Sangue Real - TVD

15 - Nik

A água morna corria pelo corpo enquanto sua mente vagava entre possibilidades e eventos aleatórios das quais pudesse tirar alguma ideia de como agir num futuro próximo, repassando toda informação obtida sobre Hollow que eram mais preocupantes que ele gostaria de admitir, ele tinha voltado a pouco de uma reunião com Hayley, Vincent e Ivy, a vidente que tinha apontado a ligação de um mal antigo tentando retornar á vida com o ouroboros.

Vincent havia feito uma pequena jornada espiritual ao passado para encontrar informações sobre a poderosa entidade, o regente descobriu que muito antes dos colonizadores transformarem aquela região no que seria a atual Nova Orleans, havia ali tribos nativas, duas das quais viviam em guerra, mas optaram pela paz unindo os clãs por casamento.

Do casamento nasceu Inadu que era visto como um símbolo de esperança e prosperidade, essa cria de dois clãs era abençoada pelos seus magos para que nascesse com poder para um dia liderar seu povo, contudo, a criança nasceu com fome de poder. À medida que crescia precisava de mais e mais até que se tornou um perigo incontrolável.

Os anciões criaram uma arma para mata-la e a missão do sacrifício ficou para sua mãe, a única para quem Inadu baixava á guarda, ela foi caçada e assassinada. Nos últimos resquícios de vida Inadu amaldiçoou seus perseguidores os transformando nas feras usadas para caça-la, ligando a maldição á lua cheia. Vincent contou para eles.

- Ela foi a bruxa que criou a maldição dos lobisomens, as sete linhagens foram gerada pelos sete que a perseguiram usando lobos.

- Então esse hollow Inadu, era uma criança? – Ivy estava chocada.

- Pelo que vi devia ter por volta dos quinze anos.

- Qual foi a arma que o povo dela criou? – Klaus estava mais interessado nisso do que em analisar o comportamento de uma criança sedenta por poder.

- Um machado impregnado com a magia que a tornou tão poderosa.

- E mandaram a mãe dela mata-la – Ivy ainda estava horrorizada com a história – Era uma criança, Deus, aquela gente a transformou num monstro e depois a caçaram, era só uma menina.

Klaus revirou os olhos.

- Uma criança que era uma ameaça tão perigosa que criou os lobisomens e desde então vem corrompendo bruxas pedindo sacrifícios de crianças bruxas, não sinta pena do que foi Inadu, se prepare para lutar contra o que ela é hoje, Hollow.

Ivy olhou feio para ele e ia retrucar, mas Vincent balançou a cabeça e ela preferiu manter a boca fechada para não entrar numa discussão. Infelizmente o híbrido tinha razão, sentir pena do passado de hollow não ia mudar o fato de que ela havia se tornado um monstro que devia ser detido, destruído.

- O que mais? – Hayley que tinha ouvido até agora com olhos arregalados e uma expressão de puro horror engoliu em seco antes de completar – Você não chamou apenas Klaus e eu aqui por que confia na gente, tem mais coisa não é? Quando esses antigos resolvem voltar á vida eles trazem á tona segredos terríveis sobre famílias.

Vincent a olhou com especulação, a rainha lobisomem tinha falado com a propriedade de quem já tinha lidado com Antigos e segredos suficientes para saber o quanto e quando temer. E o que o regente contou para eles era realmente terrível. Toda a descoberta de Vincent á respeito das origens dos lobisomens e de hollow tinha causado um grande abalo nos rumos dos acontecimentos.

Klaus tinha se isolado com suas pinturas para relaxar e pensar, mas quanto mais pensava menos conseguia relaxar. Ele tinha apenas uma sugestão de como destruir hollow, e ele odiava seu plano, não ia anuncia-lo até que não houvesse uma sugestão onde as falhas não pudesse causar tantos danos. Sentia decepcionado com si mesmo por não conseguir elaborar nada que não fosse tão... provisório.

O híbrido saiu do banheiro nu usando a toalha para secar os cabelos, precisava encontrar um modo de destruir essa coisa que até certo ponto era uma ameaça para seus filhos, pelo menos Faith e Henry estava há quilômetros de distância protegidos pela bruxa mais poderosa que existia, não havia chance de hollow alcança-los. Vestiu uma calça e pegou o celular para ligar para Bonnie.

- Nik! – o grito o fez largar o celular e correr para fora.

Finn estava lendo, um tanto indignado pela idiotice dos personagens do livro que escolheu literalmente atraído pela capa, um guerreiro das terras altas com uma espada numa posição de luta, não era sobre guerras escocesas era só um romance escrito por alguém que possivelmente nunca esteve naquele lado do mundo, o pior foi que se tratava de uma série e ele queria saber como terminava a história e depois de ler o último livro ele voltou para o segundo por que tinha que saber como as coisas chegaram aos acontecimentos finais.

Era uma grande perda de tempo, ele tinha nove séculos de história para repor e estava ali, obcecado por um romance estúpido que não acrescentaria nada no seu aprendizado sobre a humanidade. Finn tinha estado morto para o mundo por muitas Eras, quando ganhou a liberdade a desperdiçou tentando reparar os erros da mãe e matar o que sobrou de sua família, agora lia. Ler virou seu passatempo para quando pensamentos sombrios começavam a atormentá-lo. Virou a página e quase derrubou o livro com o grito que ouviu.

- Nik!

Rebekah estava fazendo compras online por puro tédio, preferia estar lá fora fazendo alguma coisa, qualquer coisa. Freya tinha ido para casa, a irmã e a cunhada moravam num apartamento no Algiers. Kol estava fazendo algo para Klaus que envolvia sequestrar pessoas e as hipnotizar para contar segredos. Elijah tinha saído para conversar com Hayley e ainda não tinha voltado apenas ligado para dizer que estava bem, esse era um reencontro que ela gostaria de estar presente.

Então estavam em casa apenas ela, Finn que não era sua companhia preferida á longo prazo e Klaus que estava irritantemente calado desde que voltou se uma reunião com Vincent. De modo que ela estava sozinha em casa, por que os irmãos não eram boa companhia para ninguém no momento, até preferia quando eles não estavam na cidade, por que então Freya e Keleen passavam muito tempo com ela, e antes ela tinha Marcel.

Amava os irmãos, por séculos conviveu com três deles, claro que por tempo determinado em situações diferentes e em épocas distintas, mas os tinha sempre por perto, mesmo quando estava dentro de um caixão, só não gostava deles no momento. Fechou o notebook com tanta força que o quebrou, suspirou chateada e fechou os olhos. Foi quando sentiu o cheiro familiar da qual sentia tanta falta e ouviu as batidas de um coração.

Não era possível, abriu os olhos em choque, não era possível. Acelerou para o pátio e escorregou ao parar. Lágrimas turvaram sua visão ao ver o vampiro negro que lhe abriu um sorriso tão próprio dele, cobriu a boca para abafar um soluço que chegou junto com as lágrimas inconvenientes.

- Marcel – até sua voz soou estranha de tão trêmula.

Não queria parar de olhar para ele, na verdade nem entendia o porquê de não correr para seus braços e beijá-lo como desejava á dias. Seu corpo estava apenas travado, como se as pernas não soubesse que devia leva-la á ele. Notou com alguma surpresa a figura menor de cabelos castanhos e rosto bonito, era Davina. A bruxinha não tinha envelhecido um dia em aparência, mas parecia estar tão amadurecida que ela piscou ao reconhecê-la e então percebeu os olhos muito azuis e anormais. O entusiasmo morreu ao entender por que seu instinto não a permitiu se jogar nos braços de seu amado, aqueles olhos elétricos não pertenciam á eles.

Deu um passo para trás, mas uma mão esmagadora comprimiu contra seu peito, olhou para o rosto que tanto amava cujos olhos elétricos refletiam a escuridão mais profunda que ela jamais ousou encarar, engoliu em seco e a última coisa que vez antes de ter o coração arrancado foi gritar pela única defesa que tinha.

- Nik!