51 - Bonnie

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A névoa de confusão que tinha atropelado seus sentidos no momento em que retornou se dissipava ao tempo que tomava conhecimento de que estava novamente viva. A brisa noturna, os cheiros, os sons, a energia. Vida. Não que o inferno fosse um vazio silencioso inodoro buraco-negro cujo todo seu conteúdo só podia ser explorado pela imaginação fértil dos ficcionistas e teóricos.

Não. O seu novo lar-nem-um-pouco-doce-lar era uma versão distorcida do mundo dos vivos e como tal havia lugares onde ela podia encontrar-se num estado de pura tranquilidade podendo ficar por horas interruptas olhando o horizonte se deixando levar por pensamentos bobos como imaginar-se voando com os pássaros ou nadando com os peixes, assim como também, havia aqueles lugares onde ela não suportava chegar nem perto ainda que por meros segundos.

Oh! Ela estava de volta. Tinha se antagonizado por não pensar em deixar instruções de como trazê-la de volta caso morresse, ás vezes se irritava com o modo com que fazia as coisas no impulso de uma sensação. Sybil tinha sido libertada e contava com o apoio de uma herege na reconstrução de seu corpo, tudo o que Bonnie pensava era que a sereia libertaria Cade que viria contra ela e então como seria? Foi impulso. Tudo o que fez por conta do medo que sentia de um confronto contra Cade foi impulsivo.

Não que se arrependesse de ter se casado com Klaus, apenas não conseguia acreditar que apagou a própria lembrança sobre o fato e se privou de momentos que podiam ter sido felizes, além de condicionar o marido á fingir que estava tudo na mesma. Como é que Klaus podia suportar lidar com alguém tão medrosa e insegura quanto ela? Ao menos ele era confiável e de algum modo descobriu o feitiço na sua aliança e como usá-lo para trazê-la de novo. Estava curiosa para saber o que no mundo fê-lo invoca-la e como é que ele descobriu como usar sua aliança.

Sua delirante felicidade por retornar foi sacudida pela simpática voz que a cumprimentou.

- Seja bem vinda de volta, Esposa.

Só agora via com clareza seu entorno e se horrorizou com o que estava vendo. Havia sete pessoas ajoelhadas formando um meio-circulo, na sua frente, segurando sua mão, estava Cade que sorria com a arrogância de quem vence uma batalha sem luta-la. A primeira reação de Bonnie, passado o choque da surpresa, foi correr. Correu por instinto, por que colocar distancia entre ela e seu inimigo pareceu mais sensato do que descobrir onde estava e para onde podia ir.

Não foi muito longe, Sibyl atravessou seu caminho e a atingiu com um soco que doeu até os ossos a fazendo ficar estatelada no chão incapaz de outra ação se não fosse choramingar de dor. Maldição. Não tinha notado a sereia, não que isso fosse fazer grandes mudanças, uma parte ilógica do seu cérebro fez questão de se surpreender com o fato de não saber que uma sereia tinha a força e velocidade de um vampiro – o que não devia ser de fato uma surpresa, aquela coisa comia gente e isso devia significar que ela tinha do seu lado mais do que as habilidades psíquicas.

- Isso foi por Seline – Sibyl disse enquanto a arrastava de volta para o semicírculo.

Bonnie gemeu quando foi largada aos pés de Cade que se agachou e puxou seus cabelos a forçando a ficar em pé outra vez. Nunca pensou que ia preferir Cade que ela conheceu noutros tempos, aquele que levava para piqueniques e dava flores mágicas, não que ser seduzida por um monstro que só queria usá-la num rito sinistro fosse melhor do que ser dominada á força por um.

- Violência desnecessária – ele disse segurando os cabelos dela com mais força do que supunha que ele tivesse – Eu preciso dela consciente.

Bonnie teria lutado contra ele, tentado escapar ou até mesmo usado um feitiço para se soltar, mas algo reluziu sob a luz da fogueira que estava atrás dela, algo prateado que ela reconheceu com um alarmante e repentino terror. Com tantas emoções diferentes pipocando em seu corpo, ela se apegou ao mais útil e se deixou levar pela curiosidade.

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