Hurt

317 30 10
                                    


Capítulo Três: Hurt

"O que eu me tornei
Minha mais doce amiga?
Todos que eu conheço vão embora
No final

E você poderia ter isso tudo
Meu império de sujeira
Eu te desapontarei
Eu te machucarei

Eu uso essa coroa de espinhos
Sobre meu trono de mentiras
Cheio de pensamentos quebrados
Que eu não posso consertar

Sob as manchas do tempo
Os sentimentos desaparecem
Você é outra pessoa
Eu ainda estou bem aqui."

- Hurt, Johnny Cash

Damon Salvatore POV
NYC, New York – EUA

Ouço um som estridente ao longe.

Respiro fundo, mas o barulho insuportável continua a interromper a serenidade do meu sono e isso me obriga a abrir minhas pálpebras. Tenho ciência que estou deitado no sofá, mas o que me chama atenção é a garrafa de uísque pela metade com a tampa aberta e o meu celular ao lado.

Droga! Isso não era um bom sinal.

Mas, o barulho estridente continuava e agora levemente desperto consigo perceber que é a campainha tocando. Resmungo ao tentar levantar meu corpo, que agora parece pesar uma tonelada. Enquanto, tento caminhar até a porta sinto meus ossos estralarem e entendo que além da ressaca terei uma bela dor no corpo. Infelizmente, quando se chega à casa dos trinta não se pode beber como se tivesse dezoito anos mais.

Abro a porta de supetão e tenho ali a imagem de tudo o que eu mais amava e odiava no mundo: Villanelle – minha vice-presidente, amiga e companheira de copo.

- Você está atrasado. – ela resmunga, me empurra com seu ombro e adentra ao apartamento. Villanelle observa o espaço, mas seu foco vai direto a garrafa de uísque – dormiu no sofá novamente? Você está fedendo a álcool.

Não digo nada, apenas aproximo-me da loira e a abraço. Sinto ali um perfume de rosas, misturado com atitude e esforço suficiente para bater em dez homens. Tive que me abaixar um pouco para descansar a cabeça em seu ombro, já que minha amiga não passava dos 1,65m de altura. Villanelle apenas me abraçou de volta, ouço um muxoxo seu, mas nem me prontifico a implicar.

- Você ligou para ela? – Villanelle indaga. Afasto-me um pouco, e tento desviar o olhar, mas minha amiga continua me observando a espera de uma resposta e por isto volto-me a fitar suas írises marrons com um leve verde-musgo nas extremidades. Meu silêncio diz tudo. – Ahhh Damon!

Dou de ombros.

- Vamos tomar café. Estou faminto e preciso de aspirinas. – digo na tentativa de mudar de assunto. Villanelle assente a minha sugestão. Pego meu celular e minha carteira que estava na mesa de centro. Eu e ela deixamos o prédio e fomos caminhando até uma cafeteria próxima ao meu apartamento. Era um local arejado e agradável. Costumava levar Elena ali também. Reprimo este pensamento e volto a observar Villanelle que pedia um frappuccino, enquanto eu optava por um café sem açúcar.

Ficamos nas mesas instaladas na calçada e pude sentir os raios solares da manhã em minha pele. Era uma boa amostra de estar vivo e de cogitar que o álcool esteja saindo por meus poros. Em dias passados suporia a ideia de beber mais para esquecer a ressaca presente, mas agora esta opção está fora de cogitação. Mesmo observando o tráfego e as pessoas que passavam por ali, pude sentir o olhar de Villanelle sob mim.

- O que foi? Pare de me julgar. – resmungo.

- Estou te julgando, porque você só faz besteira. – ela me exibe um sorriso sarcástico.

Love Under RubbleOnde histórias criam vida. Descubra agora