Tempo e Paciência

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JAMES

Levanto a cabeça vendo a cena mais linda da minha vida, era sempre assim, ela aparecia em meu campo de visão e meu coração parecia dar cambalhotas e era como se eu visse o paraíso. Ela estava linda com um vestido rosa, o cabelo em um rabo de cavalo e uma sandália baixa, parecia tão inocente, tão infantil.

Meu bebê...

Afasto o pensamento inconveniente, continuando a tomar meu café. Depois que ela começou a tomar o café da manhã aqui, coisa que fiz questão, eu sempre fazia a mesa colocando as coisas que ela gostava. Adorava ver seus olhos brilhando de alegria vendo a comida que ela comia em sua terra natal.

Enquanto ela se aproximava e se sentava na cadeira pegando só uma maçã para comer eu analiso sua expressão. Ela estava nervosa, o que era estranho porque ela já estava acostumada comigo. Ela nem me deu bom dia, o que era mais estranho ainda porque ela sempre me dava bom dia.

- Aconteceu alguma coisa? - pergunto.

- O que? - ela olha para mim saindo de seus pensamentos - Ah não, não aconteceu nada.

Franzo a testa preocupado. Era óbvio que algo a incomodava, e ela não queria me contar, o que me deixava irritado e impotente. E eu odiava me sentir assim.

- Coma algo que te sustente - indico apontando para a mesa em geral.

Ela faz uma careta e balança a cabeça.

- Eu não quero, obrigado.

Sem falar mais nada ela levanta indo direto para meu escritório onde seus eletrônicos ficavam. Minha mão coça para dar uma lição com sua indiferença e sua imprudência, ela poderia passar mal se não comesse direito.

- Hoje começam as gravações do filme - ela diz olhando para o IPad e assinto - Ah e hoje a equipe de limpeza vai vim.

- Mas hoje é quinta.

- Eu sei, mas Henry falou que os horários mudaram.

- Tudo bem - digo me levantando - Só vou escovar meus dentes e vamos para o estúdio - me viro para ir ao banheiro e ela me segue.

- Ah sobre isso, eu acho melhor eu ficar, sabe para inspecionar a equipe de limpeza.

Olho para ela confuso.

- Para quê? Toda semana que eles faxinam não ficamos aqui.

- Hoje poderia ser uma excessão, só para deixar eles espertos, essas coisas.

Rapidamente acabo de escovar os dentes e me viro para ficar de frente para ela me encostando na pia. Ela estava realmente nervosa.

- Por mim tudo bem - concordo, mas fico relutante.

- Ok então - ela sai do banheiro, mas volta no mesmo instante - Obrigado pelas flores, foi realmente gentil.

- Não foi nada - respondo dando de ombros.

Na verdade foi tudo. Eu queria dizer tudo naquela carta, mas não queria assusta- la. Não estava na hora, ainda não, só agora ela ficava a vontade comigo, ainda tenho que conquistar sua confiança e só depois poderia pensar em contar para ela do que eu era, do que eu gostava, do que eu gostaria que ela fosse para mim.

Vejo em seu olhar uma dúvida, e eu me pergunto o que ela está pensando.

- Henry me contou uma coisa - ela diz cautelosa.

- Ah é? - pergunto curioso - E o que ele te contou?

- Sobre a penthouse, ele me disse que tinha quatro quartos - ela diz me olhando.

Vejo onde ela quis chegar e tento manter a minha expressão neutra.

- Tinha mesmo quatro quartos - começo- Mas resolvi aumentar meu quarto - dou de ombros e resolvo sair.

Se eu ficasse por mais tempo e se ela fizesse mais perguntas eu não ia conseguir me conter e contaria tudo e então perderia ela. E isso eu não podia suportar.

- Desculpe Bella mas realmente tenho que ir - falo chamando o elevador que por milagre abre imediatamente.

- Mas...- ela balança a cabeça - Bom trabalho - ela diz.

- Cuide bem da minha casa - digo e as portas se fecham.

Mexo nervosamente no meu cabelo.Ela estava desconfiando, e é claro que estava, o tratamento que eu dava a ela não era compatível com o relacionamento patrão/ empregada tradicional, mas era impossível a tratar como uma simples assistente, para mim ela era mais que isso.

Eu sentia uma vontade irracional de cuidar dela, de proteger e sabia de algum modo isso era um pouco doentio, mas eu não ligava.

Tempo, eu precisava de tempo com ela. Tempo e paciência, eram tudo o que eu precisava.

Durante meu trajeto ao estúdio tento revisar o texto na minha memória, mas a imagem dela sempre voltava em minha mente. Ela tinha esse efeito em mim, desde quando eu a vi pela primeira vez.
Entro no estúdio imerso em pensamentos mal percebendo mãos macias em volta de mim.

- Preparado para o primeiro dia? - pergunta no meu ouvido Vanessa Evans, minha co-star.

Me viro e a encaro. Ela era de fato muito bonita, era baixa e magra, seus cabelos eram loiros e seus olhos eram verdes . A personificação da mocinha hollywoodiana, penso rindo de mim mesmo, como se eu também não fosse a personificação do mocinho.

Sempre quando via ela eu ficava cauteloso, ela era muito invasiva e não tinha nenhum apreço a privacidade. Toda vez que eu olhava para ela eu me perguntava como ela foi a escolhida para o trabalho.

- Claro - sorrio educadamente para ela me afastando.

Ela sorri animadamente e começa a falar algo mas John, o diretor chega e eu sou salvo.

- James! Que bom que resolveu se juntar a nós - ele me cumprimenta ironicamente.

- Como se eu fosse perder isso - respondo no mesmo tom, brincalhão.

Ele solta uma risada divertida e Vanessa ri mais alto que ele chamando a atenção. Nos dois a encaramos e por um momento o silêncio se instala.

- Bem, tenho que ir - digo envergonhado por ela - Volto daqui a pouco pronto - aponto para a direção do meu camarim para colocar o figurino e para a maquiagem.

Quando entro no camarim fecho a porta e me sento de frente para o espelho esperando os outros profissionais. Para me distrair pego meu celular indo para sua página no Instagram.

Eu particularmente odiava redes sociais e a única que eu tinha era o Twitter para divulgar meus trabalhos. Mas óbvio que quando ela apareceu na minha vida eu tive que fazer um fake só para ver mais um pedaço de sua vida.

O feed dela era pequeno e tinha fotos dela na vida no Brasil com a familia e com os amigos e até com um cachorro, mas tudo muito reservado. A conta dela era privada e eu tive que revelar para ela minha conta fake. Claro que ela riu da minha cara mas permitiu que eu a seguisse.

Eu amava que ela era assim, não se expunha muito, era na dela,tímida mas simpática quando a conhecia melhor. Eu adorava o corpo dela, aquela barriguinha fofa que dava vontade de apertar, seu sorriso, seus olhos, sua pele.

Mexo desconfortável na cadeira sentindo meu pau endurecer e me assusto quando a equipe chega. Ótimo. Hoje o dia ia ser perfeito, penso ironicamente e fecho meus olhos, decidido a focar no trabalho.

Cinquenta Tons de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora