11 - Ascensão e Queda

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Nora veio falar com ela minutos depois de terem a ligado á Valerie, quando trouxe uma porção de sangue para alimentá-la, sangue de gato para seu horror. Mas depois de ficar presa com verbena, faminta e cansada pelas pequenas demonstrações de insanidade de uma louca que não se importava em se cortar e quebrar desde que outra pessoa compartilhasse de sua dor, sangue de gato parecia tão apetitoso quanto um humano com jugular exposto á suas presas.

- Você vai ficar bem, não se preocupe – Nora teve a ousadia de dizer a olhando nos olhos.

- Você é louca, eu vou matar você sua vadia desgraçada – Caroline xingou furiosa demais para conter os palavrões – Você vai se arrepender de ter me enganado.

Nora enfiou uma ameixa na boca da vampira que ameaçava tentando se soltar, Caroline parou de lutar para cuspir a fruta, e Nora se aproveitou desse segundo para contar:

- Estou tentando salvar você e seu namorado – Caroline piscou surpresa, logo desconfiada.

- E por que eu acreditaria em você?

- Por que no momento sou sua única chance de sobreviver... Não questione nem discuta, só ouça e obedeça – ela continuou em voz baixa, os vampiros tinham saído, mas não confiava nos humanos que podiam estar ouvindo atrás das portas – Da próxima vez que acordar não importa o que ouça ou sinta, não faça nada. Entendeu?

- O que?

- Finja-se de morta. Eu tenho um plano.

Antes que pudesse questionar a bruxa, teve o pescoço quebrado e quando acordou estava na suíte de Stefan. Não estava mais amarrada, mas preferiu esperar ouvindo com atenção o que acontecia do lado de fora, torcendo para que Nora não fosse uma sádica que gostava de ofertar esperança para destruir depois.

Valérie nem viu o ataque. Estava explicando para Stefan que naquele momento Julian e seu exército de vampiros estava tomando a cidade, matando todos aqueles que não se curvassem á sua vontade e superioridade. Então estava em chamas.

Ela tinha dispensado as bruxas e Beau, mas seu amigo teimoso quis ficar com ela até o fim, ele conhecia seu plano, sabia que ela não planejava sair daquilo com vida, por que no momento em que colocou Mystic Falls nos seus jogos, ela sabia que estava entrando na mira de inimigos contra quais não teria a menor chance. Mas antes da queda, a ascensão.

Ali estava ela no seu momento de glória vendo o terror, o desespero, a fúria nos olhos lindos de Stefan ao saber que sua gente humana e fraca estava sendo devorada por inimigos que ele não podia combater no momento, que sua amada namorada estava ligada á inimiga á sua frente por um feitiço que o impossibilitava de arranca seu coração como desejava por que se o fizesse matava Caroline também.

Ele tinha que escolher. Caroline ou a cidade. A melhor parte era que não importava a escolha que ele fizesse, no fim perderia. Pretendia se matar, no fim ele continuaria preso na cidade com vampiros violentos subjugando os humanos e Caroline estaria morta. Em pouco tempo Mystic Falls seria uma cidade fantasma de onde sobrenaturais não poderia sair ou entrar, onde se algum humano fosse tolo em entrar viraria vitima de algum monstro noturno sedento de sangue. Não que ela tivesse contado essa parte de sua estratégia para ele.

- Escolha Stefan. Me mate e o ataque de Julian será interrompido, ele e os outros sairão de sua cidade. Escolha Caroline, vocês dois poderão sair da cidade em segurança. É apenas um joguinho de escolha e consequência.

E pegou fogo.

A garrafa atingiu a lateral de sua cabeça com força e o liquido inflamável espalhou por seu corpo acompanhado pelo fogo. O grito desesperado dela tirou os dois vampiros que tinham ficado estáticos diante do ataque. Stefan olhou da ex-amante que morria queimada na sua frente sem conseguir deter o avanço do fogo para a namorada que parecia não acreditar no que ela mesma tinha feito.

Caroline estava com os olhos arregalados e a mão ligeiramente erguida, como se tivesse congelado no momento em que arremessou o coquetel Molotov na vampira mais velha. Ela estava intacta, sem nenhum dano aparente além dos cabelos bagunçados e uma mancha de sangue seco na blusa amarela. A tal ligação das bruxas entre as vampiras devia ter falhado, por que Caroline não estava agonizando em uma morte por fogo, nem mesmo uma queimadura na pele perfeita.

Beau também olhou de uma para a outra, e como sabia que não era possível salvar Valérie que numa tentativa inútil de conter o fogo tinha caído no chão e rolado, agora tinha perdido a batalha para as chamas que a consumia de modo rápido. O vampiro atacou a outra vampira, a que devia estar desacordada lá em cima, que devia estar morrendo do mesmo modo que sua amiga. Caroline reagiu devagar demais, ela tinha ficado horrorizada com a cena da vampira em chamas que notou o ataque tarde demais, não conseguiu se soltar quando foi erguida no ar, as pernas chutaram á esmo e sentiu o cheiro do sangue. Beau não estava a estrangulando, estava a decepando.

Stefan se encheu de fúria ao vê-la sangrar e se moveu tão rápido que Beau quase não foi capaz de interceptar o golpe, conseguiu apenas por que largou Caroline sobre Stefan, no momento seguinte desaparecia porta á fora. Stefan tinha a prioridade de curar a vampe loira que quase tinha perdido a cabeça – de modo literal – ele deu seu sangue para ela, a preferencia por sangue humano fresco não era viável no momento, ela precisava de sangue logo e ele era a única fonte na ocasião.

Caroline sentia a pele se regenerando devagar, se Beau tivesse apertado seu pescoço por mais uns vinte segundos ela sabia que a cabeça teria sido removida. O sangue de Stefan ajudou, não como o sangue de um humano teria feito, mas sangue era sangue. O namorado a avaliou preocupado quando viu a pele curada, o rosto estava borrado pelas lágrimas que lavaram os resquícios de maquiagem. A abraçou com ternura.

O alivio o preencheu, ela estava bem. Ali, com ela em seus braços deitada no chão como se estivesse na mais macia dos lençóis de seda o olhando com tanta ternura que fazia doer o peito de paixão, ele decidiu. Não havia ocasião melhor para fazer que aquele, não podia ficar esperando por um momento mais perfeito por que não era capaz de imaginar um dia em que eles não estivessem lutando por suas vidas.

- Casa comigo?

Caroline piscou. Estava admirando o quão lindo era o homem da sua vida com ela nos braços enquanto tinham acabado de lutar contra seus inimigos e ele fez a pergunta dos sonhos, foi real? Stefan tinha mesmo dito aquilo ou era mais uma de suas fantasias sexuais e logo ele estaria tirando a roupa de noivo diante do altar? Ela tinha algumas fantasias que a fazia se sentir uma ninfomaníaca quando lhe vinha em momentos inapropriados, como quando Stefan inventava de mexer no carro sem camisa. A imagem mais perfeita de todas.

- Caroline, você me ouviu?

- D-desculpe, estava distraída.

Que horror, o que estava acontecendo com ela? Tinha ficado lesa das ideias? Ele a pede em casamento e ela fica gaguejando. Deu um impulso para frente e se levantou, ao fazê-lo, esbarrou na mão dele e o anel quase lhe escapou. Se ajoelhou na frente do namorado e pegou a caixinha de veludo branco em forma de coração. O anel mais lindo do mundo, um designer simples com uma pedra de lápis-lazúli discreto. Experimentou o anel e sorriu para o namorado que a olhava um tanto preocupado.

- Caroline? – chamou em voz baixa, com suavidade.

- Sim – ela sacudiu a cabeça em positivo, lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto cheio de sincera felicidade – Sim, sim, sim, sim.

Sangue Real - TVDOnde histórias criam vida. Descubra agora