Proposta

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Enquanto James terminava o jantar minha mente vagava com o que acabou de acontecer. Eu contei a minha vida e os meus sentimentos para um estranho e ele me confortou como se quisesse me proteger ou como se sentisse responsabilidade sobre mim.

E isso era muito estranho e ao mesmo tempo bom e empolgante, e principalmente intimidador. E o fato de não saber suas intenções faz minha ansiedade crescer de um modo absurdo. E se ele tivesse toda informação da minha vida em uma pasta e a ideia de ter me convidado para um restaurante japonês foi um pretexto para me convidar para sua casa e assim me estuprar e me matar?

Mas ele falou que ia me ajudar, então acho essa ideia paranóica demais, mas não consigo evitar. Sempre fui assim paranóica com as coisas. Quando as coisas estavam boas demais algo ruim estava para acontecer, essa regra nunca falhava.

Mas isso não queria dizer que eu estava aproveitando o momento. Quer dizer eu estava numa sorte surreal de boa, estava na casa de um estranho era verdade mas ele não era estranho estranho e também a casa dele era quentinha apesar de estarmos no último andar do prédio, o que me deixava muito confortável.

- Isabella? - James estala seus dedos na minha frente chamando minha atenção.

- Hein? O que disse? - pergunto confusa.

- O jantar está pronto - ele declara.

Olho feliz para o recipiente de vidro com um macarrão fumegante com molho vermelho dentro, a visão faz meu estômago roncar e ouso sua risada divertida.

- Bem, alguém está com fome.

- Posso servir? - pergunto ansiosa para comer.

- Pode deixar, eu sirvo para você - ele oferece.

Ele deixa uma generosa porção no meu prato enfeitando com muito queijo fazendo ele cair no macarrão  como a neve caia do céu. Rapidamente ele se serve e depois pega duas taças abrindo uma garrafa de vinho.

- Eu não bebo - confesso tímida o deixando surpreso.

Bem talvez ele não tenha aquela pasta sobre a minha vida afinal de contas, mas se bem que ele é ator, a profissão dele é fingir. Suspiro irritada com minha mente me pregando peças e resolvo a ignorar pelo resto da noite.
Olho para ele com um pedido de desculpas, eu odiava recusar quando alguém estava sendo bom para mim, toda vez que eu recuso eu me sinto a pessoa mais ingrata do mundo, mas, pelo menos eu estava sendo sincera.

- Você não tem suco ou refrigerante, ou água? - pergunto.

- Sim eu tenho todos, qual vai querer? - ele diz saindo do seu estranho transe me olhando com prontidão.

- Suco de uva está bom.

Ele pega o suco me oferecendo e se senta na cadeira alta ao meu lado começando a comer. Sigo seus passos e reprimo um gemido de aprovação ,não querendo soar escandalosa, para o macarrão dele. O melhor que já provei, mas acho que é melhor não revelar isso, minha mãe ficaria chateada.

- Gostou? - ele pergunta em expectativa.

- Muito - falo dando outra garfada - Está aprovado.

Ele ri do meu comentário e volta sua atenção para seu prato com um sorriso satisfeito no rosto.

Quando acabamos o jantar eu tiro minha jaqueta me levantando da cadeira  indo colocar o prato na pia e me preparando para lava-lo, ouvindo ele reclamar atrás de mim.

- Deixa isso aí, eu coloco depois na máquina.

James pega minha mão me impedindo de continuar o meu propósito.
Suspiro com o choque agora familiar e me permito parar, me virando e olhando para ele.

- Temos que conversar, vem vamos sentar em um lugar mais confortável.

Ele me conduz até a sala me fazendo sentar no grande sofá confortável, sem falar nada ele volta para cozinha, voltando segundos depois com meu corpo de suco e sua taça de vinho.

Bebo do suco nervosa e ele faz o mesmo encarando a lareira crepitante absorto em pensamentos parecendo decidir o que falar e eu quieta espero ansiosa.

- Então, o que eu estava pensando- ele diz de repente se virando para mim.

- Sim? - pergunto ansiosa me inclinando mais para ouvir.

- Estou precisando de uma assistente, uma pessoal - ele admite - Você tem alguma ideia do que uma assistente faz, Bella?

- Hm ela cuida da rotina? - respondo perguntando, percebendo do que ele me chamou.

- Sim, mas cuida da minha rotina pessoal, a rotina profissional quem cuida é Janet, minha secretária.

- Mas por que você precisa de uma assistente pessoal, quer que eu prepare seu banho ou algo assim, tipo um bebê? - pergunto estranhando a proposta.

Ele me olha com um intenso brilho estranho no olhar como se eu tivesse falado algo importante, como se gritasse : EU TENHO UM TERRIVEL SEGREDO. Mas tudo isso passou por um segundo e uma expressão de calma contida é colocada em seu rosto.

- Não Isabella, isso é profissional - ele esclarece como se eu fosse uma criança - Eu preciso, para conciliar minha rotina particular com a profissional, entendeu?

Assinto um pouco insegura.

- Mas como seria isso? Eu não tenho experiência, não sei sua rotina nada disso.

- Você vai saber, e eu não ligo para a experiência, sei que vai fazer um bom trabalho, na verdade estou contando com isso.

Ele se levanta indo em direção às portas duplas as abrindo revelando um pequeno escritório. Ele some la dentro por um momento e volta segurando um maço pequeno de folhas.

- Aqui está o contrato, você pode ler depois, não tenha pressa - ele me garante.

Ignorando sua dica, pego o contrato e começo a ler, atenta a cada detalhe.
O contrato era basicamente tudo o que ele falou sobre a minha função e algumas coisas a mais que não pareciam ser tão difíceis de realizar.
Quando eu vejo no final do contrato o valor do salário eu quase cuspo o suco que eu estava bebendo.

- Tem certeza que esse valor está certo?

Ele olha na cópia que tem em sua mão o valor e sorri divertido.

- Esse é o valor médio das assistentes pessoais de artistas e empresários, Bella. Não queria ser injusto.

O encaro por um momento ainda chocada com o valor, era pelo menos cinco vezes mais do que eu ganhava na cafeteria de Carmem, ou senão até mais.

Quando termino de ler o contrato, volto mais uma vez a atenção a ele que me encarava de volta em expectativa. Me permito por um segundo me imaginar com uma vida melhor ganhando mais dinheiro, poderia até mandar para meus pais.

O contrato parecia legítimo e ele até agora não me matou ou me estuprou ou foi mal educado nem assediador comigo. Ao contrário ele foi um cavalheiro a noite toda e eu não poderia negar a um rosto tão bonito desses, e nem o dinheiro.

- Eu aceito - declaro, ganhando um sorriso em resposta.

- Não esperava menos que isso - ele diz satisfeito com uma voz rouca como se estivesse emocionado.

Pego a caneta que ele oferece assinando em todos os lugares em que eu deveria assinar , já vendo a sua assinatura na folha. Ele me passa a cópia eu a assino também.

- Fique com sua cópia - ele diz e eu guardo na minha bolsa.

Ele levanta a sua taça em um sinal claro que ia dar um brinde, atrasada eu pego meu copo e brindo junto com ele.

- Bem vinda, Isabella.

Sorrio com essa declaração bebendo meu suco em agradecimento.

Cinquenta Tons de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora