Capítulo 53

521 69 43
                                    

— Acho que é cedo demais para se falar sobre crianças — Zabdiel como se lesse meus pensamentos nos tira dessa constrangedora situação — ainda nem casamos, e somos jovens demais. — Ele me olha e eu sorrio, mas me preocupo com o seu pai quando direciono meu olhar para ele.

— Mas — intervenho — não quer dizer que não podemos ter depois de nos casarmos Zabdi — falo e vejo o semblante de seu pai mudar. Zabdiel me olha e eu direciono meu olhar para o seu pai.

— Claro — ele sorri e voltamos a comer.

— E a empresa? — o pai de Zabdiel questiona — como estamos meu filho? — vejo Zabdiel suspirar.

— Por enquanto estou mantendo tudo em seu devido lugar e graças a sua futura nora — levanto meu olhar e atenção para a conversa — fechamos um negocio importante, consegui adquirir mais ações para meu lado.

— Imagino que tenha disputado com Noah — Zabdi confirma. — Mas como assim foi graças a Emily? — sorrio.

— No dia em questão Zabdiel ainda não podia comparecer a empresa devido ao que aconteceu com ele — respiro fundo — não foi nada fácil enfrentar ele, mas com a ajuda de Christopher consegui fazer um acordo com os acionistas.

— Ora, ora, meus parabéns minha querida, sabia que você tinha potencial para esse tipo de coisa — ganho um sorrio e retribuo, orgulhosa por estar fazendo o certo.

— Isso que aconteceu comigo e com os acionistas foi somente a ponta do iceberg — Zabdi comenta — as matérias de fofoca na mídia, incluindo Emily, Christopher e eu é só mais uma ideia dele para tentar me derrubar da presidência, ele já havia sido claro sobre querer meu lugar, mas agora ele está totalmente empenhado em conseguir isso.

— Não me parece saudável — dona Noemi comenta.

— E não é, posso garantir — suspiro — ele chegou a me ameaçar, me disse que eu seu ficasse no caminho dele, iria cair assim como o Zabdi. — Seu Carlos fica horrorizado.

— Infelizmente não podemos fazer nada sem provas — seu Carlos comenta — nas clausulas da fundação da empresa estão claras que nenhum dos dois lados pode romper a filiação sem ter provas concretas e firmes de traição. — Ele suspira — se o pai dele estivesse vivo ficaria decepcionado com o tipo de filho que ele se tornou.

— Ele ficou assim depois que o pai morreu — Dona Noemi fala. — Foi um momento muito difícil para ele, já que seu pai era tudo que ele tinha.

— E a mãe dele? — questiono curiosa.

— Morreu quando deu a luz — dona Noemi responde.

— Que triste, mas do que o pai dele morreu seu Carlos? — questiono curiosa.

Vejo Zabdiel reagir ao meu lado, e não de um jeito positivo.

— É melhor deixar isso para outra hora, vamos terminar de comer — Zabdiel comenta.

Não insisto porque parece que todos ficaram tensos, apenas continuo a comer.

Terminamos a refeição conversando aleatoriedades, como o casamento, os preparativos, minha relação ter melhorado com o Zabdi, o que deixou dona Noemi e seu Carlos muito felizes por termos se declarado um ao outro.

Depois do jantar, eu e dona Noemi vamos até a cozinha para buscar café para os dois rapazes na sala conversando sobre negócios.

— Dona Noemi — chamo sua atenção enquanto preparamos a bandeja — como o pai de Noah morreu?

Questiono novamente porque estou curiosa de saber o porque Zabdiel reagiu desse jeito tão ruim.

— Acho que quer saber por causa da reação de Zabdiel, não é? — e como se ela lesse meus pensamentos.

— Sim, o jeito que ele reagiu quando perguntei, me deixou intrigada, o que aconteceu que a morte do pai de Noah afeta ele assim?

— Sabia que eles já foram muito amigos, não é? — assinto — bom, acho que foi depois da morte do pai de Noah que as coisas entre eles dois começaram a ficar abaladas — ela suspira.

— Mas dona Noemi, eu soube que Noah ficou com a namorada de Zabdiel na época da escola, quer dizer que o pai de Noah morreu quando ele ainda era adolescente?

— Sim, foi uma época difícil, Zabdiel se dedicava a todo custo e tempo para tirar ele do poço, fazer ele parar de beber, de arrumar brigas, por Deus — ela suspira com a mão no peito — teve uma vez que pensei que os dois não iam sobreviver, Zabdiel saiu no meio da noite procurando por ele e o achou em um bar apanhando de vários homens, se meteu e acabou se machucando também, a sorte foi que Christopher encontrou os dois jogados no chão e os levou para o hospital. Depois daquele dia, as brigas frequentes dos dois começaram e depois do que ele fez com a namorada de Zabdiel, bom, o resto você já sabe.

— Entendi, mas a senhora ainda não me disse como foi que a morte do pai de uma das pessoas que ele mais odeia hoje em dia, afeta tanto ele. — Ela suspira.

— O pai de Noah cometeu suicídio. — Meu corpo gela. — Naquela época as coisas na empresa não estavam indo muito bem, Carlos e Estevan estavam dando tudo que podiam, mas as coisas não pareciam melhorar, em uma noite, Zabdiel e Noah tinham saído e foram para a casa de Noah, assim que entraram ouviram o barulho de um tiro, quando subiram as escadas encontraram o corpo de Estevan caído sobre a mesa. — Arrepios correm por meu corpo. — Não é uma coisa que se esqueça.

— Ah Zabdi... — sinto meus olhos arderem.

— Ele foi tudo que pôde ser para Noah, e no final ele o traiu, é por isso que Zabdiel tem dificuldade em confiar nas pessoas, hoje em dia os amigos dele são muito selecionados, basicamente os que restaram da época da escola. — Ela se aproxima de mim — o que ele tem com você agora é muito especial, uma coisa que eu achei que ele nunca mais iria sentir, amor e confiança por uma mulher.

— Eu amo muito ele dona Noemi, jamais faria algo para acabar com o que temos, ele foi o meu primeiro amor, e espero que seja o único para o resto da minha vida — ela sorri e acaricia minha bochecha.

— Vamos, antes que eles comecem a gritar. — Damos risada e nos encaminhamos para a sala.

— Voltamos — digo ao carregar a bandeja — nossa que silêncio... — me calo ao notar a presença de outra pessoa na sala.

Uma mulher.

— Então essa é a escolhida para ser a esposa do herdeiro? — a morena claramente mais velha que eu, comenta me olhando.

— O que faz aqui? — Dona Noemi questiona a moça.

— É bom lhe ver novamente dona Noemi, cadê meu abraço? — a morena abre os braços, e dona Noemi continua ao meu lado, parada. — Cheguei hoje e vim fazer uma visita.

Zabdiel não se move, não fala, está preso ao chão olhando para a morena com os punhos fechados ao lado do corpo.

Deixo a bandeja na bancada e me aproximo dele.

— E você é? — toco a mão de Zabdiel que rapidamente entrelaça os dedos aos meus.

— Gwen Garcia, muito prazer — ela estende a mão e eu travo ao ouvir seu nome.

Mas que porra ela faz aqui?

— Mãe — Zabdiel abre a boca e me assusta — por favor, leve papai para o quarto, passo para dar boa noite depois. Nos deixe a sós.

— Claro meu filho — ela ajuda seu Carlos a se levantar e o conduz ate as escadas.

— Não ganho nem um oi seu Carlos? — Gwen o questiona, mas ele a deixa sem a miséria resposta. — Nossa, quando vocês se tornaram tão simpáticos? — ela se senta.

— O que você está fazendo aqui Gwen? Porque caralhos voltou? — aperto seu braço ao sentir o ódio em suas expressões.

— Já falei que vim fazer uma visita — ela me olha — claro, vim ver você meu bem — fecho meus olhos por um instante.

— Acho melhor deixar vocês conversarem — me solto de Zabdiel.

— Seria ótimo, assim poderíamos conversar com mais calma, como nos velhos tempo não é Zabdiel? — estou prestes a sair, mas rapidamente ele me puxa pelo braço me trazendo para perto de seu corpo.

— Você fica.

Gwen dá risada.

Entre Inimigos e Amantes - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora