Sangue Real - TVD

48 - Coisas que uma criança sabe

- Não faça isso, Niklaus – Elijah tentava persuadir o irmão revoltado á parar.

- Por que não? É uma inútil cuja existência nunca fez bem a ninguém.

Elena estava engolindo o ar com alguma dificuldade, como se fosse um peixe fora d'água, o híbrido tinha se irritado com o comentário absurdo que a doppelganger fizera á respeito de Bonnie e toda a raiva que ele estava mantendo á superfície da indiferença explodiu. A questão era que ninguém sabia o que a humana estava fazendo na cidade ainda, haviam sepultado Damon no antigo mausoléu da família Salvatore no dia seguinte ao desastre que foi o casamento de Caroline e Stefan, mas a morena não foi embora depois disso, ela apenas se instalou na antiga pensão onde passava o dia lamentando a perda do marido e fazendo perguntas sobre o que tinha acontecido.

Três dias esperando que a bruxa retornasse á vida, sabendo que ela não estava dentre as fantasmas Bennett do Outro Lado – informação de James que é médium e confirmada por Lucy que conseguiu entrar em contato com sua mãe, sim, Bonnie estava morta, mas seu espírito não estava do Outro Lado –, a família optou por sepultá-la.

Foi no retorno para a mansão Mikaelson que Elena resolveu demonstrar sua falta de tato e empatia pelo luto alheio ao comentar que tudo era culpa de Bonnie por que, na opinião dela, se a amiga não tivesse tentado salvar a vida do estudante ela estaria viva, logo, teria trazido Damon de volta dos mortos. Para Elena, se Bonnie não tivesse resgatado a cura para vampirismo Damon teria tipo pelo menos uma chance de lutar contra Klaus e sim, a médica acreditava que tinha sido o híbrido quem matou seu tão amado marido.

E... Sendo franca, Elena merecia estar suspensa pelo pescoço com a vida sendo roubada diante da ira de um homem que tinha acabado de enterrar a mulher. Tantos anos sobrevivendo naquele mundo sobrenatural graças á Bonnie como é que ela se atrevia a sugerir que tinha sido a bruxa a culpada por todas suas desgraças? Elena tinha perdido os pontos da história? Não lembrava que foram suas ancestrais quem atraiu todos os males para sua descendência ao trair a confiança de toda Bennett que por alguma alienação do destino cruzou seu caminho?

Por que é que Klaus tinha que ser misericordioso com alguém tão insignificante? Não havia em Elena Gilbert-Salvatore nem um resquício de o que quer que fosse que merecesse ser salvo ou poupado. A morte parecia um bom meio de fechar um ciclo e já que a cidade estava em luto por uma dezena de humanos mortos no confronto do casamento, mais uma não faria a diferença.

- Ela está grávida – Lucy Bennett disse sem entonação nenhuma em algum lugar atrás dele – Embora a gestação esteja tão no começo que nem mesmo eu sou capaz de definir se é um menino ou menina.

- Niklaus, por favor, não faça isso – Elijah voltou a insistir.

Elena já não estava mais aguentando, sentia que estava chegando naquele ponto onde a consciência se perdia e daí para a morte não levaria mais que alguns segundos, deslizou os olhos vermelhos e úmidos por entre aqueles que estavam presentes, apenas Elijah estava tentando interferir no seu assassinato, Caroline estava de forma protetora na frente de Stefan cujo pescoço Klaus tinha quebrado quando o vampiro tentou salvá-la. Tentou falar, pedir desculpas, prometer o que quer que fosse para ser poupada da morte, mas as palavras estavam sendo estranguladas pela mão de ferro que apertava seu pescoço.

- Sabe por que Katherine sobreviveu á mim por quinhentos anos? – Klaus perguntou de repente – Eu permitia que ela vivesse da ilusão de ser mais esperta do que realmente era.

O aperto no pescoço se afrouxando o bastante para que o ar voltasse aos pulmões, a doppelganger não se permitiu nutrir qualquer esperança por que se Klaus estava relembrando de Katherine era por que alguma coisa muito desagradável estava prestes á acontecer. Todos estavam num silencio conspiratório, aguardando a sentença final do loiro maligno que mais parecia um gato encurralando o rato antes de abocanhá-lo.