Capítulo 13. Pedidos de casamento

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Na tarde de hoje, a primeira com sol em quase duas semanas, uma das senhoritas Campbell foi vista chegando em casa nos braços de um homem alto e loiro. A fonte não soube dizer qual das duas era, visto que a dama estava de chapéu, sendo impossível diferenciar os cabelos negros de Lady Catarina com os ruivos de Lady Emma, mas essa autora aposta suas fichas que foi a segunda irmã, a mais velha das duas e recém-debutada. O homem não foi visto saindo da casa até o início da noite.

Será que a família Campbell celebrará mais um casamento? 

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

No domingo pela manhã, Anthony acordou com a pulga atrás da orelha. Sabia que queria Sophie e que sentia algo muito forte por ela, um sentimento que nunca tinha tido por qualquer outra dama antes, ele estava totalmente certo de que a amava, mesmo nunca tendo amado alguém antes. E ele iria descobrir uma forma de ficar com ela, danem-se as regras sociais e a opinião que todos davam sem nem ser solicitada, ele era o maldito do duque de Gruffin e, se quisesse, ele iria se casar com Sophie, considerando que fizesse ela aceitar o pedido. Aquela história que ela contou não convenceu Anthony e ele duvidava seriamente que ela realmente tinha outro homem.

Então ele saiu da cama, trocou de roupas e saiu do quarto, queria muito ver Sophie novamente, já fazia mais de uma semana que não via ela, mas iria esperar até ter um plano formado e não agiria errado novamente. Ele tomou seu café da manhã e ficou sentado no sofá fitando a janela até a tarde, caía uma chuva leve, isso o fazia se lembrar de Sophie e seu medo de tempestades, até que uma ideia passou pela sua mente, precisava falar com a sua mãe, quem melhor para ajudá-lo do que Katherine Campbell, que era uma versão envelhecida de Emma e Catarina juntas e conhecia todas as pessoas da ilha e as brechas nas regras sociais?

Decidido, ele se levantou do sofá e seguiu à procura de Kate, encontrando-a na sala de estar do andar de cima, ele se sentou na poltrona de frente para o sofá onde a mãe estava e permaneceu em silêncio por um instante, pensando em como chegar ao assunto, até que Kate indagou:

- O que houve, Anthony? Parece preocupado.

- Preciso da sua ajuda, mamãe. – Ao ouvir isso, a mãe faz um sinal com as mãos para que ele prosseguisse. – O que... o que aconteceria se... eu... me apaixonasse por uma dama que não é nobre?

Kate encarou-o por alguns segundos, então ele se viu obrigado a acrescentar:

- É apenas uma suposição.

- E, nessa suposição, quão baixo essa dama estaria na pirâmide social? – Questionou ela. – Seria uma trabalhadora comum, uma ruralista, uma criada...?

- Talvez uma criada. – Anthony deu de ombros, fingindo indiferença.

- Sei... - disse ela, desconfiada. - Bem, então eu suponho que, se você pedisse ela em casamento, a sociedade não aceitaria com muita facilidade, mas ninguém ousaria comentar em público ou insultá-la, afinal, ela seria a duquesa de Gruffin. Seria muito mais difícil do que se você escolhesse uma dama nobre, mas eu apoiaria você, eu o criei para não descriminar ou julgar os outros, se ela te fizer feliz, tem o meu apoio. – Kate disse com um pequeno sorriso. – Mas, talvez, se eu tivesse mais detalhes, eu poderia tentar fazer algo para ajudar, ela poderia ascender socialmente, por exemplo.

Uma ascensão social para a família de Sophie. Essa era a solução. Anthony apenas lhe lançou um sorriso de agradecimento, seria bom poder contar com o apoio da mãe.

- Obrigado, mamãe. - Ele disse, já se levantando da poltrona.

- Anthony? – Kate chamou-o, fazendo ele se virar. – Não vai me dizer quem é ela?

- Na hora certa. – Ele declarou e saiu da sala, deixando Kate sozinha.

Ao pôr o pé no corredor, ele ouviu um tumulto no andar de baixo e desceu rapidamente as escadas para ver qual era o problema.

- O que está acontecendo? - ele perguntou, entrando na sala de estar e vendo Emma ser colocada no sofá por um homem alto, de estatura óssea grande, cabelos loiros e a pele bronzeada. - Quem é você? - ele encarou o homem.

- Ela precisa de um médico. – O homem disse para o mordomo, que assentiu e saiu do cômodo para chamar o médico.

Além da dama de companhia de Emma, Joseph e Catarina também se encontravam ali, encarando o homem desconhecido com olhos preocupados.

- Me desculpem, - o desconhecido alternou o olhar entre os três e parou em Kate, atrás de Anthony. - Meu nome é Thomas. Thomas Lewis. Eu estava passando por ela na rua e a vi passar mal, então eu tentei ajudá-la, a dama de companhia dela parecia desesperada. Ela desmaiou quase na porta de casa, mas acordou logo em seguida.

- Muito obrigada por ajudá-la. - Kate agradeceu ao homem com muita simpatia e Anthony permaneceu com seu olhar desconfiado.

- Se não se importa, gostaria de ficar aqui até o doutor examiná-la, não me sentiria bem indo embora sem saber como ela está. - O tal Thomas disse.

- Agora ela já está em casa, tem muitos irmãos para cuidarem dela. Já pode ir. - Anthony falou de modo sério e levou um tapa da mãe no braço.

- Anthony! – Kate advertiu, séria. - Ele ajudou a sua irmã, tente ser mais gentil. - Ela voltou a olhar para Thomas. - Você pode ficar, sim.

- Anthony tem razão. - Joe comentou do outro lado da sala.

- E você, - Kate se vira para o filho mais novo. - Vá encontrar o médico para a sua irmã.

Contrariado, Joe saiu da sala e Katherine permaneceu fitando-o por alguns instantes, depois ela caminhou até a filha para examiná-la.

***

Demorou algum tempo até que o médico chegue e começasse a examinar Emma, mas ele disse que não passou de um susto, talvez porque ela passou muito tempo sem comer. Então Kate mandou que os criados servissem um chá e insistiu para que Thomas ficasse e tomasse o chá com ela, como o bom irmão protetor que é, Anthony não saiu da sala um segundo sequer.

Kate descobriu que o homem não era de Rudá, mas sim de Hemilton, uma pequena cidade no interior de Gruffin, próxima de Gwendolin; ela descobriu que Thomas era formado em botânica pela Universidade Real e que morava em uma propriedade chamada Winter Hall, onde cultivava morangos e algumas espécies especiais de flores que eram vendidas em algumas cidades próximas. Kate montou todo o perfil do homem e marcou bem em sua mente o título de barão de Winter Hall, ela certamente iria procurar saber mais sobre ele.

Emma agradeceu ao belo homem por tê-la salvo e já começara a imaginar o que Lady Emyline escreveria sobre ela ter sido vista chegando em casa nos braços de um homem como aquele, aquilo com certeza traria mais uns três pedidos de casamento para a sua lista, que já contava com dois nomes, todos pedidos imediatamente recusados, é claro, ela não queria se casar com um caça-dotes ou com um bêbado idiota.

Anthony permaneceu o tempo todo presente, de olho no homem estranho que salvara sua irmã, mas seus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Ele ainda não sabia o que fazer, mas estava começando a imaginar que chegaria em uma solução em breve para o seu problema com Sophie. 

Um amor nada nobreOnde histórias criam vida. Descubra agora