Outros

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- Bom dia pessoal!

Levanto os olhos do meu celular para o homem alto, magro e de cabelos brancos que acabou de entrar na sala. Ele tinha uma postura perfeita, impotente e magnética, impossível de ignorar, no momento em que ele abriu a boca a sala ficou em total silêncio.

- Sou Michael Obel, o professor de vocês - ele se apresenta - E antes de pudermos começar propriamente a aula, gostaria que cada um se apresentasse falando o nome e o por que se interessou em fazer balé.

Meu pior pesadelo. Odiava ser o centro das atenções, mesmo que por um momento, era esmagador ter a atenção de muitas pessoas concentradas em mim. Sinto meu estômago e minha cabeça revirarem e uma vontade enorme de chorar. Debato comigo mesma se não fujo ou algo do tipo quando o professor aponta para mim em uma forma de encorajamento.

- A senhorita pode começar - ele diz .

Engulo em seco sentindo todos os olhos da sala em mim.

- Ok - respondo baixinho - Meu nome é Isabella e eu me interessei em fazer balé porque é o que eu sempre quis fazer desde criança e, nunca tive a chance, mas agora eu tenho.

Ele acena seguindo para outro aluno e só então me permito respirar tranquilamente.

Não demorou muito para começarmos a aula prática e , quando eu estava vendo eu estava fazendo passos de balé, simples passos, mas ainda assim era balé, e era um dos meus sonhos se realizando, e eu estava me sentindo em total êxtase. Tenho que agradecer papai depois de novo por isso.

- Tudo bem turma, por hoje é só - sr.Obel fala - Não se esqueçam de que a prática leva a perfeição então, por favor, pelo menos uma vez ao dia separem um tempo para repassar o que aprenderam.

Aceno bebendo minha água um pouco sem fôlego mas incrivelmente satisfeita, não via a hora de mostrar os passos que aprendi para o papai, acho que ele vai gostar ver.

Tiro as sapatilhas e calço de novo meus tênis, pego minha bolsa e meu celular e tento sair timidamente da sala barulhenta, mas um grupo de meninas estavam concentrada na porta da sala, bloqueando a saída.

- Hm com licença - falo baixinho - Posso passar?

Todas se viram para mim mas me recuso a encarar qualquer uma para notar alguma reação delas.

- Claro - uma diz se afastando para eu passar.

- Obrigado - respondo nervosa.

Sinto todos os seus olhos em minhas costas e de novo sinto meu estômago e minha cabeça revirarem pela atenção de  um público em mim e, em vez de ir para a recepção, minhas pernas me guiam para uma sala vazia e escurecida. Encosto minhas costas na porta fechada e tento controlar minha respiração, mas quase grito de susto e choque quando vejo que não estou sozinha na sala.

- Porra...- o homem sussurra totalmente surpreso e irritado.

Ele se levanta tentando esconder a cena, mas é quase impossível não notar a mulher no chão de pernas arreganhadas com a fralda exposta. Arregalo os olhos os reconhecendo pela cena que eles fizeram no corredor antes da aula.

- Desculpa - falo timidamente me preparando para sair.

- Papai não deixa ela fugir - a mulher fala chorosa - Ela vai contar pra todo mundo.

- Não, eu não vou contar - digo.

- Como podemos confiar em você? - o homem diz ainda mais irritado.

Engulo em seco nervosa, ele era muito intimidante.

- Não sei - respondo sinceramente - Mas eu prometo que não vou contar mesmo.

- De dedinho? - a mulher fala se levantando e apontando o dedinho para mim.

- De dedinho - respondo juntando meu dedinho com o dela.

- Não - o homem responde nos afastando - Queremos uma prova justa.

- Papai ela prometeu de dedinho - ela fala fazendo biquinho.

- Eu sei - ele fala gentilmente com ela - Mas isso não garante que assim que sair dessa sala ela vai contar para toda escola que você usa fraldas e então você não vai poder continuar a dar suas aulas.

- Ah - ela diz franzindo a testa em total confusão.

- Espera - falo - Eu também sou infantilista, eu gosto do que vocês gostam e eu tenho até um papai.

- Sério? - ela pergunta.

Aceno com a cabeça e sem qualquer outra explicação ela me abraça rindo a toa e eu completamente chocada retribuo o abraço.

- Não acredito! - ela exclama - A partir de agora somos melhores amigas!!!

- Isso é sério mesmo? - o homem pergunta nos afastando de novo.

Aceno e para confirmar pego meu celular e os mostro uma foto minha, papai e Rainbow na penthouse, eu estava de chupeta e Rainbow estava lambendo o rosto do papai, essa foto era muito fofa.

- Esse é o James Lencastre!! - ela me olha chocada - Seu papai é o James Lencastre!!

- É- respondo tímida.

O homem irritado analisa a foto por alguns segundos a mais e depois de uma grande inspeção ele acena e eu suspiro de alívio. Não queria que eles pensassem  que eu era uma fofoqueira sem caráter.

- Tudo bem, acredito em você - ele diz - Desculpe por ser tão desconfiado, só estava tentando proteger minha Kathy.

- Eu entendo - falo - Desculpe por não bater a porta, eu deveria ter feito isso.

- Sem problemas - ele diz.

Nos encaramos em um silencioso  momento repentino e constrangedor. A essa altura eu só queria meu papai e enfiar no meu little space, eu ficava melhor nesse cenário.

- Então, é melhor eu indo - digo indo em direção a porta - Mais uma vez me desculpe.

- Por favor não vai não - Kathy diz chorosa - Fica a tarde comigo hoje, vamos ir no parque!!

- E-eu não sei não - digo nervosa - Papai disse que tenho que ir para casa.

- Ah - ela diz desanimada - Desculpa.

- Mas vocês  podem ir comigo se quiserem.

Kathy sorri toda alegre e vira para o papai dela toda pidona e com a cara mais fofa do mundo.

- Papai por favorzinho podemos ir?

- Não sei princesa - ele olha para mim ainda desconfiado - Não conhecemos ela.

- Claro que conhecemos! - Kathy afirma - Somos melhores amigas.

- Você nem sabe o nome dela Kathy - ele diz revirando os olhos.

- Ah é verdade. -ela se vira pra mim - Qual é o seu nome?

- Isabella, mas pode me chamar de Isa, todo mundo me chama de Isa.

- Prazer Isa, meu nome é Katherine mas todo mundo me chama de Kathy - ela se apresenta - Pronto agora sim somos melhores amigas. Aquele é o meu papai Aodhan a gente tá junto faz seis anos.

- Uau - digo impressionada.

- Sim passou muuuiito rápido - ela diz - A gente se casou na Grécia e foi mágico, mas é uma longa história - ela se vira para Aodhan e faz um biquinho fofo - Podemos ir na casa da Isa para colorir e contar nossas histórias? Por favor!!

Aodhan nos olha abraçadas em total desconfiança, mas em total redenção aos encantos de Kathy ele acena em concordância pegando a bolsa do chão e nos conduzindo para fora da sala escura.

É impossível não acompanhar o entusiasmo dela e quando me vejo estou totalmente no espirito do momento com o pensamento que sim, com certeza seríamos melhores amigas.

Cinquenta Tons de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora