21 - Demoníaca

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Não ia agradecer Klaus por manda-la dormir, mas admitia que precisava daquela pausa, não tinha certeza do que acontecia, era como uma crise de sonambulismo sem a parte da inconsciência por que ela sabia o que estava fazendo, só não conseguia se controlar, então ficava tudo uma bagunça, seu bom senso se afastava para um canto e deixava que o corpo agisse por instinto. Ela achava que seu instinto era um indomesticável conhecedor de magia sem limites com pendor para o caos que ainda conseguia se equilibrar na tênue linha de neutralidade que havia entre o bem e o mal.

Seu instinto era perigoso. E este dizia que estava sendo observada há um tempo, depois relaxou ao reconhecer a energia próxima como sendo de Klaus, sua mente entorpecida pelo estado de sono dizia para ela ficar em pé que era algo importante, mas o corpo esgotado que estava tão bem entre o lençol e aquela coberta macia se recusava a permitir que ela ao menos abrisse os olhos.

- A Dra. Saltzman chegou – a voz com delicioso sotaque vibrante disse em algum lugar á esquerda.

Ela concordou com seja lá o que aquilo significasse. Quem era mesmo doutora Saltzman? Mal se questionou e lembrou-se do rosto da mulher morena, preferia Jô Laughlin, doutora Laughlin era mais simpático... Ele disse que ela tinha chegado? O que ela estava fazendo em Mystic Falls?

- Bonnie!

- Sai – resmungou enfiando a cabeça debaixo de um travesseiro.

- Foi você quem disse que queria ser acordada quando ela chegasse – ele se atreveu a descobri-la – Levante-se preguiçosa.

Abriu um olho quando ouviu o som característico das persianas blackout sendo abertas e a claridade que inundou o quarto a fez querer o travesseiro de volta para cobrir os olhos, por que as pálpebras não eram capazes de manter a luz fora. Aquilo não era a claridade matinal normal, parecia que eram duas da tarde de um calorento verão quando não há no céu nada além de azul e aquela bola de fogo sugando o animo de qualquer pessoa que se atreva sair ao sol.

- Ela veio para examinar Faith – Klaus informou

Ela quem? Pensou em perguntar, mas sentou quando o cérebro registrou o fim daquela frase. Por que Faith precisava ser examinada? A menção de sua filha espantou a sonolência e a noção do que foi os últimos dias se acenderam como uma lareira mortiça depois de mexer e acrescentar alguma lenha.

Klaus viu a confusão da bruxa enquanto ele falava, ainda achava ridículo como os humanos conseguiam ficar tão alheios á realidade quando estava acordando, ele se orgulhava de não precisar dormir e quando era necessário descansar estava sempre num estado de interlúdio entre o adormecer e o despertar. Kol diria que era sono de gato, aparentar estar profundamente adormecido e despertar no menor ruído em alerta máximo sem demonstrar confusão.

Bonnie pareceu finalmente juntar o que ele falava e compreender o que significava, de repente ela saltou da cama enganchando um pé no lençol e quase se estatelou no chão, mas ele a segurou á tempo contendo a súbita vontade de rir. Não era engraçado, mas havia algo em Bonnie se atrapalhando toda que o fazia querer carrega-la nos braços para garantir sua integridade física, o que ele sabia que a deixaria muito ofendida por achar que ele pensava que não podia se cuidar sozinha.

O riso que ele prendia se afogou com a diversão da situação quando ele sentiu algo diferente. Tinha um cheiro diferente em Bonnie, algo que não estava ali alguns minutos antes enquanto a observava, nem no dia anterior ou em qualquer outro momento que fosse. Era um odor familiar, algo que ele já tinha farejado só não sabia onde ou quando ou em quem... Também não conseguia classificar o que era se natural ou sobrenatural, se bom ou ruim, só era algo antigo, poderoso e perigoso.

- Você está me apertando – a bruxa falou assustada.

Ele a soltou e se afastou a olhando com uma cautela cheia de desconfiança que não era confortável de modo algum. Bonnie engoliu em seco, por um segundo Klaus pareceu aquele do passado, o assassino psicótico cheio de raiva e desprezo pela vida alheia.

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