Amor e raiva, dois sentimentos que costumam ser confundidos constantemente. Mas porque isso ocorre se são dois sentimentos opostos?
Esta resposta, essa autora também não tem.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Enquanto subia as escadas em direção ao seu quarto, Anthony não conseguia tirar da cabeça o quão errado ele estava em relação à Sophie. Não só pelas palavras dela naquela manhã, mas também por tudo que ele acabou descobrindo sobre a camareira naquele dia. Ele realmente não poderia tê-la julgado pior.
Depois do jantar, Catarina pediu para falar com ele em particular e aquilo o surpreendeu, ele ficou ainda mais surpreso ao saber o motivo da conversa, Sophie. A irmã caçula queria que Anthony ajudasse a camareira, explicou que o irmão dela estava doente, com cólera, e ela não tinha dinheiro para o tratamento, Cat chegou a dizer que Anthony poderia descontar da mesada dela e dar para Sophie, para que ela pudesse pagar os médicos que estavam cuidando do menino.
Assim que chegou à porta do seu quarto, Anthony tocou o sino dos criados do lado de fora e entrou em seu quarto, deixando a porta entreaberta, e em poucos minutos Sophie apareceu ali. Anthony a observou por uns instantes, o rosto dela não demonstrava nenhum tipo de emoção, apenas cansaço. Durante a discussão dos dois pela manhã, ele não notou, mas agora ele via que ela estava com grandes olheiras e parecia terrivelmente cansada.
- Precisa de alguma coisa, senhor? - ela perguntou, parada na porta.
- Você pode entrar e fechar a porta, por favor? - Ele pediu, sentado na cama, ela fechou a porta e se encostou na mesma, encarando-o. - Eu quero me desculpar por ter tratado você mal. Quero dizer também que eu vou ajudar o seu irmão, vou pagar os médicos e o tratamento dele.
- Eu não preciso que você me ajude. - Ela respondeu secamente.
- Sophie...
- Não, Anthony, você não vai me ajudar. Quer que eu aceite o seu dinheiro porque isso vai fazer eu deixar de te odiar e você poderá voltar a se aproveitar de mim, mas isso não vai acontecer. - Sophie disse enquanto ele a encarava, perplexo, ela pensava mesmo tão pouco dele?
- Eu não estou fazendo isso por mim ou por você. - Ele disse, se levantando e ficando de frente para ela. - Eu estou fazendo isso pela minha irmã, que veio pedir para eu te ajudar, ela chegou a oferecer a mesada dela, sabia? Eu estou fazendo isso pelo seu irmão, ele é só uma criança, não merece ficar sofrendo porque você é orgulhosa e não quer que eu ajude. Você gostando ou não, eu vou descobrir qual é o médico dele e vou pagar o tratamento dele.
- Eu sou orgulhosa? - ela perguntou, sua voz não tinha um pingo de simpatia.
Anthony não respondeu.
Eles permaneceram se encarando por longos minutos, Sophie parecendo refletir, ponderando sobre o assunto, e Anthony apenas fitando-a, esperando sua resposta. Seria bom que ela respondesse logo, pois ele não iria aguentar muito mais tempo tão próximo dela quanto estavam. Mesmo tendo jurado que não iria mais beijá-la ou tentar qualquer outra coisa, ele não resistiria.
- Tudo bem! - ela disse revirando os olhos. - Mas será apenas isso, nada mais.
- Nada mais. Prometo. - Ele garantiu, abrindo um pequeno sorriso.
- Agora você pode se afastar de mim? Eu ainda estou com raiva de você. - Sophie disse encarando-o de braços cruzados.
Mas à esta altura, já era tarde demais, Anthony apenas via os lábios dela se movimentando, chamando-o, mas não ouvia o som da voz dela.
Em um impulso, ele colou seus corpos e seus lábios, beijando-a de uma forma totalmente diferente das outras vezes, com muito desejo e paixão. Sophie sentiu as pernas bambas, mas ele a tomou em seus braços e não deixou que ela caísse.
- Anthony... - ela tentou falar quando os lábios dele se afastaram dos seus, mas seria impossível conseguir dizer algo com ele a incendiando de desejo daquela forma, uma sensação que Sophie jamais sentira antes.
- Sophie. - Ele exclamou contra o pescoço dela, sentindo o perfume e a maciez de sua pele.
Ainda com os lábios percorrendo o busto dela, ele a afastou da porta e a pegou em seus braços, levando-a até a cama, deitando-a ali e ficando por cima dela, com as mãos percorrendo a perna de Sophie por baixo do uniforme. Primeiro no tornozelo, depois subindo pela coxa e arrancando um gemido contido dela quando sua mão chegou à parte de trás do joelho dela, ele encara isso como um incentivo e continua subindo até um pouco mais acima do joelho. E então o meio da coxa e depois quase na bunda.
- Anthony, não. - Sophie finalmente conseguiu dizer e afastou ele com as mãos, que se jogou ao lado dela na cama. - Eu não posso fazer isso.
- Por que não? - Ele perguntou encarando-a e se apoiando em um cotovelo, ficando de lado na cama. - Minha família não vai descobrir e, se descobrir, eu não vou deixar que minha mãe te mande embora.
Sophie tirou um minuto para ficar em silêncio, tentando normalizar sua respiração antes de falar:
- Você só me vê como uma criada que você pode fazer o que quiser, mas eu também tenho princípios e não vou permitir isso. Eu não sou seu brinquedinho, Anthony. - Ela respirou fundo. - E esse nem é o principal problema.
- Então, qual é o principal problema?
Sophie ficou em silêncio por um minuto, até que finalmente conseguiu falar:
- Eu estava com raiva de você há cinco minutos, muita raiva, e agora não estou mais. - Ela falou, muito zangada. - Odeio esse poder que você tem sobre mim.
- Ah, é? Não está mais com raiva de mim? - Anthony perguntou com um sorriso de lado.
- Agora estou voltando a ter raiva, graças a esse seu sorriso presunçoso. - Ela o olhou séria.
- Talvez eu deva voltar a beijá-la. - Ele falou em tom sugestivo.
Sophie se levantou da cama dele e arrumou a saia do vestido e o cabelo, ainda encarando Anthony na cama.
- Preciso ir para casa. Meus irmãos precisam de mim. - Ela comentou em tom sério e Anthony concordou com a cabeça. Apesar de não querer que ela fosse, ele não a forçaria a ficar longe do irmão doente.
- Claro! - ele disse, se levantando da cama também. - Amanhã eu vou até a sua casa para vê-lo e falar com o médico.
- É muito gentil da sua parte, muito obrigada. - Ela agradeceu, estava realmente muito agradecida, e se virou para sair.
- Sophie? - Anthony chamou e ela se virou de novo para ele, que roubou um último beijo antes de deixar que ela fosse embora. - Não precisa me agradecer.
Dessa vez ela apenas lhe lançou um sorriso de agradecimento e saiu do seu quarto, deixando-o sozinho.
Anthony abriu um sorriso orgulhoso. Ela estava se fazendo de difícil, mas pelo menos ela não era casada e nem mãe, talvez ele ainda tivesse uma chance de ter algo com ela. Ele realmente gostava dela e queria ajuda-la, mas, cima de tudo, ele queria ser amigo de Sophie, ser alguém em quem ela confiasse e queria que ela confiasse nele, ele a queria para si.
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Um amor nada nobre
Ficción históricaLivro 2 da série Família Campbell. Toda a família Campbell é abalada por uma tragédia, mas Anthony é o que mais foi afetado, segundo ele mesmo pensa. Obrigado a deixar de ser quem é e se tornar quem precisa ser, Anthony ainda tem que lidar com seus...