Capítulo 7. Pondo os pensamentos em ordem

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As vezes a nossa cabeça nos engana, vemos algo acontecer e nosso cérebro nos leva a uma conclusão que parece ser a mais correta e provável. Mas esta autora sente em dizer que, muitas dessas vezes, nós somos enganados por nós mesmos.

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

Anthony sentou-se na cama, observando a manhã ensolarada pela janela à sua frente, feliz por ter conseguido tirar o dia de folga. Em meia hora, ele desceu as escadas da casa, sendo recebido pelo mordomo.

- Senhor, sua irmã enviou um convite para um almoço em sua casa hoje. Deseja que eu responda?

- Oh, claro. Diga a ela que vou, sim. - Anthony disse animado. - E dispense os criados hoje, passarei todo o dia fora.

- Tem certeza, senhor? Pode precisar dos serviços. - Leopold questionou, sempre muito prestativo.

- Tenho sim, posso me virar sozinho.

- Como quiser! - ele concordou, já se virando para sair.

Anthony saiu de casa logo depois do café da manhã para uma caminhada pela praia, como sempre fizera quando precisava pensar.

E isso era o que precisava: pensar.

Pensar sobre seu trabalho, sobre seu novo papel na família, tudo que sua mãe lhe disse alguns dias antes... e Sophie. Com toda a certeza do mundo, ele precisava pensar o que faria para tirar Sophie da cabeça.

Ela tinha razão, aquilo era errado, ele não deveria beija-la, nem a desejar tanto como desejava. E ela também tinha razão em dizer que ele não faria o que fez se ela fosse de uma família da alta sociedade. Anthony estivera com diversas mulheres durante seus anos na universidade, mas nunca foi, e nem seria ingênuo à ponto de estar com uma, dama solteira de família aristocrata, isso poderia acabar com ele. Mas Sophie não era uma dama da alta sociedade, era uma criada, então que mal poderia haver nisso? Sua reputação poderia ser abalada se descobrissem, mas era um risco que ele estava disposto a correr, era só se certificar de que ninguém descobrisse. O irmão já havia se envolvido com mulheres muito mais influentes que uma criada e nunca fora pego - por Deus, Joe já tinha se deitado com uma duquesa e o marido não havia descoberto.

O que estava acontecendo com ele nos últimos dias? Estava se tornando um homem do tipo que nunca se imaginou ser. Ele nunca tinha sequer cogitado a ideia de ter uma amante, era cavalheiro demais para isso, e agora ele estava ali, andando pela praia e pensando em tornar Sophie sua amante. O pai teria vergonha de vê-lo daquela forma se estivesse vivo. A dor desse pensamento o atingiu em cheio e ele se obrigou a fechar os olhos e respirar fundo para afastar as lagrimas que arderam para cair, precisava ser forte.

O que Liam faria em uma situação como aquela?

Para começar, ele tinha certeza que o pai nunca se envolveria com uma criada, nem se apaixonaria com ela, muito menos teria uma amante, fosse ela uma criada ou a filha de um conde.

***

Ele caminhou pela areia até às onze da manhã, devia voltar para a cidade para o almoço com Beth, ela sempre fora pontual e não perdoaria seu atraso. Já estava muito longe para voltar pela praia, o caminho mais rápido seria cruzar Green Suburb, um bairro mais pobre da cidade de Rudá, onde os criados moravam.

Começou a caminhar pela beirada da rua estreita e sem calçamento, as pequenas casas todas idênticas e grudadas umas nas outras, com um pequeno gramado entre a calçada e a porta da frente. Anthony se pegou comparando as diferenças desse bairro com Royal Waterside, o bairro onde ele mora, o da alta sociedade, onde as casas era, enormes e luxuosas e os jardins são ainda maiores que as casas.

Um amor nada nobreOnde histórias criam vida. Descubra agora