Entre Inimigos e Amantes - Livro 1

Capítulo 3

Pela primeira vez sinto vontade de agradecer minha mãe por me acordar. Ainda estou no chão, suada, e meio atordoada com o sonho que eu tive, certeza que meu cérebro deve estar dando curtos circuitos com tanto problema caindo sobre o coitado de uma vez só.

Levanto-me rápido demais, o que me custa uma bela tontura. Pra ser sincera ainda estou cansada, mas não é fisicamente, é psicologicamente. É como se varias toneladas caíssem sobre mim e eu não conseguisse levantar, estou presa embaixo disso tudo, sem ar, sem saída, sentindo todos os meus músculos sendo espremidos e meus ossos quebrados.

Mas estou decidida a ficar bonita e atraente pra esse jantar. Tomo um banho, lavo meu cabelo rapidamente, deixo a água cair pelo meu corpo tentando lavar esse cansaço, fazer com que meus pensamentos se acalmem e meus músculos tensionados relaxem. Ao terminar, seco meu cabelo, faço pequenas ondas e amo o resultado.

Devido a minha pequena sonequinha, minhas olheiras estão melhores, mas ainda sim visíveis. Não sou muito de usar maquiagem, mas como se faz necessário, pego um pouco de marrom e preto para usar nos olhos e destacar a cor de mel deles, um batom rosa e coloco meu vestido com meus saltos bege. Quando me olho no espelho quase não me reconheço, já não se nota as olheiras, meus olhos aumentaram e a cor parece mais viva neles, as ondas em meu cabelo destacou sua cor negra, e o vestido, nossa, ficou perfeitamente encaixado no meu corpo, me deu uma silhueta de boneca. Preciso me lembrar de me arrumar mais, fazia tempo que não me via tão linda como agora.

Quando reparo no relógio me surpreendo ao ver que falta apenas 15min para o horário marcado. Eu realmente não sei o porque, mas estou começando a suar, e se eu não fizer algo pra controlar meus impulsos nervosos eu vou entrar em surto, certeza.

Ah não!

Já basta ter que aturar isso, não vou passar vergonha tendo um surto na frente deles, respiro fundo varias vezes, não quero que Zabdiel pense que eu estava ansiosa pela chegada dele, porque se dependesse de mim ele nem existiria na minha vida.

Porque eu estou preocupada com o que ele pensa mesmo? Bato na minha cabeça pra tentar ouvir se tem algum parafuso solto dentro, mas como não faz barulho parece tudo em ordem.

Não consigo ficar parada, nem consigo sair do bendito do meu quarto, vou cavar um buraco no chão se continuar andando de um lado para o outro, sinceramente esses são os 15min mais demorados da minha vida.

Olho compulsivamente o relógio e somente se passaram 5min, ah fala serio, já estou a ponto de ter um colapso nervoso! Mas que coisa irritante!

Me olho novamente no espelho pela ultima vez para me certificar que esta tudo em ordem, e tomo coragem pra sair do quarto, afinal uma hora ou outra vou ter que sair mesmo. Melhor sair com minhas pernas do que sair arrastada, a vergonha é menor assim.

Assim que desço as escadas eu vejo papai sentado na poltrona, fitando o nada, um copo de uísque na mão, o que me deixa mais nervosa, papai não toma álcool desde que perdemos meu avô para a cirrose, pelo o que fiquei sabendo pela mamãe, meu avô bebia descontroladamente e a violência que ele desenvolvia assustava meu pai, acho que o medo de se tornar o mesmo que ele.

Por esses motivos meu pai sempre odiou qualquer bebida que contem álcool, ele só bebe quando esta nervoso, bravo ou quando esta fazendo negócios. Nesta noite ele provavelmente esteja preocupado se vou seguir bem o roteiro dessa atuação ridícula, mas como disse, faço por eles, não por mim. Pensando assim se torna cada vez mais patético.

— Papai — me aproximo dele — esta tudo bem com o senhor? — sento-me no sofá ao seu lado.

— Oi Emily — ele desperta de seu sonho. — nossa filha — ele sorri para mim, é definitivamente algo não está certo — você esta belíssima! — apesar dele ser duro e as vezes ate insensível eu sei que meu pai me ama e receber um elogio dele alegra meu coração. Apesar de tudo.