43 - Fale agora ou se cale para sempre

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Três meses depois...

A primeira coisa que sentiu quando saiu do táxi no centro da cidade, foi desapego. Havia deixado Mystic Falls para trás e não sentia nenhuma falta, ali já não era sua casa e agora que retornava sentia como se nunca tivesse sido. A pequena cidade continuava com seu ar fleumático, parado no tempo com suas festas comemorativas em honra á gente morta com quem ninguém realmente se importava com que tivesse feito, com sua cultua elitista que só servia para oprimir quem não tinha um nome familiar que fosse tão antigo quanto a cidade, ainda era a mesma cidadezinha estranha com segredos sombrios.

Torceu o nariz e voltou para dentro do táxi. Como pode um dia ter sido ingênua de pensar que seria feliz naquele lugar onde tinha perdido tudo o que tinha? Foi preciso sair daquele ambiente sangrento e cheio de lembranças ruins para ser capaz de se reencontrar, agora ela era feliz, assim como tinha sido quando era só a líder de torcida popular namorando o quarterback bonito.

O sorriso melancólico que curvou os lábios tingidos de rosa-claro foi substituído por altivez ao lembrar que toda sua vida havia desmoronado no último ano escolar, se ainda vivesse naquele lugar ainda estaria envolvida nos dramas dos amigos, ainda seria o pilar onde todos eles se apoiariam para não se perderem na loucura que era suas vidas. Definitivamente estava feliz por ter partido e seu breve retorno não mudaria nada.

Caroline Forbes ia se casar com Stefan Salvatore. Quando era uma estudante órfã buscando aceitação teria vibrado de felicidade pela amiga e sido submetida pela obsessão da loira com o casamento dos sonhos. Será que só ela via o absurdo de um casamento entre vampiros? Por favor, sorte a dela que não vivia mais á sombra de Caroline esperando sua aprovação para ser feliz.

Bateu na porta e ensaiou um daqueles sorrisos que usa no consultório quando quer que os pacientes relaxem. Ela não era mais a jovem Elena Gilbert que precisava segurar as pontas e manter seus amigos centrados. Ela era Elena Salvatore, médica, esposa e mãe. Era uma profissional respeitada, uma mulher admirada e amada pela família, esse era seu centro agora.

Foi recebida por Bonnie que se emocionou ao revê-la e a abraçou com tanta força que se fosse vampira teria a quebrado ao meio. Bonnie era a madrinha da noiva e planejou sua despedida de solteira, Elena tinha recebido o convite e uma ligação do cunhado emendando o convite por que era importante para eles – os noivos – ter a presença de todos aqueles que amavam e a família de Caroline tinha sido reduzida aos amigos.

Elena veio por que Damon também veio, ele queria vir á despedida do irmão da vida de solteiro. Outra tradição humana que ela não via por que de vampiros seguirem. Ela não teve todo esse espetáculo desnecessário quando aceitou se casar, ela e Damon dirigiram até Las Vegas onde se casaram sem a presença de amigos e tendo como testemunhas alguns turistas que ficaram eufóricos em tirar fotos com uma "noiva de Vegas".

Elena preferia ter ficado na Filadélfia, mas não podia deixar Damon vir sozinho, ele era um vampiro da última vez que esteve aqui e agora era humano, não podia o deixar correr o risco de haver algum inimigo das antigas por perto e resolver liquidar seu marido. E também, aos poucos estava cortando todas as relações com seus antigos amigos, não queria que o filho questionasse a razão por qual o tio Stefan não envelhecia e pior, chegar o momento em que Jeremy tropeçasse no sobrenatural.

Não.

Ela ia impedir que o filho conhecesse aquela realidade que tinha quase destruído a vida dela. O casamento de Caroline e Stefan seria a despedida dela para com todos eles e se no futuro Damon e Stefan quisessem conversar, que fosse por meio de todas as formas de comunicação que estavam sempre evoluindo.

Uma festa de pijama. A despedida de solteira de uma vampira que estava se comprometendo á passar sua longa existência com outro da espécie era uma festa do pijama. Elena manteve sua expressão o mais neutra possível, ela teria feito melhor, a festa de sua melhor amiga cuja personalidade era tão festiva e cor-de-rosa devia ser algo á altura da mulher que tinha se tornado e não uma juvenil festinha do pijama regada á jelly shots, comédias românticas ultrapassadas e conversas paralelas.

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