─ O senso de humor nunca mudou mesmo! ─ diz Winnifred esbanjando o sorriso que encantaria qualquer homem em sã consciência. Ela olhava para Gilbert como alguém que já tinha ganhado seu prêmio, e ele por sua vez, não disfarçava o quão interessado estava em saber mais sobre o que ela aprendeu sendo assistente do Doutor Bash.
─ Já fui melhor, estou meio enferrujado. ─ diz Gilbert rindo para a moça, que observava atentamente seu rosto, um do lado do outro, ombros encostados, perfeitamente do mesmo tamanho, enquanto observavam Bash usar o estetoscópio para examinar Taylor.
─ Okay... ─ Bash arrumou o aparelho, colocando-o no pescoço. ─ Winnie tire a temperatura dele pra mim, por favor. ─ diz saindo de perto do garoto e caminhando em direção a cozinha, porém é parado por Gilbert que o seguiu.
─ Bash. ─ Gilbert segura o braço do rapaz, assim que ele adentrou a cozinha. ─ Pode por favor examinar a senhorita Shirley? Ela vem tendo um mau estar desde que chegou. ─ me olha com um sorriso nos lábios antes de voltar para a sala de estar, e Bash apenas acente com a cabeça, me olhando.
Ele caminha em passos largos até a mesa, onde eu me encontrava do lado oposto ao seu, e eu lhe sirvo uma xícara de café fresco:
─ Obrigado. ─ diz após pegar a xícara e dar um longo gole. ─ O que está sentindo exatamente? ─ me olha curioso.
─ Não é nada demais, Gilbert é exagerado. ─ tento parescer o mais descontraída possível. ─ Só ando meio enjoada e com um pouco de asía... só. ─ engulo em seco.
─ A quanto tempo mais ou menos? ─ dá outro gole em seu café.
─ A umas... 3 semanas, eu acho. ─ digo, vendo ele largar a xícara e caminhar até mim.
Ele põe o estetoscópio nos ouvidos e os direciona cuidadosamente em minhas costas, e eu respiro fundo conforme ele mudava o objeto de posição.
Me analiza brevemente com os olhos meticulosos, procurando respostas por toda a extremidade de meu rosto. Coloca as costas das mãos em minha testa e me olha confuso no mesmo instante.
─ Não está com febre. ─ diz, parescendo espantado, e cada vez mais sinto o medo se apossar de mim. ─ Como anda seu ciclo menstrual senhorita Shirley? ─ tira o aparelho de seus ouvidos.
Ele não pode estar pensando nessa possibilidade, está?
─ Não. ─ digo em disparada e ele me lança um olhar confuso. ─ Eu não posso estar grávida. ─ agora eu me encontrava pálida e trêmula, enquanto ele me olhava com um semblante singelo e um sorriso contido nos lábios.
─ Respire. ─ apoia suas mãos em meus ombros, e caminha para o outro lado da mesa.
Se abaixa para pegar algo em sua maleta branca, com utensílios de médico, logo retirando algo e colocando cuidadosamente sob a mesa:
─ Para ter certeza que não, já que você diz. ─ diz ainda com a ponta dos dedos apoiadas no teste de gravidez. ─ E fique tranquila, Gilbert não é como esses outros caras.
─ O que? ─ praticamente grito. ─ Não, nós não... ─ sou interrompida.
─ Ele está com 37 de febre. ─ agarro o teste escondendo-o atrás de mim, tão rápido que nem sequer o vento poderia me alcançar. ─ Isso não é nada bom. ─ diz Winnifred adentrando a cozinha juntamente de Gilbert, e entrega o termômetro para Bash, que tentava controlar a risada ao ver a minha cara de pânico.
─ O que ele tem? ─ Gilbert se aproxima dele, e percebo um certo anseio em seu rosto.
─ É um resfriado, mas por sorte não é nada grave. ─ suspira, encarando Gilbert. ─ Dê a ele os remédios que eu te passei.
─ Muito obrigado Bash. ─ Gilbert coloca a mão em seu ombro. ─ Foi muito bom te ver, irmão.
Os dois se abraçam brevemente e Bash volta a me olhar, estática com as mãos para trás, sem nem sequer respirar direito.
─ Foi um prazer, Anne. ─ me lança um olhar reconfortante, o que me pareceu um boa sorte, e eu retribuo o sorriso.
Winnifred dá um beijo no rosto de Gilbert, o deixando estático, e ele apenas lança um sorriso desconsertado para a moça.
─ Foi bom te ver Gilbert. ─ ela diz sorridente, e ele assente com a cabeça. ─ Até mais, Anne. ─ se dirige a mim, já saindo.
─ Até... ─ respondo fraco.
A porta se fecha bruscamente de novo, fazendo a casa tremer.
─ Então... ─ diz se aproximando da mesa. ─ Você está bem? ─ diz parando do lado oposto a mesa, me olhando com certa preocupação.
─ Estou bem, não é nada demais, como eu te disse. ─ digo sorridente demais, ajeitando meu cabelo atrás da orelha.
Ele se inclina tentando ver o que eu escondia atrás de mim, e me desvio de lado no mesmo instante, imitando seus movimentos.
─ O que é isso? ─ se aproxima de mim.
─ Não é nada que você precise saber. ─ dou um passo para trás.
─ Então por que está com essa cara? ─ se aproxima cada vez mais.
Quando menos esperávamos, estávamos dançando. Ele tentando me seguir e eu desviando de seus movimentos.
─ Anne, qual é, me deixa ver logo. ─ diz com o corpo praticamente colado ao meu.
─ Não Gilbert. ─ tropeço ao andar para trás e Gilbert me pega pela cintura. Porém a merda do teste cai no chão no mesmo segundo.
Observo seu olhar de espanto ao ver a caixinha no chão próximo ao nossos pés.
Fecho os olhos, respirando fundo, já me dando por vencida. Merda.
Ele me solta de seus braços e se abaixa de vagar, pegando a caixinha.
─ Gilbert não... ─ digo passando a mão pelos meus cabelos, eu queria arranca-los um a um. ─ Não fala nada, ta bom? ─ sinto uma tremenda vontade de chorar, e não consigo encara-lo agora.
Me viro para sair de perto dele, porém sinto sua mão em meu braço.
─ Ei... ─ diz, e eu me viro para ele, sem olhar em seus olhos. ─ Calma. ─ passeia o dedo sob meus ombros. ─ Senta aqui. ─ puxa uma cadeira, e eu me sento.
Ele se agaicha a minha frente, colocando uma mão em meu joelho, sem tirar seus olhos dos meus.
─ Anne qual é o problema se você estiver grávida? ─ sua voz era tão calma, que me fazia explodir.
─ Porque Cole está morto, Gilbert! ─ grito me levantando, e sinto as lágrimas rolarem sem parar. ─ Ele está morto... ─ sussurro, encarando meus pés.
Ele me abraça e eu demoro um tempo para o retribuir, apenas apoio minha testa em seu peito, e choro em silêncio.
─ Se você estiver, está tudo bem. ─ ele apoia as duas mãos em meu rosto, me olhando nos olhos. ─ Nós vamos dar um jeito, sempre tem um jeito.
─ Eu não queria que fosse assim. ─ sinto meus olhos pesarem e meu peito doer. ─ Eu só queria que meu filho tivesse uma família completa, assim como eu nunca tive. ─ digo em meio a um choro descontrolado e estúpido.
─ O seu filho... ─ Gilbert pega em uma de minhas mãos. ─ Vai ser a criança mais sortuda do mundo por ter uma mãe como você, Anne. ─ ele me olhava com seus olhos brilhando. ─ Família é aquela que cuida e nunca te abandona, essa sim é a família mais importante. ─ ele abre os braços e eu me encaixo em seu peito no mesmo instante e ele apoia seu queixo em minha cabeça.
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𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭
Fanfic↝ No início da 2° Guerra Mundial, Anne Shirley, que acabara de perder seu marido, agora se prepara para morar na Inglaterra, através de um trabalho voluntário, cuidando de crianças órfãs, na tentativa gloriosa de tentar superar tudo o que lhe havia...