Ponta do Iceberg

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- Isa, isso chegou para você - Alex entra no meu lado do quarto com um buquê simples de tulipas rosas.

Carl estava atrás dele e Josh estava no batente da porta de braços cruzados e com olhar curioso. Pego o buquê e tomo um susto quando Lia abre a cortina revelando a sua parte do quarto e indo em direção a Josh, mas olhando para mim  com curiosidade.

- Ok gente eu ganhei as flores, não preciso de uma procissão na minha frente - digo irritada.

Desde que eu descobri que Lia e Josh estavam namorando a dinâmica na casa mudou, aparentemente eu era a única que não sabia, mas depois disso eles estavam decididos a nos tornar mais amigos, mais família. Mas isso não significava que a privacidade era violada como estava sendo a minha agora.

- Anda logo, a gente quer ver de quem é - Carl fala ansioso.

Franzo o cenho contrariada a não abrir o bilhete que estava junto com as rosas mas quando olho para eles e suas caras pidonas eu dou de ombros e abro, lendo em voz alta

Querida Bella, parabéns pelo primeiro mês concluído de trabalho.
Seu comprometimento e seu profissionalismo são reconhecidos e valorizados.
Encontrar você foi a melhor coisa que fiz na minha vida.
Te vejo mais tarde.
Com carinho, James.


Olho chocada para o bilhete, Josh solta um assobio e Lia bate nele se aproximando de mim. Carl e Alex estão tão chocados como eu, não, eu acho que estou mais chocada.

- Isa uau! Isso é incrível ! - ela diz inspecionando as flores e os bilhetes - Ele está totalmente na sua.

Sua frase me volta para a realidade e vejo os três homens assentindo e concordando. Franzo mais as sobrancelhas considerando o absurdo e solto uma risada nervosa.

- Gente calma, James é assim com todo mundo e o tempo todo - explico - Isso só foi uma gentileza da parte dele, sabe como é, porque ele é gentil com as pessoas.

Nem eu acredito muito nessa explicação, mas não posso me permitir me enganar. Um mês trabalhando para ele foi mais que maravilhoso, o trabalho era simples e ele era compreensível quando eu fazia uma burrada. Eu via uma pequena amizade se construindo entre nós, mas só isso uma amizade no máximo.

- Sei... - Alex fala desconfiado.

- Sim, sabe, acabei de falar - digo me levantando - Agora vocês todos fora do meu quarto, eu preciso me arrumar para o trabalho.

Os quatro sorriem para mim como se eu tivesse dito uma piada e saem do quarto, quer dizer os três homens, Lia fecha a cortina voltando a pintar não sei o que no lado do seu quarto.

Me afundo na cama, olhando para as flores mais uma vez me perguntando o por que dele ter as mandado. É claro ele era um pouco emocionado as vezes como  quando eu falei do toddy e toda vez que eu chegava na casa dele tinha uma caneca de toddy com leite gelado do jeito que eu gostava com algo para eu comer e era sempre algo que eu gostava.

Ele se preocupava muito comigo e não deixava eu atravessar uma rua sem segurar minha mão o que era estranho, ficava perguntando toda hora se eu estava precisando de alguma coisa sendo que eu deveria fazer isso, e eu sempre reclamava isso com ele mas ele ignorava.

Rapidamente tomo um banho e visto um dos vestidos que Lia me deu, ele era curto, seu tamanho ficava na metade das minhas coxas mas era soltinho, a cor era rosa bebê e suas mangas eram só um pouquinho bufantes que davam um charme ao vestido. Calço uma sandália rasteira branca com tiras finas e pego minha jaqueta e minha bolsa preta tira colo e prendo minhas tranças em um rabo de cavalo alto.

Estávamos em agosto e a temperatura finalmente estava quente o suficiente para  usar o vestido curto. O sol brilhava enquanto eu saia do metrô o que me deixava satisfeita com escolha da minha roupa.

Enquanto fazia o trajeto para a casa dele lembro quando um dia fui com um salto pequeno que eu comprei para o trabalho, James quando viu ficou horrorizado falando que eu não deveria usar algo tão adulto revelando que não queria que eu usasse coisas tão formais.

Primeiramente eu estranhei mas como ele fazia questão eu nunca mais usei alguma roupa formal demais para ir ao trabalho, o que era bom porque era mais confortável. Ele fazia essas coisas de me deixar confortável e eu não reclamava, só que era um pouco desconfortável, com certeza esse emprego não era convencional.

Quando entro no lobby do prédio vejo Henry concentrado em seu celular franzindo a testa com algo que via. Me aproximo sorrindo para ele. Henry era um amor de pessoa, a gente sempre conversava sobre o que tínhamos em comum que era a cultura brasileira.

Desde que ele me ouviu conversando com os meus pais em português ele ficava conversando comigo como se fôssemos melhores amigos e eu gostava. A mãe dele era uma cozinheira brasileira e ele sempre me dava receitas que eu nunca fazia porque eu era péssima na cozinha, mas nunca recusava nada que ele me dava e prometia um dia tentar.

- Bom dia Henry - falo quando me aproximo dele.

- Bom dia Isa - ele diz tirando a atenção do celular - Isso ainda vai me matar de raiva  - ele aponta  para o celular e volta a atenção para o objeto.

- O que aconteceu? - pergunto curiosa.

- Eu não consigo baixar um vídeo que meus primos do Brasil me mandaram - ele me mostra.

- Bem, sua memória está cheia, você tem que apagar algumas coisas desnecessárias do seu celular Henry - explico.

- Ah então é isso - ele exala - Obrigado Isa,  o sr.Lencastre tem muita sorte de ter alguém tão eficiente como você.

Sorrio com sua afirmação não acreditando no que ele falou, era uma coisa muito simples que eu o mostrei.

- Ah não foi nada - digo indo para o elevador - Tenho que ir Henry.

- Ei Isa espere ! - ele me chama de repente - Esqueci de te avisar que a equipe de limpeza vai vim hoje.

- Hoje? - pergunto estranhando, eles geralmente viam sexta e não quinta.

- É, parece que teve mudanças no horário -  ele coça a cabeça - O que fazer né, tenho um pouco de dó desses faxineiros, aquela penthouse é enorme, quatro quartos, cinco banheiros, varanda e mais, minhas costas doem só de pensar em ter que limpar aquilo tudo.

- Espere ai, quatro quartos? - pergunto pensando ter ouvido errado - Pelo que eu vi só tem três.

- Ah pode ser - ele dá de ombros - Mas no anúncio de venda eram quatro, mas deve ser que o sr.Lencastre fez uma reforma, se bem que fez mesmo, lembro que no começo do ano ele fez uma, deve ser que aumentou a suíte ou algo assim.

O elevador se abre com um tinindo e pessoas saem do elevador o deixando vazio pronto para subir.

- É, deve ter sido isso mesmo - comento de forma vaga e entro no elevador um pouco tonta.

Sinto que descobri algo que eu não sei se deveria saber, mas que despertou minha atenção. Como se fosse a ponta de um iceberg, ou eu estava totalmente louca ou eu estava totalmente certa, mas eu ia tirar essa paranóia da minha mente e era hoje.



Cinquenta Tons de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora