Quando chego à garagem, entro no carro de mamãe e enquanto o portão se abre eu disco os números em meu celular que estão no papel que meu pai me deu, mas meu dedo congela e não consigo apertar no botão verde, não sei se consigo ouvir o que ele tem pra dizer estando sobre o mesmo teto que meu pai, não sei nem se realmente existe algo. Sempre busco saber se as pessoas estão ou não mentindo pra mim e isso fica mais fácil quando estou olhando em seus olhos.
Jogo meu celular no banco do passageiro, adiciono o endereço no GPS e saio em disparada. Quando eu paro em um dos sinais, minha mente viaja, como ele vai reagir ao me ver em sua casa? Que fui sem ao menos avisar? Merda! O relógio do painel do carro me avisa que já são 07hrs, o que significa que somente tenho uma hora para acabar com essas perguntas que estão na minha cabeça.
O silencio do carro, e o barulho da minha cabeça estão começando a me deixar perturbada. Ligo o som e conecto ao meu celular e o aleatório parece que sabe que preciso me acalmar e cai em uma das minhas musicas preferidas, Corazones Invencibles de Aleks Syntek.
Hoje seu rosto me diz tudo
Hoy tu cara me lo dice todo
Em silêncio, você fala comigo de alguma forma
En silencio me hablas de algún modo
Algo não deixa você ser feliz
Algo no te deja ser feliz
Eu sei, a vida não é conto de fadas
Sé, la vida no es cuento de hadas
E nós vamos da fé para o nada
Y vamos de la fe a la nada
Tentando sobreviver
Tratando de sobrevivir
Não há caminho difícil
No hay difícil camino
Quando estamos juntos, você e eu
Cuando estamos juntos tú y yoSe você for em queda livre
Si vas en caída libre
E você se sente derrotado
Y te sientes derrotada
Me entregarei na alma
Yo me entregaré en el alma
Para curar sua dor
Para curar tu dolor
Eu não vou deixar você desistir
No te dejaré rendirte
Vou curar suas asas
Yo te sanaré las alas
Corações invencíveis
Corazones invencibles
Pela força do amor
Por la fuerza del amorQuando percebo que estou perto do destino, desligo o som para tentar me manter firme nessa estupida decisão de procura-lo. Depois de enfrentar um pequeno engarrafamento eu avisto o a casa do endereço, minha nossa.
Se eu achava que nossa era considerada uma mansão, eu estava bem enganada, isso sim é uma mansão. O grande portão negro monitorado por seguranças vestidos de terno preto parece surreal o tamanho dessa casa. Paro meu carro na rua mesmo, não vou demorar muito, pego meu celular e desço indo em direção ao portão.
— Bom dia — educadamente eu falo ao segurança mais próximo — estou procurando por Zabdiel de Jesús, eu queria saber se ele ainda esta aqui — vejo eles se entreolharem e o que acredito que seja o mais novo da equipe se aproxima de mim enquanto o outro digita algo no celular.
— Como a senhorita se chama? — eu ate posso dizer somente meu nome, mas meu sangue esta lotado de adrenalina e o que sai é.
— Emily Rodriguez, noiva do Zabdiel, filho do chefe de vocês — meu peito sobe e desce, por ter falado em voz alta que sou noiva de Zabdiel e usar isso ao meu favor me da ânsia.
— Ah — vejo sua expressão mudar — nos perdoe, ainda não tínhamos visto à senhora pessoalmente, por isso não estávamos reconhecendo-a — fico imaginando agora, qual foto eles devem ter visto? O portão se abre e eu adentro — quer que avisemos ao senhor Zabdiel que esta aqui?
— Não é necessário — sorrio — eu quero fazer uma surpresa a ele antes dele viajar, então se puderem me dizer onde ele esta, eu agradeço — ele assente.
— Siga-me, por favor. — ele segue no caminho ate a porta da mansão. Um grande jardim a minha esquerda, sinto cheiro de rosas brancas, quase me lembra de o que temos na minha casa, a minha direita em frente a casa tem uma grande fonte, com um banco a sua frente, é lindo, charmoso, da ate um ar romântico ao lugar. O segurança abre a porta da frente e pede que eu entre primeiro. E eu me surpreendo novamente com o hall de entrada, essa casa deve ter tantos cômodos que é capaz de fazer alguém se perder. — fique aqui que chamarei o senhor Zabdiel para recebe-la. — mas como se o universo conspirasse contra mim.
— Não é necessário — meus olhos se voltam para a escada — pode voltar para seu posto — Zabdiel que esta de calça jeans, sapato, camisa branca com os primeiros botões abertos, jaqueta de couro por cima, o cabelo recém molhado, nossa. Ele vem ate mim parando em minha frente quando respiro fundo, quase caio ao sentir seu perfume. — o que veio fazer aqui Emily? — seus lábios tão vermelhos, maxilar quadrado... — Emily? — pisco e limpo a garganta.
— Eu — respiro fundo dando um passo para trás — eu queria saber de umas coisas, não podia esperar você voltar da viagem — ele coloca as mãos dentro do bolso da calça e me olha.
— Não tenho muito tempo, então vamos direto ao ponto, o que quer saber? — respiro fundo.
— O que meu pai não me contou Zabdiel? — ele desvia o olhar respirando frustrado — me fala, eu questionei ele e não consegui nada, me diz o que esta acontecendo — eu nem sei se quero saber, mas...
— Eu te falei que isso não diz respeito a mim, é algo que seu pai tem que lhe dizer — ele me responde friamente — mais alguma coisa? — eu olho para ele descrente.
— Eu não vou sair daqui ate me dizer o que esta acontecendo Zabdiel! — eu elevo um pouquinho a voz — eu tenho direito, você mesmo disse que odeia injustiças, me deixar as cegas no meio disso tudo não é uma injustiça? Já que sou parte fundamental para que isso tudo dê certo — meu peito sobe e desce.
— Esta bem, venha comigo — ele se vira e sai em direção as escadas novamente, ainda tensa eu o sigo. Posso ver o quanto ele é alto agora, suas costas largas, seus passos largos e precisos, o que tem por trás dessa capa fria e dura? — você primeiro — ele fala ao parar em frente ao que imagino ser seu escritório e eu adentro confirmando. — sente-se — ele passa por mim e vai ate a parede atrás dele.
— O que estamos fazendo aqui? — questiono ao me sentar na cadeira a frente de sua mesa.
— Você não queria saber o que seu pai esta te escondendo — ouço ele digitar números e ouço quando imagino ser um cofre abrir e logo em seguida fechar — aqui está — ele joga uma pasta na mesa e se senta na sua cadeira. — ai esta todas as dividas do seu pai, e os investimentos furados que ele fez e o que levou a sua família a falência, é por isso que você esta se casando comigo. — é muita informação pra digerir. Como ele pode falar algo assim tranquilamente e rápido?
— Como assim... — encosto-me à cadeira tentando respirar — como assim, investimentos furados? Como meu pai gastou todo nosso dinheiro? E a empresa?
— Ele investiu em algumas ações e empresas que de acordo com meu pai, eram de fachada, ou seja empresas fantasmas, nunca existiram Emily — estou ouvindo, mas nem consigo acreditar. — vocês não tem mais nenhum centavo, a empresa do seu pai não vale mais nada no mercado, tudo que vocês tem, as casas, os carros, a empresa, tudo agora é meu e do meu pai — o olho descrente com lagrimas nos olhos — inclusive você. — eu não posso crer que ele disse isso.
— Como você pode ser tão frio e babaca e me dizer isso assim? — me levanto da cadeira — eu não sou uma propriedade! — grito, já sentindo as lagrimas querendo escapar, mas me recuso a chorar na frente dele.
— Porque assim como a empresa e as outras coisas seu pai te vendeu Emily — ele se levanta — e quer saber, sinto muito que tenha sido eu que tenha comprado, mas agora — ele se aproxima de mim — quer você goste ou não, eu sou seu dono, assim como sou dono de tudo que você tem meu bem — ele tenta passar a mão no meu rosto e eu não meço esforços e levo minha mão ate seu rosto lhe dando uma bofetada o que o faz sorrir.
— Nunca mais tente me tocar! Eu tenho nojo de todos vocês! Vocês todos são monstros — pego a droga da pasta e saio dali correndo. Desço rapidamente as escadas já chorando e saio da propriedade mais rápido que um foguete, me deixo chorar totalmente quando entro dentro do meu carro.
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Entre Inimigos e Amantes - Livro 1
RomantikAos 18 anos, Maria Clara vê sua vida mudar drasticamente ao ser forçada a se casar com Alessandro Medina, um homem poderoso e reservado, conhecido por sua fortuna e postura implacável. Ela sempre sonhou com um amor verdadeiro, mas agora se vê presa...