Capítulo 6. Não!

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Nunca será fácil para um homem ser rejeitado por uma dama. Mas todos devemos admitir que, apesar de formarem um lindo casal, ela está muito melhor com seu esposo que com ele, não é mesmo, querida leitora?

Além disso, tal fato dá às solteiras da ilha a oportunidade de sonhar...

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

(Coluna publicada depois que Beth rejeitou Ethan Hunter e se casou com Peter.)

No outro dia pela manhã, Anthony enrolou na cama até que o ponteiro do relógio marcou oito da manhã. Ele costumava levantar-se às sete, mas hoje não pôde fazê-lo. Esperou que Sophie entrasse em seu quarto, pensando que ele já havia saído, e ele poderia se desculpar por ontem. Mesmo sem ter um pingo de arrependimento, ela merecia um pedido de desculpas, Sophie estava em um momento vulnerável e ele se aproveitou disso.

Mas ela não entrou no quarto, os criados sempre sabiam quando os senhores haviam saído do quarto para poder arrumá-lo. Zangado, ele se levantou e colocou a sua roupa, pegou o casaco e as luvas e desceu para tomar o café da manhã. Para sua surpresa o dia amanhecera com sol, mas ainda não havia esquentado muito.

Comeu em silêncio na grande sala de jantar que sempre era barulhenta e movimentada nessa hora do dia. Com tantos irmãos, esses momentos de silêncio eram raros na casa. Depois decidiu que não iria para a embaixada naquele dia, então se levantou e caminhou até o escritório, tocando o sino dos criados, no corredor, antes de entrar e sentar-se. Logo Leopold, o mordomo, apareceu.

- O senhor me chamou? - perguntou o homem de cerca de cinquenta anos, de pé na soleira.

- Chamei, sim. - Anthony disse sem olhar para o mordomo. - Preciso que, por favor, chame, meu secretário. Não irei para a embaixada hoje, peça que traga meus papéis para cá.

- Como quiser, senhor. - disse o mordomo, se virando para cumprir as ordens recém recebidas.

- Leopold? - Anthony chamou de novo. - Preciso que chame Sophie para mim, a camareira. Por favor.

Desta vez o homem apenas assentiu e saiu. Anthony precisava falar com Sophie o quanto antes e se desculpar pelo que acontecera no dia anterior.

Cerca de sete minutos se passaram, para ser exato, seis minutos e quarenta e nove segundos e meio - Anthony tinha certeza, pois não tinha tirado os olhos do relógio -, até que alguém batesse à porta do escritório, só podia ser Sophie, pois, apesar de ser muito dedicado e rápido no seu serviço, o seu secretário não teria recebido o recado de Leopold e chegado ali tão rápido, então ele disse que entrasse, mas não levantou os olhos dos papéis, fingindo não se importar com quem quer que fosse que estivesse ali.

- O senhor mandou me chamar? - ela perguntou entrando no cômodo. Sua voz doce e despreocupada como sempre.

- Mandei sim. - disse ele, levantando o olhar. - E também me lembro de pedir que me chamasse apenas de Anthony. - Ele a encarou sério.

- Acredito que senhor seja mais formal e profissional. - Ela disse sem esboçar qualquer emoção.

- Eu lhe beijei ontem, isso não foi formal nem profissional.

- Foi um erro. - Ela ainda o encarava.

Sem saber exatamente porque, e indo contra tudo que pensou sobre se desculpar, ele disse:

- Certos erros valem a pena.

Ela apenas encarou-o, totalmente corada.

- De qualquer forma, eu quero me desculpar. Pode até ser que eu queria muito fazê-lo, mas foi errado, e eu sei disso. Você estava assustada com a tempestade, eu me aproveitei da sua fragilidade.

Um amor nada nobreOnde histórias criam vida. Descubra agora