2 - Entre nós e os outros

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Antes

Bonnie tinha saído ás pressas para a Filadélfia atendendo ao chamado urgente de Elena Gilbert e ao retornar naquela tarde estava tão retraída num silencioso estado de tristeza que chegava a ser insuportável, ela tinha oferecido sorrisos largos e gargalhadas estridentes que beirava á uma crise de choro. Tinha brigado com Stefan, Caroline e Enzo cheia de raiva reprimida ao telefone, tinha chorado angustiada e agora sobrava só um casulo de... nada.

Não conseguia mais sentir nada além, nem o gosto do uísque que devia descer queimando sua garganta. Estava tão vazia daquela piedade que tinha a levado á ser cruel com seus amigos, da raiva que a fizera chorar e da culpa irracional que a encheu de certeza que ainda estava sendo punida por quebrar as regras... Tinha passado tempo demais encarando o abismo e resolveu pular só para descobrir que era leve como pluma e podia ser levada pelo vento incapaz de controlar a direção.

- O que aconteceu na Filadélfia?

Ela ergueu os olhos para o híbrido que tinha se convidado á compartilhar a mesa com ela fazia vinte minutos. Tinha optado por ignorá-lo, fingir que estava flutuando naquele labirinto neutro onde a realidade não podia tocá-la, onde não possuía domínio sobre si, onde era livre. Ia mentir para ele? Devia? Seria uma perda de tempo mentir, sacudiu os ombros numa atitude rebelde e recostou-se na cadeira encarando seu par como um adversário em um jogo de piscar – ao menos pensou estar fazendo isso, por que não moveu um músculo desde que ergueu os olhos.

- O filho de Elena, Jeremy, que nasceu uns dias, ele herdou a capa da invisibilidade que dei para Elena que ficou histérica sem entender o que significava e me ligou – e murmurou para si mesma, alto demais – Cretina estúpida.

- Você deu uma capa da invisibilidade para Elena?

A bruxa olhou para o teto com impaciência.

- Não seja mundano. Eu dei para ela um presente, um feitiço proibido que a torna invisível para o mundo sobrenatural, uma linha de lápis-lazúli no antebraço, proteção ilimitada. Ela é uma duplicata e tem a cura correndo nas veias. O bebê Jeremy herdou isso, a proteção e um vestígio sanguíneo da cura. Suspeito que toda a linhagem de Elena vá herdar esse traço o que me faz perguntar sobre a chance de um dia aparecer outra duplicata ou duas, por que Damon sendo irmão de Stefan também é descendente de Silas. Oh! Meu Senhor, eu fiz besteira, das grandes.

Ela puxou os cabelos com força e recostou a fronte no tampo frio da mesa murmurando pragas contra "as malditas regras que ninguém pensou em comentar que ia destruir sua vida se quebrasse uma delas".

- Damon também tomou a cura? – a pergunta de Klaus chamou sua atenção, ela esticou a mão para a garrafa, ele foi mais rápido e tirou do seu alcance – Primeiro conversamos, depois você pode beber até esquecer seu próprio nome.

Bonnie estreitou os olhos, não estava bêbada. Tinha invadido o Mystic Grill, um toque de magia e entrou no bar sem nenhum problema. Serviu-se de uísque por que era a única coisa alcóolica que ela já tinha bebido além de vinho e no momento era a opção mais forte ao seu alcance. Tinha bebido um copo apenas quando o intrometido entrou e sentou com ela. Não estava bêbada. Sacudiu a cabeça e recostou os cotovelos na mesa.

- Damon também tem olhos azuis, são mais escuros que os seus – ela disse ligeiramente distraída ao pensar que o bebê Jeremy tinha olhos castanhos como da mãe.

Klaus deu um suspiro de impaciente frustação. Estava passando pelo bar quando ouviu a voz dela cantarolando algo que ele já tinha a ouvido cantar para Faith, só entrou para verificar que a mãe de sua filha não estava fazendo nada perigoso para si e agora estava a ouvindo comparar seus olhos com os de Damon Salvatore. Decidiu deixa-la se afogar em sua própria melancolia regada á uísque, estava saindo quando ela esclareceu:

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