Capítulo 54

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— Acho que deveria seguir o conselho da sua noiva Zabdi — ela cruza as pernas, para alguém tão velha não deveria estar vestindo algo mais longo? — Ah qual é, uma conversa entre bons amigos, pelos velhos tempos, o que você acha de deixarmos tudo no passado? — cerro meus punhos.

— O que você acha de dar o fora da minha frente antes que eu não responda por mim — até um burro sentiria a frieza e dureza de suas palavras.

— Uau, quando você se tornou tão selvagem? — ela olha para ele e dá risada — ai, estou brincando! — ela se levanta — vim te parabenizar pelo casamento — se aproxima dele — nunca pensei que fosse capaz de assumir um compromisso tão sério com alguém.

— Não que eu não quisesse assumir nada sério com ninguém, o problema era que o ninguém daquela época era você, então não me venha com essa merda agora, vai embora daqui. — Nossa.

— Se você tivesse me escutado naquele dia, nossa vida teria sido diferente — ela se aproxima dele novamente e ele me coloca atrás de seu corpo.

— Ok, ok, eu não quero ouvir essa merda Gwen — ele suspira — estou noivo, amo a mulher que está ao meu lado — vejo ela trincar o maxilar — eu sou feliz e sempre vou ser ao lado da Emily, disso não tenho dúvidas. Não se atreva a voltar aqui ou a me procurar, agora, você sai ou eu vou precisar tirar você daqui a força? — ela suspira, pega a bolsa e dá meia volta saindo da sala.

Zabdiel solta minha mão e deixa o corpo cair sobre o sofá.

— Você sabia que ela tinha voltado? — questiono-o.

— Claro que não! — ele eleva o tom de voz — nem sabia que ela ainda existia. — Ele passa a mão pelo cabelo, expelindo frustração.

Deem play na música.

Ela mexeu com ele.

Maldito subconsciente.

— O que você sentiu ao ver ela de novo? — minha insegurança bate, não posso evitar.

— Que porra você está me perguntando? — ele me olha — acha que fiquei feliz em saber que a pessoa que mais me feriu na vida voltou? De onde você tirou isso? — ele se levanta suspirando dando meia volta no sofá.

— É errado da minha parte me sentir insegura porque seu primeiro amor voltou e parece que você está quase tendo uma crise de nervos?

— Eu não me importo com essa merda! — Ele grita. — Droga. Ela não significa nada para mim. Eu não preciso dela, mas de você...

— Tá claro que ela ainda mexe com você — meus olhos entregam meus sentimentos — não deveria dizer que me ama, quando está obvio que você ainda a ama.

— De onde você tirou essa besteira? — fungo.

— Se não sente nada por ela, me diz porque depois que ela saiu você está reagindo como se o Noah acabasse de trair você novamente? — ele desvia o olhar — é claro que você não vai admitir. Você paralisou quando viu ela Zabdiel! — a essa altura já estou chorando.

— Isso não é verdade — dou risada.

— Claro que não — subo as escadas dando as costas para ele. Preciso sair daqui, eu preciso de ar puro, sair de perto dele.

— Emily! — ouço seus gritos e passos atrás de mim. — Emily! Pare! Precisamos conversar — ele me puxa pelo cotovelo e eu me solto — pare de ser tão infantil.

— Se eu sou tão infantil, vai atrás da outra, tenho certeza que ela é bem mais mulher e muito mais madura que eu. — Vou até meu quarto e me tranco lá.

Preciso sair daqui!

Vou ate meu guarda roupas e pego um vestido, visto rapidamente, calço um par de sandálias, minha carteira e minha bolsa junto as chaves do carro.

— Emily! — ele bate na porta — abre a porta, não quero que fique mal entendidos entre nós dois.

— Vai para o inferno Zabdiel! — o sentimento de raiva amargo e dolorido está no comando de meu corpo e estou pouco me ferrando para o que a mãe ou o pai dele iram pensam de mim.

— Você melhor que ninguém sabe que eu amo você, mas que droga é essa agora? — meu coração se aperta.

Ele não pode dizer isso, assim do nada enquanto brigamos.

Ele não tem esse direito.

— Você não esqueceu ela, isso eu já notei — vou em direção a porta e me encosto nela — mas porque não me falou isso antes que eu me entregasse a você antes que eu te desse meu coração — choro deixando meu corpo ir ao chão.

— Emily, abre a porta, me deixa te provar que você está errada.

— Zabdiel, você pode me amar como diz, mas aparentemente — fungo — também ainda a ama.

Silêncio.

Nenhuma resposta.

Eu não errei.

— Sabe, nem eu sei porque te amo, na verdade antes de você eu nunca tinha me apaixonado com essa força, com essa intensidade, você foi o primeiro. — Dou risada — pra no final descobrir que você ainda está preso ao seu passado, tem noção do quanto isso é frustrante?

— Emily, minha reação é totalmente normal, eu não a via desde o colégio. Isso não quer dizer que eu ainda sinta algo por ela, entenda isso.

Me levanto e abro a porta para encara-lo.

Me surpreendo ao ver que ele está no chão. Baixo meu olhar.

— Se ela chegasse pra você e dissesse que te ama, que mudou e que quer tentar novamente, o que você faria Zabdiel? — seu olhar desvia do meu — o que você faria se ela te roubasse um beijo? Se ela te tocasse o que você ia sentir? — novamente seu silêncio. — Era tudo que eu precisava ouvir.

Fecho a porta e sigo para as escadas.

— Aonde você vai a essa hora? — ele me para novamente e me solto. — Não seja imprudente.

— Me trata como se eu fosse uma simples menina, mas novidades, não sou.

— Minha nossa — a mãe dele aparece — o que está acontecendo?

— Nada — digo — estou de saída, vou ver meu pai, se a senhora me permite. Com licença.

Desço ferozmente as escadas e a chuva lá fora agora é mais uma tempestade fria e clareada por fortes relâmpagos.

— Emily, minha querida, está descendo o céu lá fora, por favor não saia — dona Noemi fala quando chego a porta.

— Eu vou dirigindo, não tem perigo algum, vou ficar bem.

— Zabdiel, meu filho faça algo pelo amor de Deus — sorrio diante de sua frase.

— Se não quer me ver, eu saio, mas não saia nessa chuva. — Me viro para ele.

— A casa é sua, não minha. — Abro a porta e o ar gelado me faz congelar instantaneamente quando os pingos fortes e grossos batem em minha pele me fazendo tremer.

— Emily! — ele grita por mim na chuva.

Sigo para a garagem e quando adentro o carro já estou ensopado.

Ligo o carro e saio da mansão vendo pelo retrovisor a imagem dele no meio da chuva parado como uma pedra diante da porta.

Dirijo entre lagrimas e pouco tempo depois chego ao meu destino.

Ensopada, magoada e sem ter pra onde ir, bato a porta da única pessoa que poderia me ajudar nesse momento.

— Emily? — seu cabelo bagunçado, sem camisa, calça moletom, e olhos inchados, imagino que estivesse dormindo.

— Desculpa vir aqui essa hora, sem avisar nem nada, mas... — caio no choro novamente. — Chris, posso entrar por favor?

— É claro que sim — ele me puxa pelo braço e me abraça pelos ombros fechando a porta — meu pai, você está congelando, vou buscar uma toalha, senta aqui.

Choro no sofá e me pergunto como minha vida virou essa tempestade sem fim.

Entre Inimigos e Amantes - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora