༺ 𝐀𝐧𝐧𝐞 𝐒𝐡𝐢𝐫𝐥𝐞𝐲 ༺
O que você fez quando tinha 18 anos? Ou talvez você já tenha, ou ainda está muito longe de passar por essa fase infortuna. Como você se idealizava com 18 anos?
Bem, eu idealizei tudo, cada passo, cada centavo, cada possível e imaginária contraversa, porém sinto-lhe informar querido telestectador, isso não vai chegar nem perto do que você imaginou.
─ Vamos logo, já estamos atrasados! ─ e cá estou eu, sendo pressionada por Marilla para subir as enormes escadas da igreja mais famosa do Canadá. A arquitetura extremamente detalhada me levava a universos paralelos incríveis, ou talvez eu só não queria encarar o real motivo para eu estar aqui.
Não, nós não controlamos o futuro, muito menos planejamos ou mudamos o passado.
Consigo ouvir as batidas do meu coração pulsarem em meus ouvidos em um ritmo constante.
Lá estava ele. Ou pelo menos diziam que estava.
O caixão enorme e preto ofuscante, polido exageradamente, com apenas uma rosa branca deposta em cima do mesmo, solitária.
Não ele não está ali, é mentira, é tudo mentira ─ luto contra meus próprios pensamentos de infortúnia.
─ Vai ficar tudo bem. ─ sinto a mão áspera e reconfortante de Mathew apertar a minha, mas não queria olhar em seus olhos, já chorei demais essa manhã.
Tia Josephine se abaixava para observar o pequeno vidro, e suas lágrimas pingavam como uma tempestade sorrateira.
Me aproximo do local, e logo todos saem de perto. Eles sabiam da nossa ligação, até porquê eu era sua esposa, agora viúva, era esperado que nos permitiriam um último momento a sós.
Um casamento arranjado, que no fim se transformou em uma tragédia.
Deve ser triste ver uma mulher de semblante juvenil, estar vivenciando uma coisa parecida.─ Eu sei que não gosta de rosas, por isso eu trouxe um girassol. ─ forço um sorriso, colocando a enorme planta amarela em cima daquela enorme prisão. As pessoas romantizam tanto o câncer, que parece até que por conta disso, você automaticamente tem uma vida mais "interessante".
Não consigo olhar para o vidro, não quero ver seu rosto e imaginar que ele não esteja me ouvindo. Não quero ter uma lembrança de sua fisionomia pálido e sem vida, Cole tinha o rosto mais iluminado que eu já vi.
─ Não foi assim que nós planejamos comemorar o meu aniversário. ─ uma lágrima solitária cai sob meu rosto coberto por olheiras profundas e inchadas. ─ Eu nunca vou ter um melhor amigo melhor que você, Cole Makenzi. ─ um choro descontrolado se dispõe de mim, e em meio a soluços, eu tento encontrar as palavras que seriam inúteis, mas que eu precisava ouvir de mim mesma. ─ Eu te amo tanto. Eu te amo com devoção. Eu prometo, solenemente, guardar daqui para a eternidade tudo o que vivemos. ─ sinto as mãos singelas de Diana pousarem em meus braços, me abraçando por trás, e me permito esvaziar minha alma de toda a angústia que eu sentia naquele instante.
─ Anne. ─ Diana diz, me soltando de seus braços, e estendendo seu dedinho mindinho. Eu a acompanho, unindo nossos dedos firmimente. ─ Te amaremos enquanto o sol e a lua existirem. ─ falamos em uníssono.
E foi aí que eu percebi o quão inútil era tentar controlar o próprio destino, e o quão fútil querer mudar o passado.
Dizem que o tempo não é amigo de ninguém.
Eu odiava o tempo por ter me feito perder o meu melhor amigo. Mas antes de tirar, o tempo te dá.
Todos os dias você ganha 86.400 segundos.
E eu gastei todos os meus preciosos, pensando naquela maldita fraze:O que eu vou fazer da minha vida?
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𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭
Fanfiction↝ No início da 2° Guerra Mundial, Anne Shirley, que acabara de perder seu marido, agora se prepara para morar na Inglaterra, através de um trabalho voluntário, cuidando de crianças órfãs, na tentativa gloriosa de tentar superar tudo o que lhe havia...