22 - Ação

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Irlanda, século II Antes da Era Comum.

Os olhos díspares de Maeve McCullough estavam fixos na criatura de lama que tinha moldado com a terra banhada pelo sangue derramado de sua família no ataque dos inimigos e dotado com magia, não a magia que sua gente usava, a benigna com propósitos de curar e proteger, ela usou outra magia, aquela que em seu desespero ao encontrar sua casa destruída e sua aldeia manchada de sangue despertou dentro dela sede de vingança, a magia sussurrada pela brisa amornada das chamas da pira que ela com ajuda de suas duas pequenas sobrinhas ergueu para cremar sua gente. Magia negra, magia proibida, magia antiga que traria caos ao mundo dos mortais.

- Minha vingança, eu nomeio-te, Malivore – pronunciou a sentença que despertou sua criatura de sangue e fúria.

A pequena criatura que não atingia um metro de altura abriu os olhos ocos e no mesmo momento Maeve caiu morta, o preço por sua vingança era sua alma e de todos que viessem depois dela á despertar Malivore com desejos vingativos. A bruxa sabia que tinha criado um monstro e não só lamentava que não poderia ver os culpados pelo massacre de sua gente morrendo em vida, mas acompanharia a destruição deles, nem que fosse do inferno.

Gales, século VI da Era Comum.

O Grande Rei olhava a prisioneira que se mantinha altiva como se ainda fosse detentora dos títulos que outrora causava admiração, não mais, ela não passava de uma bruxa má e como tal seria punida pelo crime contra seu reino.

A culpa era dele, algo doído em seu coração em frangalhos o dizia, ele era o único culpado pela destruição de seu povo. Culpa do Grande Rei apaixonado que tentou contra seu mais querido amigo por culpa da beleza de uma criatura vil que amava apenas a si mesma. Cego por suas emoções o Rei compactuou com forças desconhecidas, ansiou por vingança e libertou um monstro incontrolável.

E tudo isso para que? Ele ainda estava procurando a resposta dessa questão.

- Morgana sua execução acontecerá agora, ajoelhe-se – ela nem se moveu – Você trouxe o mau para este reino, você e sua magia...

- Eu? – Morgana gritou – Você quem libertou o Inominável, a culpa do fim de seu reino é apenas seu.

- Atreve a contar mentiras? Todos viram você controlando aquela criatura.

- Foi seu desejo mesquinho de vingança que alimentou a criatura, tu quem o invocou, quem derramou sangue inocente enquanto estava tomado por ódio e desprezo. Aceite as consequências de seus atos, majestade.

- Eu jamais derramei sangue de um inocente – o Grande Rei se ofendeu.

- Derramou o sangue de Lancelot – a bruxa lembrou-o com raiva.

O rei riu com escárnio.

- Inocente? Aquele traidor? Ele se deitou com a meretriz – apontou para a pintura da mulher com quem foi casado – A morte foi merecida.

- Que culpa ele teve em se apaixonar por tua mulher? Depois que a fez sua diante de todos os reinos a abandonou, ela encontrou nos braços de seu leal cavaleiro o calor que você lhe negava, de quem é a culpa?

- Chega! Ajoelhe-se.

- Tens razão, chega disto – Morgana Le Fay assumiu uma postura solene – Após breve audiência concluo que o Grande Rei não é digno da verdade.

A Excalibur voou da mão do Rei fazendo um circulo no ar e quebrando as correntes que, em teoria, aprisionava Morgana.

Alguns metros de distancia do reino, sobre um garanhão castanho, um bruxo rebelde nomeado cavaleiro observava o castelo imponente de Camelot ruir, o feitiço de Morgana estava em ação e em poucos minutos aquele reino seria reduzido á lenda. Modred cobriu a estatueta de barro e escondeu-o sobre a capa. Era inacreditável a quantidade de bagunça que seu gêmeo estúpido tinha causado por que descobriu que a mulher se deitava com aquele que ele chamava de melhor amigo.

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