CAPÍTULO BONUS

5.7K 388 599
                                    

A viagem até a cidade de Philadelphia não dura mais que uma hora e meia entre trem e ônibus, já que não tenho carro, mas cada vez tem se tornado mais cansativa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A viagem até a cidade de Philadelphia não dura mais que uma hora e meia entre trem e ônibus, já que não tenho carro, mas cada vez tem se tornado mais cansativa. 

Veja só, não é tão legal e um motivo de animação passar quase duas horas num trem para ser recebida por alguém que o humor do dia vai ser uma surpresa, podendo variar entre o namorado perfeito pelo qual se apaixonou no ensino médio ou um cara infeliz que não importa o seu esforço continua com mau humor até terminar em uma briga.

Enquanto toca "Saved" do Khalid nos meus fones de ouvido eu olho a nossa foto que é o meu papel de parede. Estávamos na varanda da casa de alguém em Hollywood Hills com vista para o resto da cidade num por do sol perfeito, Matthew estava beijando o topo da minha cabeça com os braços ao redor do meu corpo enquanto eu ria de algo que ele tinha dito em meu ouvido e o abraçava também. Ela foi tirada na última vez que fomos visitar Mackenzie em Los Angeles, há alguns meses. Faz mais ou menos um ano que a minha amiga resolveu pedir transferência para uma escola na Califórnia para poder trabalhar também, graças a ela já perdi as contas de quantas mansões e celebridades eu conheci durante essas visitas.

Há alguns meses atrás o meu namorado ainda era o cara bobo, romântico e que estava sempre fazendo graça para me ver rir que eu me apaixonei. Infelizmente, por causa de uma maldita partida de futebol, tudo mudou.

Eu nunca vi Matthew tão feliz quanto no dia que ele conseguiu uma vaga no time de futebol americano da faculdade e essa alegria cresceu ainda mais quando ele se tornou o quarterback titular. Só que, tão rápido quanto, ela também desapareceu. Perto do final da primeira temporada que ele jogou como titular, em uma esbarrada com um jogador do time rival, Matthew voou por alguns metros e caiu de mau jeito, rompendo o ligamento do joelho. Mesmo com a cirurgia e fisioterapia, o médico não dá previsão de quando ou se ele sequer vai poder voltar a jogar.

Eu só consigo imaginar como é se perguntar todos os dias se você ainda tem uma chance no seu sonho ou se ele vai ser tirado de você, me dá desespero saber que não posso fazer nada além de estar presente e o apoiar. Não culpo Matt pelo mau humor e o mínimo de esforço que ele tem colocado em nosso relacionamento, mas é difícil ser a única tentando para não jogar tudo no lixo. Nem ao menos pegar a Range Rover zero que ganhou de presente do pai e dirigir até Princeton por menos da metade do tempo para simplesmente me buscar – já que não temos privacidade no quarto que divido com minha colega no alojamento da faculdade – ele faz.

Saio da estação e não vejo nenhum sinal de Matthew me esperando por ali. Os flocos caem levemente sobre a minha touca e casaco enquanto eu abraço o meu próprio corpo em uma tentativa de me esquentar olhando ao redor na calçada coberta de neve.

Tiro uma das minhas luvas ainda tremendo e pego o celular que estava em meu bolso. Nenhuma mensagem ou chamada. Respiro fundo e busco o contato de Matthew ligando para ele imediatamente.

Senior YearOnde histórias criam vida. Descubra agora