Fiasco da Comida Japonesa

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- Ah não, ah não ,não, não, não- reviro minhas roupas mais uma vez.

Me afasto para ver minha situação e quase choro. É claro que eu não tenho roupa para ter um encontro com um ator famoso e gostoso.
Quando eu vim para cá eu não pensei em encontros românticos então claro que eu não trouxe nenhum vestido comigo, só tinha calças e blusas e alguns sapatos confortáveis. Nada de vestidos, saias ou saltos bonitos o suficiente para impressionar alguém. A não ser que eu queira impressionar o conforto e a praticidade.

- Quer parar de ser chata? - Lia diz derrepente afastando a cortina, mostrando seu lado do quarto.

Grito de susto e de surpresa com sua atitude e me cubro ainda mais com minha toalha, não acostumada com a súbita proximidade dela.
Eu nunca tinha visto o lado do quarto dela. Enquanto o meu só tinha uma cama de solteiro, um ventilador, uma arara de roupas e a janela, o dela era mais complexo, mais bagunçado e mais fedorento.

Franzo o nariz para o súbito mal cheiro, e com mais atenção observo seu quarto. Era pequeno como o meu, tinha uma cama de solteiro e uma prateleira em cima da cama com vários livros e cadernos. Tinha várias caixas empilhadas e uma pequena escrivaninha com um cavalete do outro lado com uma pintura inacabada.

- O que você esta fazendo ? - pergunto brusca, ainda chocada por seu comportamento.

- Estou querendo me livrar de você - ela responde pegando uma caixa escondida e  me oferecendo.

Sem dizer mais uma palavra ela fecha a cortina me deixando chocada com a súbita ajuda.
Curiosa abro a caixa evitando exclamar de surpresa.
Dentro da caixa tinha três vestidos leves e lindos de verão com cores e estampas claras e modestas.
Temerosa cheiro elas e suspiro aliviada com o cheiro de perfume de rosas.

Rapidamente escolho o vestido midi amarelo floral com alcinhas que ia até a minha canela, surpresa que me vestia bem. Geralmente nada me vestia bem.
Sem ideia de sapatos, pego meu allstar branco e pego minha jaqueta jeans.
Aplico um pouco de perfume e gloss e estou pronta.

Pego correndo meu celular e minha carteira colocando na bolsa tira colo preta e desço as escadas, quando voltar terei que agradecer a Lia por essa bênção.

Chegando na porta da frente me viro para dar uma checada no espelho grande do hall de entrada gostando mais ou menos do que vi. Eu não gostava da minha aparência.
Eu era alta, tinha 1.75 cm, mas infelizmente não era magra como Lia, sempre que virava de lado dava para ver uma barriguinha de gordura irritante, parecia que eu estava no início de uma gravidez de uma gosma. Meus cabelos eram pretos e crespos e eu os odiava, por isso eu usava box braids, as tranças caiam como cascatas de café nas minhas costas e me deixavam linda. Meus olhos eram castanhos escuros sem graça mas hoje estavam com um brilho de esperança .E minha pele era da cor exata do tablete de chocolate ao leite e isso eu amava.

- Vai para onde Isa? - Josh pergunta encostado no batente do arco da cozinha.

- Ah vou hm sair com uma amiga do trabalho - minto de novo para ele e recebo uma careta em troca.

- Você não tem amiga de trabalho - ele acusa com um olhar desafiador.

- Bem, agora eu tenho- desconverso abrindo a porta - Tchau!!

Vou para a estação de metrô ansiosa para o que estava por vim. A viagem demorou muito mais para o meu gosto, mas quando chegou na estação eu tinha certeza que toda a população de Londres podia ouvir meu coração pulsando. Era como se eu tomasse todo café do mundo e eu estivesse tendo uma crise epiléptica, mas isso tudo por dentro. Subindo a estação tive certeza que eu deixei meu estômago no metrô e agora ele foi substituído por borboletas incapazes de ficarem quietas.

Era verão, o céu estava limpo de nuvens, mas isso não quer dizer que estava quente, o clima estava bom, fresco, com ventos suaves. Mas como uma pessoa que morava em climas tropicais eu estava com frio.

Chegando na rua do restaurante consigo ficar mais nervosa ainda. Paro por um momento pensando se não é uma boa ideia voltar e esquecer isso tudo, mas me chuto internamente me obrigando a dar cada passo. Eu não ia fugir disso, mesmo que eu estivesse tremendo de medo e de frio.

- Boa noite, bem vinda ao Otoro, tem reserva? - uma maître japonesa me comprimenta simpática.

- Sim, James Lencastre, por favor - digo insegura, preocupada que no mínimo ela ia rir da minha cara, mas tudo que ela faz é assentir.

- Claro senhorita, por aqui por favor - ela me conduz para dentro e o cheiro de peixe me acerta em cheio.

Tento respirar pela boca, enquanto ela me leva a mesa. Otoro era um pequeno restaurante ,intimista e escuro, com mesas e cadeiras de madeira e com cabines. A maître me leva para a última cabine e meu coração para quando vejo ele sentado tomando um gole de champanhe em uma taça.

- Aqui está, vou chamar o garçom, para anotar o pedido de vocês.

- Obrigado - ele diz e ela sai me deixando sozinha com ele.

Trêmula eu me obrigo a sentar de frente para ele. Ele estava sentado de costas para porta de modo que ninguém poderia vê-lo só se aproximasse bem da cabine. Eu me pergunto se era por privacidade ou algo mais, mas afasto esse pensamento quando olho para ele.

Ele estava lindo como sempre, o cabelo recém molhado do banho, o cheiro amadeirado que me lembro. Vestia uma camisa cinza e uma calça jeans preta, tênis, e um casaco preto.

- Com frio? - ele pergunta e eu percebo que estou tremendo.

- Um pouco, mas aqui é quente, vou me acostumar - digo tentando olhar para tudo menos para ele, pegando um copo de água na minha frente.

- Você está linda - ele declara e eu engasgo com a água.

Ele espera com um olhar divertido enquanto eu me recupero do meu ataque.

- O-obrigado - digo sem ar.

Nos encaramos por um momento, mas somos interrompidos com a chegada do garçom.

- Boa noite, bem vindos ao Otoro, já decidiram o que vão comer? - o garçom aponta para o cardapio na frente de James.

- Eu vou querer o de sempre Jin, e você Isabella, o que vai querer?

Os dois me olham com expectativa e eu me encolho no banco pegando o cardapio vendo que nada me agradava, bem, é melhor ser sincera.

- Ah hmm, eu não vou querer comer nada, estou bem - minto tentando evitar seus olhares.

- Como assim não quer nada? - James pergunta preocupado dispensando o confuso garçom.

- É que é, bem eu...

- Se for problema financeiro não tem problema eu pago - ele oferece e eu imediatamente fico brava.

- Não é isso! - murmuro irritada.

- Então qual é o problema? - ele insiste.

- É que eu não gosto de comida japonesa - falo olhando para as minhas mãos.

Um súbito silêncio é assentado e quando eu penso que eu fiz merda, eu recebo um riso nervoso, seguido por uma risada estrondosa.

- Bem, quem poderia imaginar?

Ele chama o garçom cancelando o pedido e se levanta se espreguiçando e logo em seguida oferecendo a mão para mim.

- O que está fazendo? - pergunto olhando igual uma idiota para a sua mão estendida.

- Se você não for comer aqui então eu não vou. Vamos achar um outro lugar - ele diz ainda oferecendo a mão.

Relutante eu a seguro sentindo o leve choque que eu senti antes, e juntos saímos do restaurante.

Cinquenta Tons de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora