Capítulo 19. Apenas amigos

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Ah... pedidos de casamento! 

Existe algo mais encantador que isso? Essa autora precisa ser informada caso exista, pois ainda não chegou ao seu conhecimento. 

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

Sophie simplesmente não podia ficar na casa Campbell depois de tudo aquilo, ela precisava se afastar de Anthony, e viver se esquivando por trás das paredes nas curvas dos corredores da casa para não o encontrar não ajudava muito, então ela decidiu que iria deixar o emprego. A casa Campbell fora o primeiro lugar que ela trabalhou depois da morte dos pais, Lady Campbell era muito generosa com os criados e o salário era um dos maiores da cidade, mesmo com tudo isso, ela não podia mais ficar ali. A duquesa fora muito solícita com ela quando Sophie pediu demissão, até mesmo fez uma carta de recomendação para ela e indicou algumas casas de amigas que precisavam de camareiras.

Sophie sabia que assim que Anthony descobrisse sobre sua partida, procuraria por ela em sua casa, então ela também mudou de casa. Não muito longe, apenas duas ruas mais adiante, em Green Suburb mesmo.

Mas, ao ver Catarina Campbell chegando no Bruton Park naquela tarde, ela soube que Anthony também apareceria ali e amaldiçoou-se por permitir que Nataly convidasse Cat para o piquenique no parque. Ela o notou caminhando na direção deles no gramado, mas fingiu não o ter visto, e ele estava lindo naquela tarde, com seu terno azul naval que realçava seus olhos também azuis, os cabelos estavam levemente bagunçados pelo vento e ele andava com a postura ereta, exalando confiança, ela notou quando ele parou de caminhar por um momento, parecendo procurar por algo, e depois voltou a caminhar.

E então ela o percebeu parar de frente para ela.

- Boa tarde, senhoritas. - Ele cumprimentou.

Sophie levantou o olhar e viu que ele exibia um sorriso de lado.

- Anthony! - exclamou ela, fingindo surpresa. - Que bom vê-lo!

- Posso me juntar a vocês?

- É claro! - Nataly respondeu antes mesmo que Sophie pudesse dizer algo.

Mas antes de se sentar ele estendeu a mão na direção de Sophie, não para ela, mas sim para Benjamin em seu colo, e entregou a caixa que carregava, embrulhada em um papel de presentes azul com estrelas prateadas.

- Esse é o presente que eu estava devendo para o senhor Benjamin. - Ele disse alegre e o menino agarrou a caixa, murmurando um obrigado.

- Não precisava se incomodar. - Sophie disse, dando-lhe um sorriso agradecido.

- Eu sempre cumpro o que prometo. - Anthony respondeu, observando o menino rasgar o papel e abrir a caixa.

- Uau! - o menino exclamou ao ver a bola nova que ganhou, em couro branco com detalhes em marrom. - Podemos jogar? - ele olhou para a irmã mais velha.

- Bem, eu não sei jogar futebol... - Sophie disse ao menino. - E creio que a Nataly ou a Srta. Campbell também não saibam.

- Eu sei, sim! - Catarina protestou, atraindo a atenção de Sophie. - O que foi? Todas as minhas irmãs sabem, a gente cresceu com três irmãos.

- Elas usam essa desculpa para tudo. - Anthony comentou para ninguém em particular.

- Posso jogar com você. - Cat disse ao menino, que lhe retribuiu com um sorriso. - E posso ensinar à Nataly também.

- Claro! - a menina disse, já se colocando de pé e ajudando o irmão mais novo, sendo seguida por Catarina logo em seguida, eles foram até um pequeno gramado aberto e Cat parou próxima dos outros dois, provavelmente para explicar as regras para Nataly.

- Você não vai? - Anthony perguntou, se virando para Sophie, ele ainda sorria, então ela notou que também estava sorrindo.

- Ah, não. - Ela respondeu com um movimento de mãos, descartando a ideia. - E você, não vai?

- Vou fazer companhia a você. - Ele respondeu, ficando mais sério.

- Sua mãe melhorou? – ela perguntou, solidária. – Fiquei preocupada quando soube, mas não quis aparecer e incomodar vocês, eu era apenas uma camareira da família, afinal de contas. – Ela abriu um sorriso amargo.

- Você nunca foi apenas uma camareira, Sophie.

Ela suspirou e desviou o olhar do dele, não podia encarar aqueles olhos azuis que a olhavam tão intensamente.

- Sophie, a gente precisa conversar.

- Anthony, a gente não pode continuar com isso. Não vai dar certo. - Ela disse, evitando olhar nos olhos dele.

Anthony se sentou ao lado dela sobre a toalha xadrez, tomando um minuto para ganhar coragem e continuar aquele assunto.

- Por que não?

- Porque eu tenho alguém, já lhe disse isso.

- Ah, é mesmo. - Anthony exclamou, como se acabasse de se lembrar. - Eu descobri algo bem interessante há alguns dias.

- O que? - ela perguntou em um impulso.

- O secretário do visconde de Gwendolin tem trinta e seis anos, se chama Bernard, é casado e tem três filhos. - Ele observou Sophie corar à sua frente. - Então, ou você mentiu para mim, ou você foi enganada por algum cavalheiro mal intencionado. Mas eu prefiro acreditar que você é uma dama inteligente. Portanto, aposto todas as minhas fichas na minha primeira opção.

- Anthony... - Sophie tentou falar, mas simplesmente não conseguiu, ela procurou pelos olhos dele. - Me desculpe.

- Não precisa se desculpar.

- Preciso, sim. - Ela insistiu, olhando nos intensos olhos dele. - Me desculpe por mentir para você, você deve ter ficado muito magoado com isso tudo.

Anthony suspirou pesadamente e desviou o olhar por um momento.

- Essa história me magoou bastante no começo, principalmente quando você pensou que eu era capaz de pedir para que fosse minha amante, mas quando eu descobri que era mentira, eu não fiquei com mais mágoa, eu fiquei feliz. - Ele deu de ombros ao concluir e abriu um pequeno sorriso.

- Feliz? - ela perguntou, sem entender. - Por que?

- Isso quer dizer que a gente não precisa se afastar. - Ele explicou pacientemente.

- Anthony, eu não vou ser sua... - ela parou por um momento e olhou em volta para se certificar de que as crianças estavam longe o bastante ou que não tivesse nenhuma outra pessoa próxima deles. - Amante! - disse em tom mais baixo, por precaução.

- Eu nunca pedi para que fosse, talvez tenha sido um pouco vago demais no meu primeiro pedido, mas não era isso que eu queria dizer. Apenas me deixe fala, por favor. - Ele pediu, encarando-a. – Juro que não vou pedir para que seja minha... amante! - ele fez questão de usar o mesmo tom e altura de voz que ela.

- Não vai? - ela questionou em tom de surpresa e quase arrependimento. Ela queria que ele lhe pedisse isso novamente? Claro que não, disse a si mesma. - Podemos ser apenas... amigos? O que acha?

- Não seremos apenas amigos. - Ele disse em tom firme.

- Ah, não? Seremos o que, então? - ela pediu, curiosa.

- Sophie, nós vamos nos casar. - Anthony abriu um grande sorriso ao ver a cara dela, achava que era impossível, mas ela se tornou ainda mais branca do que de costume. – Isso, se você aceitar, é claro. 

Um amor nada nobreOnde histórias criam vida. Descubra agora