Entre Inimigos e Amantes - Livro 1

Capítulo 57

Dêem play na música.

— Temos? — ele me olha e coloca as mãos nos bolsos. — Mas para ser sincero acho que temos mesmo que falar sobre algumas coisas que estão nos incomodando não é? — Ele se recosta na mesa. — Como sou cavalheiro deixo você começar.

— Precisa de todo esse teatro e deboche? — me aproximo. — Onde você conseguiu essa foto?

— Esse é o problema? Como consegui a foto? — Ele sorri.

— Sim, anda mandando me seguir agora? Quão desconfiado você anda?

— Está mesmo voltando a situação para o seu lado, é sério isso Emily?

— Desde quando você desconfia do seu melhor amigo? — Ele me olha e sorri.

— Se não se lembra, me deixe refrescar sua memória, eu já fui traído muitas vezes por quem eu menos esperava — seu rosto se fecha — acho que não estou errado por desconfiar.

— Está! Está sim! Porque não estamos falando do Noah, sim do Christopher! Esteve com você todos esses anos lhe ajudando de todas as formas possíveis e lhe dando apoio quando precisou, você nem sabe tudo que ele já passou não é? — Dou risada — acho que o único que não sabe o que é amizade de verdade aqui é você Zabdiel.

— E com que direito, ou melhor, com qual informação você fala com tanta convicção do que ele já viveu? — Desvio meu olhar.

— Se diz o melhor amigo dele, deve saber do que estou falando. Mas isso não vem ao caso agora — respiro fundo — primeiro, não temos porque discutir a vida de outra pessoa, estamos noivos, nós amamos e quero resolver as coisas — tento acariciar seu rosto, mas ele o vira — eu sei que não deveria ter saído daquele jeito ontem, me desculpe.

— Tem noção do quanto ficamos preocupados? — seus olhos me julgam, me sinto pequena — você não pensou em como minha mãe ficaria por você ter saído daquele jeito e naquela chuva? Você é tão egoísta! — O olho descrente.

— É sério? — Sorrio — eu? Egoísta? Quem foi que sacrificou uma vida de sonhos para estar com você aqui, enfrentando toda essa merda de jogo de poder! Quem desistiu de tudo que queria para simplesmente se entregar a droga de um amor que nem eu sabia que sentiria! Quem foi que colocou tudo para trás e soube esquecer todas as palavras duras e difíceis que você me disse? — Meu peito sobe e desce. — Não, eu não sou egoísta, o egoísta aqui é você!

— Quer dizer que por eu me preocupar com você agora eu sou egoísta? — Ele sorri — inacreditável.

— Inacreditável é você, sempre que brigamos eu tento fazer as pazes — me aproximo — eu Zabdiel! Você sempre se fecha na porra dos seus complexos de passado e insegurança! Sempre duvidando das pessoas que mais o amam!

— Porque a facada sempre vem de quem menos esperamos! — Ele grita.

— E por isso você vai viver a vida com medo de confiar nas pessoas? — Suspiro — precisa mudar isso em você ou vai perder as pessoas que mais te amam.

— E o que você ainda faz aqui? — Ele desvia o olhar.

— Me faço a mesma pergunta desde ontem a noite — passo as mãos no rosto. — Mas você mais do que ninguém sabe porque continuo aqui nesse relacionamento tóxico e abusivo! Porque apesar do meu orgulho ferido, do meu psicológico acabando a cada dia ao seu lado, eu ainda amo você. — Ele me olha — é, apesar do grande babaca que é, ainda consigo amar você.

— Se me ama, porque não consegue acreditar no meu amor por você? Porque acha que não é recíproco?

— Eu sei que errei ontem, e estou aqui reconhecendo meu erro. Mas imagine se meu ex voltasse a cidade depois de muito tempo e você me questionasse sobre voltar com ele, e eu ficasse muda, como você reagiria Zabdiel? Sabe, as vezes a insegurança bate. — Desvio meu olhar.