Ah, se a tristeza da despedida é grande, a alegria do reencontro é mil vezes maior. Essa autora anda muito pensativa sobre o assunto nos últimos dias e achou bom deixar registrado aqui para as damas apaixonadas de Gruffin: deixar a pessoa amada partir pode ser bom em algumas ocasiões, significa que teremos um reencontro apaixonante...
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Anthony não conseguiu dormir quase nada naquela noite, passou-a quase toda pensando sobre a saúde da mãe e em que faria em relação à Sophie, ela sempre voltava aos seus pensamentos. Ele ainda podia ir até a casa dela na manhã seguinte, e era isso que faria. Mas ele não entendia o porquê de ela ter feito aquilo, ela sempre dissera que precisava do emprego, então por que ela saíra do emprego? E o pior, há quanto tempo ela teria feito isso? Não a via já tinha duas semanas, mas pensou que ela estava apenas evitando-o, será que ela partiu assim que tiveram aquela última conversa?
Quando o relógio marcou sete da manhã, ele saiu do quarto, pronto para arrumar a bagunça que sua vida estava. Então ele caminhou pelo corredor até o quarto da mãe, bateu na porta e logo em seguida, assim que ela autorizou, ele entrou, vendo-a sentada na frente da penteadeira. Seria impossível mantê-la na cama, mas ela pelo menos estava indo com calma, e Joe ficaria de olho nela naquele dia.
- Anthony, algum problema? - ela perguntou, olhando-o pelo espelho.
- O que aconteceu com a antiga camareira? – perguntou, indo direto ao assunto.
- Sophie pediu para ir embora, eu insisti para que ficasse e ofereci promovê-la como dama de companhia de Catarina, como a mesma tanto queria. Mas ela disse que estava tendo alguns problemas pessoais e que realmente precisava ir embora, então eu paguei o que devia a ela e até escrevi uma carta de recomendação caso ela precisasse. - Kate se virou para encarar o filho. - Algum problema?
- Não, apenas não gostei da camareira nova. - Ele disse com as mãos na cintura.
- Ela é provisória, não é fácil treinar duas camareiras em um mês. - Kate explicou, parecendo cansada.
- Vou sair, mas a senhora, por favor, tente não se esforçar muito hoje. – Ele pediu.
Kate apenas fez um gesto com a mão, dispensando-o, e deu um olhar de desdém para ele, como se dissesse "Eu sei me cuidar muito bem".
Anthony se despediu da mãe rapidamente com um beijo no topo da cabeça dela e saiu do quarto dela. Ele precisava de um plano, precisa conquistar Sophie, mas não sabia o que fazer ainda.
***
O primeiro passo era localizar Sophie, então, exatamente à uma da tarde, Anthony passara pelo pequeno gramado na frente da casa de Sophie e parou de frente para a porta, pronto para bater.
Bateu três vezes e esperou, ninguém veio atender. Bateu mais três vezes e em alguns segundos escutou a chave ser girada e a porta se abriu, revelando um homem baixinho e moreno do lado de dentro da casa. Não podia ser o tal Simon, poderia? Era muito velho para sê-lo, e o tal Simon nem existia de verdade.
- Pois não? - o homenzinho disse com uma voz um pouco esquisita.
- Procuro pela Sophie, ela está? - Anthony viu o homem franzir a testa. - Sophie Smith, ela mora nesta casa.
Anthony fez questão de checar ao lado da porta o número da casa, 5987, estava na casa certa.
- Bem, posso lhe garantir que não mora mais. - O homem disse. - Eu e minha esposa nos mudamos para essa casa há dois dias.
Ele achou isso estranho, e tomou algum tempo para pensar em que poderia ter acontecido.
- O senhor sabe o que aconteceu com os antigos moradores desta casa?
- Não, senhor. - O pequeno homem negou com a cabeça. - Nós não tivemos nenhum contato com os antigos moradores.
- Certo, muito obrigado. - Anthony agradeceu pelo belo nada que o homem faz por ele, já se virando para sair dali.
Ele dispensou a carruagem que o trouxe até ali e voltou para casa caminhando, como sempre fazia para pensar. Não poderia ser verdade. Quando ele finalmente decidia dar um jeito na própria vida, Sophie sumia. Será que ela foi embora da cidade? Da ilha?
Uma hora depois ele chegou em casa.
- Onde está Catarina? - perguntou ao mordomo enquanto o mesmo tirava o casaco dele. Não estava com humor bom e também não tinha tempo para ser simpático.
- Creio que esteja no quarto, senhor. - disse Leopold. - Quer que eu verifique?
- Não precisa, eu mesmo o faço. - Ele disse, já saindo dali e indo para as escadas.
Anthony praticamente correu pelo corredor e entrou no quarto após bater na porta e encontrou a irmã de frente para o espelho de chão no canto do quarto, arrumando seu vestido esmeralda.
- Seja rápido, estou saindo. - Ela disse, olhando para o reflexo dele no espelho.
- Tem notícias de Sophie e dos irmãos dela? – perguntou, indo direto ao assunto. Cat tinha se tornado amiga de Nataly, talvez tivesse alguma informação sobre o que poderia ter acontecido com Sophie.
- Não vejo Sophie desde que ela foi embora daqui de casa, mas acredito que a verei hoje. Nataly me convidou para um passeio no parque com ela e Benjamin. - Ela se virou e encarou Anthony. - Você deveria ir também, se não me engano, você ainda deve uma bola nova para o Ben.
- Perdão? - ele perguntou confuso.
- Pelo que me lembro, você prometeu que daria uma bola nova para o menino se ele se recuperasse da doença. E isso é uma boa desculpa para você aparecer de surpresa e conversar com Sophie.
- Quem disse que quero conversar com Sophie? - perguntou ele, levantando uma sobrancelha, Cat o encarou e lhe deu um sorriso que dizia "eu sei de tudo", o que o assustou um pouco.
- Sei que são amigos e que provavelmente você tem algum dedinho nessa história da partida repentina dela, mas, ao contrário da Emma, não vou te pressionar até me contar, pode ficar com os seus segredos. - Ela se aproximou do irmão. - Mas, se quiser vê-la ou falar com ela, não deixe passar essa oportunidade. - ela deu tapinhas no obro dele.
- Quando foi que você fez quarenta anos e deixou de ser intrometida? - ele perguntou irônico.
- Não fiz nem um, nem outro. - Ela declarou, sorrindo. - Só gostaria muito de ter Sophie na família.
- Voltou a ser intrometida. - comentou ele.
- Talvez. - Ela disse saindo do quarto. - Bruton Park em meia hora, próximo do parquinho infantil.
Ela saiu do próprio quarto e deixou Anthony ali, pensando em como podia as irmãs dele serem tão excêntricas. Mas ele tinha que admitir que Catarina era muito inteligente, com certeza era, e ele não deixaria de admirar isso, iria fazer o que ela disse, era uma desculpa perfeita para aparecer no parque e ver Sophie, talvez até falar com ela. Com certeza era uma boa desculpa, e ele iria falar com ela, quem ele estava tentando enganar?
Anthony saiu logo na sequência, mas ao contrário da irmã, ele não foi direto ao Bruton Park, afinal, precisava ter uma bola em mãos para o menino. Então ele passou em uma loja de brinquedos no caminho e comprou a bola mais bonita - e cara - que tinha na loja.
Quarenta minutos depois de sair do quarto da irmã, ele passou pelo portão principal do parque, caminhando à passos rápidos em direção ao parquinho infantil. Ao chegar mais próximo, ele viu a irmã e a família de Sophie e Cat sob a sombra de uma árvore, todos sentados em uma toalha de piquenique. A visão que teve tirou seu fôlego, Sophie estava ainda mais linda do que nunca, se isso fosse possível, com um lindo vestido lilás, os cabelos presos em um penteado diferente do habitual coque no topo da cabeça, e exibindo um sorriso muito alegre enquanto brincava com o pequeno Ben e conversava com as outras damas à sua frente.
O coração de Anthony acelerou e ele precisou de um minuto para se recompor. Ela estava ali. E seria dele. Sophie precisava aceitar a proposta que ele lhe faria. Ele não sabia o que fazer se ela dissesse não.
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Um amor nada nobre
Historical FictionLivro 2 da série Família Campbell. Toda a família Campbell é abalada por uma tragédia, mas Anthony é o que mais foi afetado, segundo ele mesmo pensa. Obrigado a deixar de ser quem é e se tornar quem precisa ser, Anthony ainda tem que lidar com seus...