A madrugada havia sido curta, mas o dia seria longo.
Eu não sabia mais o que fazer, ao ver Taylor suando e tossindo sem parar. Me sentia uma idiota, uma fraca.
Sua febre almentava a cada segundo que se passava, e ve-lo assim só me trouxe a mente, o quão frágil somos, e meu peito explodia de ódio por estarmos em circunstâncias tão miseráveis naquele lugar.
Por que não existia sequer uma porra de um hospital próximo?─ A febre não quer passar. ─ anuncia Gilbert colocando uma toalha molhada na testa do garoto.
─ Temos que chamar um médico agora, Gilbert. ─ digo, e meu desespero era inevitável naquele momento.
─ Já chamei o Doutor Bash. ─ diz se levantando e vindo em minha direção. ─ Sebastian é como um irmão, tenho certeza de que ele vai saber o que fazer. ─ afirma com os olhos de esperança finalmente me olhando.
─ Ótimo... ─ suspiro, observando Taylor que dormia, e respirava com dificuldade.
─ Ei... ─ sinto seu toque e instantaneamente me desperto do meu transe. ─ Ele vai ficar bem, não se preocupe. ─ passeia seu polegar pelo meu ombro, numa forma de me reconfortar, o que incrivelmente funcionou.
─ Tudo bem. ─ forço um sorriso fraco, ao ver sua expressão apreensiva, me dando uma última olhava para conferir se eu realmente estava bem.
─ Venha, vou te mostrar uma das melhores coisas que Bash me ensinou a cozinhar. ─ segue até a cozinha esboçando seu sorriso de felicidade.
─ Quero ver se é bom mesmo na cozinha, senhor Blythe. ─ digo em um tom sarcástico, mas não consigo conter um sorriso.
─ Está me desafiando? ─ ele para o que estava fazendo e me encara seriamente, desacreditado no que ouviu, e ri por fim. ─ Você não faz idéia com quem está falando, senhorita Shirley.
─ Então me mostre. ─ sorrio descaradamente, o encarando do outra lado da mesa, de frente para ele que mexia na massa de bolo sem parar.
Ele me olha por um momento que pareceu uma eternidade, e sem eu esperar, coloca um pouco da massa em meu nariz, e logo em seguida se esconde atrás do fogão.
─ Seu desgraçado, você me paga. ─ corro atrás dele, que vai para o outro lado da mesa. Por mais que eu corresse o idiota era mais rápido que eu.
Ele estava na ponta da enorme mesa, enquanto eu estava na outra, parados, esperando quem iria se arriscar em correr primeiro e ser pego.
Eu corro primeiro em sua direção, porém ele vem ao meu encontro, fazendo nossos corpos se trobarem no mesmo instante.
Ele segura em meus braços com cuidado para que eu não me desequilibre, e paramos por um segundo para recuperar nosso fôlego.
Ele me olhava com desejo, intercalando seu olhar em minha boca e meus olhos, com os ombros subindo e descendo cada vez mais conforme a intencidade de sua respiração.Meus cabelos estavam mais bagunçados do que os sentimentos aguçados que ele me instigava, e derrepente me vejo a beira de um precipício ao me deparar com o brilho de seus lindos olhos castanhos.
Esse desgraçado ainda vai acabar comigo.
Sinto sua respiração pairar em meu rosto trêmulo, e minhas pernas que pareciam não suportar mais o meu peso.
─ Eu te peguei. ─ sussurra tão inaudível que se não estivéssemos colados, eu certamente não ouviria, passando o dedo delicadamente sob meu nariz, limpando-o.
─ Eu... ─ a porta da frente se abre com força, fazendo um barulho estrondante por ser tão frágil, e nos separamos no mesmo instante, tentando recompor nossas estruturas.
Uma mulher loira aparentemente bem mais velha que eu aparece como um fantasma sorridente, chamando o nome do homem pelo qual eu estava prester a beijar.
─ Gilbert, não acredito que você está aqui. ─ ela diz, praticamente gritando, e ignorando totalmente o fato da minha existência.
─ Winnie... ─ ele diz meio sem jeito, passando a mão pela nuca. ─ Não sabia que ainda trabalhava com Bash.
─ Eu vim para cá depois de Los Angeles. ─ se aproxima dele, e o abraça fortemente. Não consigo evitar de prestar atenção em como ela acariciava seus músculos, como se tivessem uma grande intimidade, e incrivelmente ele retribui na mesma hora, envolvendo sua cintura.
A minha cara de merda era totalmente evidente.
─ Essa é Anne, a nova voluntária. ─ ele a solta do abraço, estendendo a mão para me mostrar, porém percebo que ainda segurava a cintura dela.
─ Prazer Anne, seu nome é com "e" no final? ─ estende a mão para um comprimento amigável.
Apenas retribuo o aperto de mão, forçando um sorriso, e antes que eu pudesse responder, alguém entra na casa, parescendo ter corrido uma maratona.
─ Winnie, você me paga! ─ diz o moreno sem fôlego, se apoiando nos próprios joelhos.
─ Bash! ─ exclama Gilbert e vai em direção a ele. ─ Obrigado por vir. ─ diz em meio a um abraço de urso, batendo brevemente nas costas do amigo.
─ Olá, você deve ser a Anne na qual Gilbert tanto fala. ─ Bash se aproxima de mim, e vejo Gilbert o lançar um olhar de puro ódio. ─ Muito prazer. ─ ele estende a mão e eu retribuo.
Gilbert me olhava com um sorriso de lado, porém eu não esboçava nenhuma simpatia para o mesmo, que parecia não saber o por quê.
Agora a madame vai se fazer de desentendida?
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𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭
Fanfiction↝ No início da 2° Guerra Mundial, Anne Shirley, que acabara de perder seu marido, agora se prepara para morar na Inglaterra, através de um trabalho voluntário, cuidando de crianças órfãs, na tentativa gloriosa de tentar superar tudo o que lhe havia...