XO

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Capítulo Quatorze: XO

"Os controladores de voo avaliam com cuidado a situação
Obviamente a pane foi grande

O seu amor brilha como sempre
Até mesmo nas sombras
Querido, me beije
Antes que apaguem as luzes
O seu coração está reluzente
E eu estou indo ao seu encontro com tudo
Querido, me beije
Antes que apaguem as luzes
Antes que apaguem as luzes
Querido, me ame com as luzes apagadas

Na hora mais escura da noite
Eu procuro no meio da multidão
O seu rosto é tudo o que eu vejo
Eu darei tudo a você
Querido, me ame com as luzes apagadas".

- XO, Beyoncé.

Elena Gilbert
NYC, New York – EUA

Observo Marcel bater a massa de bolo manualmente, em sua frente o Ipad está ligado e exibe uma receita de bolo de framboesa. Meu amigo está empenhado em cozinhar, coisa que raramente acontecia. Para ser sincera, nenhum de nós três é fã de cozinha. Durante a semana mal ficamos em casa para almoçar, nos fins de semana sempre nos redemos ao delivery e nos feriados Caroline se prontifica a não nos deixar morrer de fome. Minhas melhores lembranças deste apartamento é o dia de ação de graça do nosso primeiro ano juntos. Foi um desastre, porém incrivelmente bom.

- Tem certeza que vai se sair bem? – pergunto.

Marcel me encara e ergue a sobrancelha. Meu melhor amigo é um ator britânico, extremamente amoroso e gentil. Só peca quando seu quarto se torna uma zona de guerra por tamanha bagunça. O Gerard veio do sul da Inglaterra, de uma família preconceituosa e miúda. Apesar dos vários filmes que fez, campanhas publicitárias e ONG's que apoia, nada conseguiu modificar o pensamento de seus pais a respeito de sua orientação sexual. O que é uma pena, pois eles perdiam a companhia de um filho dedicado, mas não abriam mão da filha problemática e criminosa, que também possuíam, mas ela se tornava aceitável por ser heterossexual.

- Eu preciso me sair bem. – ele murmura.

- Vai convidar alguém para jantar? – volto a perguntar. Estou sentada em um dos bancos elevados da ilha, enquanto meu amigo está de frente para mim. A cozinha está levemente bagunçada, além do bolo, Marcel também tentava preparar cordeiro assado.

- Sim. Conheci alguém. – meu amigo volta a responder, agora levemente impaciente. – Você poderia largar um pouco o celular e vir me ajudar, que tal?

Olho para o meu aparelho celular, que exibia uma matéria extremamente maldosa sobre o meu desempenho no filme que contraceno com Margot Robbie e Jeremy Sullivan. Era uma crítica especializada em cinema, que sempre possuía acesso aos materiais antes de sua estreia. Eu particularmente a detestava, mas aparentemente Martha Willians recebia bastante acessos em seu blogger; e o material deste post se baseava a elogiar a direção, produção, roteiro, efeitos visuais, fotografia, trilha sonora, atuação de Margot e Jeremy, contudo apontar e ridicularizar a minha performance em cena.

- Estou lendo uma crítica ao filme, - resmungo – e aparentemente os comentários são concordando com a Martha Willians. Ninguém gostou da minha atuação.

Marcel para de bater a massa e me fita compassivo.

- Eu odeio essa mulher! Ela é sempre elogiada por suas críticas nem um pouco construtivas. – diz – Mas, você acha que isso irá influenciar na forma que as pessoas vão receber o filme? Ou até mesmo a academia de premiações?

Dou de ombros e largo o celular.

- Sinceramente, eu não sei. Isso me mata, pois neste projeto eu estava me empenhando totalmente, muito mais do que os outros. Aceitei um projeto de uma diretora que já ganhou um Oscar, até a Margot já ganhou também. O Jeremy foi indicado ano retrasado, e imaginei que isso bastaria para chamar atenção do público e da academia para que eu ganhasse meu sonhado Oscar. – resmungo.

Love Under RubbleOnde histórias criam vida. Descubra agora