim de conseguir achar rastros de Billy por Londres. As expressões no rosto de Tommy transpareciam a velocidade com que sua mente funcionava, era quase como se seus pensamentos pudessem ser ouvidos. Estava trabalhando ao máximo para arrumar uma solução, lúcida ou insana, para o que acabara de acontecer. Porém, a cada alguns poucos minutos, distraía-se com seu irmão quebrando coisas ao redor.

-JOHN! JÁ DISSE PRA FICAR CALMO! - gritou incomodado.

-ELE A LEVOU, TOMMY! PRA DEUS SABE ONDE! - o mais novo respondeu, sem parar de mover-se rapidamente de um lado para o outro.

-John.

Tommy caminhou em direção ao irmão, puxando-o pelo braço e segurando seu rosto com as duas mãos, impedindo-o de olhar para qualquer lugar que não fosse ele próprio. Olhos nos olhos, os do mais novo ardiam como fogo para conterem lágrimas cheias de ódio de escorrerem. Em contrapartida, os do mais velhos permaneciam secos de lágrimas e sóbrios. Duas partes de uma antítese, um, sentia demais, o outro, de menos. Olhos azuis de mar revolto contra os de maré calma.

-Vamos resolver isso, apenas me dê um tempo. Vamos tentar negociar com o Billy, estou certo de que ele irá ceder pela quantia certa...

-Você vai tentar compra-la de volta? Como um pedaço de carne? Esse é o seu plano?

Tommy revirou os olhos.

-Se não gosta das minhas ideias, sugiro que me apareça com mais das suas.

-Eu não quero pensar. Não quero ter ideias. Quero enfiar uma faca na garganta daquele filho da puta e rasgar até o final  da barriga. Que tal isso, eh?

-Eu ficaria extremamente satisfeito em te deixar fazer isso, irmão. Mas infelizmente ainda não é a hora. - disse Tommy, tirando mais um cigarro do bolso e o acendendo com um palito de fósforo.

-Eu sabia desde o início que essa garota ia ser a minha morte. Tentei fazer com que ela não viesse, mas é tão teimosa..

-Você estaria casado.

-Sim, mas ao menos ela estaria segura.

Murmurou o Shelby mais jovem, frustrado, sentando-se em uma das poucas cadeiras remanescentes em frente ao altar. As outras, junto com vasos de flores, haviam sido brutalmente espalhadas pela grama com sua raiva descontida.

-Ela deve estar assustada...

John resmungava, tendo as piores visões dançando em sua mente a perturba-lo. Afundou o rosto nas palmas das mãos, esfregando os olhos e bufando.

-Alexandra não é tão frágil assim. - constatou Tommy, exalando a fumaça de seu cigarro calmamente.

-Ela pode ser boa com as armas, Tommy. Mas sem uma, ela é uma mulher normal. Se algo acontecer eu nunca vou me perdoar.

-Não a subestime, já fizemos isso antes.

-Eu estou dizendo a realidade! Desde quando você se tornou tão otimista?

Thomas apenas balançou a cabeça desaprovando o comportamento explosivo e impulsivo do irmão antes de soltar fumaça para cima, prestes a falar.

-O que mais me intriga é que Walker não está trabalhando sozinho. Alguém está entregando cada um dos nossos movimentos antecipadamente pra ele.

-Você tem algum nome em mente, Tommy?

-Não, mas quando eu descobrir, essa pessoa vai sentir o cano da minha arma na testa antes de morrer. Traidores não tem finais felizes.

Blind Love || John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora