Wild Horses

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Capítulo Trinta e Seis: Wild Horses

"Eu assisti você sofrer uma dor lancinante
Agora você decidiu me mostrar o mesmo
Nenhuma saída ligeira ou falas nos bastidores
Podem me fazer sentir amargurado ou lhe tratar com grosseria

Cavalos selvagens não conseguiriam me levar embora
Selvagens, cavalos selvagens não conseguiriam me levar embora

Eu sei que eu sonhei para você um pecado e uma mentira
Eu tenho minha liberdade, mas não tenho muito tempo
Fé foi quebrada, lágrimas precisam ser choradas
Vamos viver algo depois de morrermos

Cavalos selvagens não conseguiriam me levar embora
Selvagens, cavalos selvagens não conseguiram me levar embora".

- Wild Horses, The Rolling Stones

Elena Gilbert POV
Filadélfia, Pensilvânia – EUA

Observo o quarto em silêncio.

Ali era uma pequena mostra de um Damon adolescente, que eu nunca conheci; é um cômodo pequeno, paredes de cor amarelo areia, uma cama de solteiro, mesinhas de cabeceira e uma escrivaninha. Há uma pilha de livros e um violão esquecido no canto do quarto. Há pôsteres de bandas de rock nas paredes e uma janela pequena com cortinas escuras. Aquele cômodo mais parecia com um refúgio.

Estar na casa que Damon nasceu e cresceu me coloca em reflexão que há um período da vida dele, que mal conheço; já que este nunca fora muito de falar sobre. Mal conversávamos a respeito de nossa família, afinal ele conhecia o único familiar importante para mim, minha tia Jenna. E eu convivia com Stefan. Acredito que esta falta de pertencimento a um contexto familiar aproximou Damon e eu, e com o tempo desenvolvemos uma rede solidificada de amigos para a substituição de certas mazelas.

Quando conheci a Davina Claire, ela era apenas uma médica que este em um momento muito delicado da minha vida e sete meses depois a reencontro como a ex-namorada de Damon. Fora muito para se processar, afinal as ironias do destino são extremamente amargas. Mal consigo pensar em como era a vida de Damon ao lado daquela mulher, e como fora para terminar o seu namoro, quando me conheceu. Me xingo internamente por não me sentir culpada, porém, também sinto irritação por ele nunca ter me contado sobre a existência dela. Afinal, um noivado não é magicamente apagado da mente.

Contudo, não tive tempo para reclamar com eles sobre estes detalhes, já que ontem pela manhã acordei com a notícia de que seu pai havia sofrido um acidente. O pouco que Damon falava sobre a família, deu para entender que a relação que possuía com Giuseppe não era a das melhores. Mas, ele não perdia tempo desabafando sobre os maus momentos ao lado do pai, apenas seguia em frente. Sobretudo, agora após a morte de Giuseppe imagino que algo tenha mudado em Damon.

Levanto-me da cama que dividi com ele esta noite; quando Stefan, Amanda e eu voltamos para o hospital no fim da tarde, não encontramos Damon na recepção e ele também não atendia o celular. Quando Stefan foi buscar informações com a recepcionista, ela informou que Giuseppe Salvatore havia falecido a poucas horas. Meu amigo se desesperou, e eu sai feito uma louca a procurar Damon por aquele hospital enorme. Depois de alguns longos e inquietantes minutos, o encontrei na capela do hospital – de joelhos, com o rosto vermelho coberto por lágrimas e sussurrando para si mesmo.

Aquela cena me congelou por completo, afinal Damon nunca fora do tipo de homem religioso ou crente em divindades. Mas, vê-lo ali sozinho e tão indigente feriu meu coração também. Então, eu me sentei ao seu lado e me mantive em silêncio, em uma tentativa de lhe dar suporte. Quando saímos do hospital e voltamos para a casa dos Salvatore, Damon estava extremamente calado, não comeu nada e apenas tomou um banho e se deitou em sua cama. Stefan também não estava receptivo a palavras, mas Amanda permaneceu a seu lado. Eu apenas subi para o quarto de Damon e me deitei com ele na cama – o envolvi em meus braços e tentei transformar meu colo em seu refúgio.

Love Under RubbleOnde histórias criam vida. Descubra agora