Anne Shirley.
Eu me sentia vazia. Como se minha alma tivesse sido roubada por alguém e eu já não era mais capaz de recupera-la.
Eu me sentia fraca. Inútil. Com minha filha nos braços, e meu coração nos braços dele. Eu via ele. Eu sentia ele.
Mas eu não deveria o estar vendo.Minha filha estava nos braços de Sebastian, e ele me olhava com um certo anseio. Mas ela não estava em meus braços?
Me levantei. Segui até Sebastian e ali eu me vi, como um espelho. Deitada naquela cama, os olhos fechados, e Sebastian gritando desesperado algo que meus ouvidos não me permitiam escutar.
Derrepente ele entrega Angel nos braços de Moody, e trouxe o aparelho de choque, e o instalou em meu peito, me dando um tranco, fazendo meu corpo saltar.
Eu no entando não reagia a mais nada. A nenhum sinal de fumaça.
─ Você precisa voltar. — ouço um sussuro próximo ao meu ouvido e me viro assustada. — Olá rainha da neve. — ele sorriu para mim, um sorriso que fez acender em meu peito uma faísca de felicidade.
— Cole. — eu o abracei, deixando que meu corpo respondesse por si só a aquele ato genuinamente familiar, no qual me fez tanta falta. Ele olhou em meus olhos, me permitindo ver o mais profundo do seu interior refletidos no oceano do seu lindo par de olhos azuis. — Ela precisa de você. Todos precisam de você. — ele sussurrou apoiando a mão em meu rosto. — Ela já vai ter perdido o pai, não vai aguentar se perder uma mãe tão incrível como você Anne.
— Cole... Ela se parece tanto com você. — meu peito se inundou, e me permito ser esvaziada por dentro. — Eu não sei como vou conseguir suportar tudo sozinha.
— Olhe para mim. — ele levantou o meu rosto, aproximando sua face da minha. — A sua realidade é perturbadora. Mas isso fez quem você é. Não seria tão forte se não tivesse passado por tudo isso. A felicidade não é algo palpável, você precisa ir atrás dela. E ela pode estar mais perto do que você imagina. — ele encostou a sua testa na minha, e eu fechei os olhos. — Adeus Anne, cuide bem da nossa Princesa Cordélia.
— Eu te amo. — seus dedos realizaram pela ponta dos meus, até que ele desaparecesse no meio da nuvem branca.
Meus olhos se abriram.
Bash chorava ao lado de Mary, sua esposa, e Moody também chorava insesantemente.
Mas meus olhos se abriram. Eu olhei para o lado e vi Angel dormindo tranquilamente nos braços de Moody, e aquilo fez os meus olhos se encherem de alegria.
A felicidade pode estar mais perto do que você imagina.
— Eu o amo. — sussurrei, e todos me olharam assustados. — Eu amo Gilbert Blythe. — Sebastian sorriu do jeito mais sincero que eu já vi na vida. Mary o abraçou e chorou. Moody veio ao meu encontro, enquanto enchugava as lágrimas. — Eu preciso ir atrás dele. — eu disse com convicção enquanto olhava para eles, e por fim, olhei para Angel, e segurei sua mãozinha com meu dedo.
Eu me levantei. Meu corpo fraco me levou até a porta de saída, me segurei na parede, e olhei para trás, vendo Bash, que me lançou um sorriso.
— Vá com cuidado. — ele alertou.
Eu poderia começar a dizer coisas como:
"Aproveitem enquanto podem"
"A vida é uma só"
"Valorizem enquanto é tempo."
Mas isso só soaria como um grande clichê que no fim, não tem importância.
Porque no fim... no fim de tudo isso, sabe o que realmente importa? Os momentos onde você simplesmente foi você.
Aquele dia comum, no qual você riu junto da sua mãe e contou histórias para a sua avó, o dia em que você aprendeu a andar de bicicleta, ou quando você chorou junto com sua melhor amiga. Os dias em que você simplesmente foi você, sem usar uma máscara.
Na verdade tudo isso é muito simples, mas também é tão complexo.
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𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭
Fanfiction↝ No início da 2° Guerra Mundial, Anne Shirley, que acabara de perder seu marido, agora se prepara para morar na Inglaterra, através de um trabalho voluntário, cuidando de crianças órfãs, na tentativa gloriosa de tentar superar tudo o que lhe havia...