Não sei se choro pelo o que acabamos de dizer um com o outro, ou pelo fato de quase ter deixado o peixe virar cinzas.
— Você esta bem? – dona Amália adentra novamente a cozinha quando estou tirando o papel alumínio do peixe.
— Sim – fungo e limpo uma lagrima perdida em meu rosto – ele pediu que a senhora levasse o almoço dele no escritório, ele vai comer lá – não a encaro, não quero preocupa-la.
— Minha querida – ela segura meu braço – poderia fazer isso por mim? Eu tenho tanto a fazer e hoje eu não me senti muito bem – a olho preocupada e ela segura meu rosto – conversem.
— Você ouviu tudo não ouviu? – ela afirma com a cabeça – você viu como ele é idiota? Viu o jeito que ele falou comigo? – sinto novamente vontade de chorar.
— Sim, ele não foi gentil com você, mas você se ouviu quando disse que os toques dele davam nojo em você? – a olho e bate arrependimento. – vocês dois são iguais, se gostam, mas preferem se magoar a aceitar o que sentem – ela se afasta balançando a cabeça negativamente. – quando perderem um ao outro, vão saber dar valor. – dou risada.
— Dona Amália, onde ficou tão esperta em relação ao amor? – ela se vira para mim.
— O tempo minha filha – ela pega uma bandeja e começa a colocar as coisas – com o tempo aprendemos tanta coisa, a idade chega, o amor se torna um sábio professor, em todos os sentidos da vida – ela termina e me olha – então ouça o conselho dessa velha, aproveite essa oportunidade e não a desperdice, o que vocês tem é raro. – dou um meio sorriso e a abraço. – agora vá, ele fica de muito mau humor quando esta com fome.
— É serio que eu vou ter que levar? – ela afirma com a cabeça – não da pra colocar um pouquinho de veneno antes? – ela bate no meu braço.
— Ora, não fale besteiras menina! – dou risada e saio antes de ser espancada – e volte para comer! – ela grita quando eu estou saindo da cozinha.
Respiro fundo ao chegar as escadas e a cada degrau eu penso no que dizer, no que falar, mas parece que deu branco total, o que eu vou dizer depois do que ele me disse na cozinha? E do que eu falei. Porra, você precisa controlar os impulsos Emily, aquilo foi tão doloroso, desci ao mais baixo para ferir ele, não foi certo. Chego em frente ao escritório e a porta esta entreaberta, bato antes de entrar,
— Entre – a voz seria e sem emoção de sempre, já sei que o Zabdiel imponente esta no comando. Adentro o escritório e ele esta de cabeça baixa revisando o que eu acho que sejam contratos ou documentos da empresa. – deixa na bancada dona Amália, daqui a pouco eu como. – diz sem levantar a cabeça.
Deem play na música.
— Podemos conversar? – questiono ao fazer o que ele acaba de dizer e seu rosto se levanta para me olhar com aquele olhar sem emoção e frio que me causa arrepios.
— O que você quer Emily? – ele respira fundo antes de jogar a caneta na mesa e se encostar-se a sua cadeira.
— Precisa ser assim? – ele desvia o olhar e suspira.
— O que você quer? E porque foi você que trouxe meu almoço? – ele se levanta da cadeira e vem para frente da mesa, onde se encosta, percebo seus pés descalços, belos pés.
— Dona Amália não estava se sentindo bem e eu... – ele me interrompe.
— Opa, perai, como assim ela não estava se sentindo bem? – vejo preocupação tomar conta de seu rosto – ela esta sentindo alguma coisa? Eu vou ver ela – ele vem na minha direção para sair, mas espalmo minha mão em seu peito.
— Ela esta bem – o olho nos olhos – ela só me pediu porque tinha outras coisas para fazer e porque queria... – desvio meu olhar.
— Queria? Queria o que? – ele cruza os braços diante de mim.
— Ela ouviu nossa conversa e esta preocupada com nós dois – ele da risada.
— E é só por isso que você esta aqui? – afirmo – ok, o que você quer falar? – ele se afasta – mas espere eu me afastar pra não te causar desconfortos com minha presença. – suspiro.
— Eu não quis dizer aquilo, não desse jeito – ele me olha fixamente – é que você costuma ser tão babaca... – ele levanta uma sobrancelha pra mim – desculpa, você desperta o pior que há dentro de mim, é isso. – ele da risada.
— Engraçado, nisso somos exatamente iguais – o olho – você tem o dom de despertar o pior em mim – ele sorri – e sabe que as vezes eu acho que você prefere assim – o encaro – acho que você tem tendências masoquistas – o olho desacreditada.
— É impossível tem uma conversa com você – balanço a cabeça negativamente – eu ia pedir desculpas pelo o que eu disse, mas sabe que agora pouco me importa se feriu ou não você, ate porque você não se importa de ferir os outros – o olho. – você não sabe amar. – me viro para sair.
— Tem razão – me volto para ele – é difícil confiar nas pessoas quando você já foi tão traído na vida, é difícil carregar o peso da vida de milhares de pessoas nas costas quando cada decisão que você toma pode afetar diretamente eles, então me desculpe se não consigo confiar ou demonstrar afeto – o olho e meus olhos ardem, pobre Zabdiel...
— Não me parece nada fácil, mas agir como um imbecil só afasta as pessoas de você, isso não é ruim? – ele da de ombros.
— Sinceramente, não sobrou muito com que eu me importe – ele se aproxima – meu pai, minha mãe, dona Amália – ele se aproxima mais – e talvez... – ele me olha nos olhos – eu esteja começando a me importar com alguém fora do meu circulo, pelo o que ela me falou está com muitos problemas, e isso me dá pena – engulo no seco.
— E de quem exatamente você esta falando? – questiono olhando em seus olhos. Tão perto de sua boca.
— Alguém muito gentil – ele sorri – Carina. – meu mundo desaba, junto com meu sentimento.
— Eu não gosto da ideia dessa mulher tão perto de nós! – altero meu tom de voz e empino meu nariz me enchendo de raiva.
— Ah é? Por quê? – respiro fundo.
— Porque eu não gosto dela – respondo simplesmente.
— Só porque você não gosta de uma mulher – ele sorri – eu tenho que demiti-la, porque eu faria isso? – ele sorri de lado – ela trabalha muito bem – cerro meus punhos.
— Eu sou a sua noiva – levanto uma sobrancelha e sorrio debochadamente – e ao mais tardar serei sua esposa, eu tenho esse direito – ele me olha sorrindo.
— Só que os direitos de esposa, você ainda não ganhou meu amor – ele me olha fixamente – eu ter beijado você e ter tocado você – sinto meu corpo estremecer – não significa nada, eu posso fazer isso e muito mais com qualquer uma – minha mão vai certa em seu rosto e ele sorri ao acariciar a tapa – e eu não vou despedir alguém que sempre me forneceu toda ajuda, só pelos seus caprichos – meu peito sobe e desce de raiva.
— Você é um droga de ser humano insensível – com lagrimas nos olhos eu saio do escritório e vou direto pro meu quarto, onde me deito trancada e choro ate adormecer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Inimigos e Amantes - Livro 1
RomanceAos 18 anos, Maria Clara vê sua vida mudar drasticamente ao ser forçada a se casar com Alessandro Medina, um homem poderoso e reservado, conhecido por sua fortuna e postura implacável. Ela sempre sonhou com um amor verdadeiro, mas agora se vê presa...