Entre Inimigos e Amantes - Livro 1

Capítulo 4

O calor que emana em mim, eu não sei dizer se é de seu corpo ou pela fricção de nossos dois corpos completamente colados, minhas mãos espalmadas em seu peito, seus olhos negros olhando em minha direção, sua boca próxima a meu rosto, consigo sentir sua respiração e o seu perfume quando respiro fundo tentando controlar o impulso de bater em sua cara.

Seu maxilar trincado com sua boca apertada em uma linha reta, se bem que nada reto, seus lábios grandes e vermelhos não conseguem ficar finos, mas percebo que ele esta puto. As mãos em meus braços estão começando a queimar, não sei se é por ele estar apertando muito forte ou porque meu cérebro esta começando a pifar mesmo, por conta de esse olhar que esta começando a me deixar com medo.

— Me solta! — soco seu peito e me debato em seus braços — me solta ou eu vou gritar! — me debater é inútil, ele é muito mais alto que eu e muito mais forte.

— Escuta! — ele me segura mais forte me forçando a olhar em seus olhos — eu não quis dizer isso — ele suspira — merda! Só não quero que fique por fora do que esta acontecendo, mas também não quero que estrague tudo! — seus olhos são tão intensos que sinto aquele frio novamente e acho que ele percebe que tremi porque ele me solta, e posso respirar normalmente novamente. — você vem? — ele passa por mim e se dirige para a entrada de casa.

— Espera! — digo ao me virar — porque falou isso? Achei que já sabia do que estava acontecendo, achei que essa palhaçada de casamento era uma junção de empresas, algo ligado a isso, o que eu não estou sabendo Zabdiel? — ele estava de costas para mim, com as mãos nos bolsos da calça, e sem se virar, aquela parede negra com cabelos loiros me responde.

— Odeio injustiças, fique ciente disso. — percebo ele suspirar porque seus ombros se mexem — mas isso é uma coisa que não me diz respeito dizer, terá que perguntar a seu pai. Agora vamos aqui esta ficando frio e você não esta devidamente agasalhada. — preocupado comigo?

O que eu deveria sentir por ele? Ódio? Pena por ser um completo imbecil? Empatia por se preocupar comigo? Minha cabeça já esta dando pontadas, mas algo me diz que a verdadeira dor ainda esta por vir por que pela primeira vez meu pai mentiu pra mim e eu não descobri.

Sigo ele com certa distancia segura, Zabdiel é um homem intenso, mas algo me diz que existe algo por debaixo dessa capa escura que são seus olhos. Quando voltamos encontramos nossos pais na sala, conversando. Eu me sento em uma das poltronas solitárias enquanto Zabdiel se senta na poltrona justamente a minha frente.

Eu não consigo falar, minha cabeça esta completamente em ativação total, processando cada palavra que saiu da boca de Zabdiel. O que esta acontecendo? O que eu não estou sabendo? Porque meu pai me envolveria em algo tão grande e não contaria tudo que diz respeito?

Sei que estão todos me olhando, mas mantenho meu olhar ao chão, sinto o olhar deles, mas não consigo falar, não tenho nada a dizer, só quero subir pro meu quarto, tomar um banho, me deitar e me esconder embaixo dos lençóis pra fingir que esse filme de terror é só mais um dos meus pesadelos criados pela minha mente claramente perturbada.

De repente sinto uma mão por cima da minha e ao levantar meu olhar eu vejo a mão de Zabdiel sobre a minha, seus dedos grandes entrelaçados nos meus pequenos dedinhos, levanto meu olhar e o vejo ao meu lado, diabos? Em que momento ele se levantou e veio para meu lado? Quando ele vira o olhar a mim, puta merda! Ele sorri para mim, e acho que ouço minha mãe dizendo algo sobre mim, mas não faço a menor ideia do que seja porque me prendi completamente no sorriso singelo que assombra o rosto dele.

Quando ele percebe que estou fixada em seu rosto, lentamente seu sorriso vai desaparecendo dando volta a aquele olhar intenso e cheio de questionamentos que vi a pouco tempo no jardim, é intenso demais.