MMXVII: Enchanted, Taylor Swift

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Manoela Gavassi

2017

O Rio de Janeiro era famoso por suas praias, e recebia milhares de turistas ao longo do ano apenas com o desejo de visita-las, o Cristo Redentor também não saia perdendo, sempre lotado de brasileiros e viajantes de todas as partes do mundo. A cidade maravilhosa tinha pontos turísticos para todos os gostos, mas para Manoela, nada conseguia bater o grande e belíssimo Museu Nacional, toda a história guardada ali dentro enchia seus olhos, a beleza das relíquias e a importância daqueles objetos para a humanidade sempre lhe fascinou.

Desde que se mudou de São Paulo, tentou arrumar tempo para conhecer um pouco mais da cidade e o Museu que tanto era apaixonada, mas problemas com a mudança de estado e com a papelada da faculdade lhe trouxeram tanta dor de cabeça que toda a sua curiosidade de estar em um lugar novo havia sido deixada de lado.

Mas agora, andando pelos corredores e deixando os olhos analisarem cada detalhe das peças históricas, soube que algum ser superior havia planejado para que tudo ocorresse justamente naquele dia. O movimento tranquilo e o clima agradável deixavam a visita perfeita, com poucas pessoas o barulho diminuía e era bem mais fácil se concentrar na descrição dos objetos.

A área de fósseis era a favorita das crianças, a sala estava cheia de pais que passeavam com seus filhos pequenos, essas que, não paravam de apontar para os fósseis com tamanha admiração e fervor. A fascinação dos pequenos era de se encher os olhos, todos empolgados em conhecer criaturas tão grandes e distintas, Manoela quase se parecia com um deles. Saber que aqueles animais tão incredíveis existiram e viveram no mesmo lugar onde agora ela vivia, deixava-a deslumbrada.

Parada em frente ao crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, deixou com que sua atenção fosse direcionada as explicações sobre a história daquele fóssil e como sua descoberta embaralhou mais ainda as cartas do misterioso jogo que era a origem humana.

Estava tão concentrada e imersa que mal notou a mulher que parou ao seu lado, ela era ligeiramente mais alta, a pele bronzeada pelo sol e tinha um sorriso brilhante no rosto que se estendia para os olhos, e que olhos. Ela não fazia questão de esconder o fato de estar encarando demais, ao contrário, parecia querer justamente chamar a atenção de Manu daquela maneira.

E conseguiu, já que a paulistana, depois de minutos em silêncio, finalmente a encarou de volta.

— Sabia que essa visita ao museu valeria a pena, só não esperava encontrar Afrodite andando pelos corredores e lendo sobre fatos históricos como se não fosse uma deusa. — disse ela, fazendo Manoela franzir as sobrancelhas com tamanha audácia. Ser cantada por alguém no meio de sua visita ao Museu com certeza não estava na programação do dia.

— Perdão, mas nos conhecemos? — questionou Manoela com a sobrancelha arqueada e os braços cruzados, a mulher não desmanchou o sorriso que carregava, ao invés disso, a pergunta pareceu um incentivo para ela aumenta-lo ainda mais.

— Em partes, você é a própria personificação de Afrodite, deusa do amor, da beleza e, a minha parte favorita, do sexo. — respondeu com a voz carregada de um tom galanteador, que tornou impossível para Manoela não se deixar levar com o elogio diferenciado. — Posso me apresentar, se desejar.

— Não precisa, você deve ser algo parecido com Hefesto. — debochou, andando lentamente entre os artefatos do período cretáceo, sabia que a mulher lhe seguiria, e não tardou para que ela começasse a andar ao seu lado. — Acertei?

— Hefesto? Não, obrigada. — ela riu, negando com a cabeça. As mãos dela estavam dentro dos bolsos de um sobretudo cinza, e Manoela se perguntou quem em sã consciência usaria uma peça daquela no calor do Rio de Janeiro. — Prefiro ser um dos amantes, quem sabe Ares.

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