10↳ 𝐜𝐚𝐧'𝐭 𝐛𝐞 𝐫𝐞𝐚𝐥

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─ O senso de humor nunca mudou mesmo! ─ diz Winnifred esbanjando o sorriso que encantaria qualquer homem em sã consciência. Ela olhava para Gilbert como alguém que já tinha ganhado seu prêmio, e ele por sua vez, não disfarçava o quão interessado estava em saber mais sobre o que ela aprendeu sendo assistente do Doutor Bash.

─ Já fui melhor, estou meio enferrujado. ─ diz Gilbert rindo para a moça, que observava atentamente seu rosto, um do lado do outro, ombros encostados, perfeitamente do mesmo tamanho, enquanto observavam Bash usar o estetoscópio para examinar Taylor.

─ Okay... ─ Bash arrumou o aparelho, colocando-o no pescoço. ─ Winnie tire a temperatura dele pra mim, por favor. ─ diz saindo de perto do garoto e caminhando em direção a cozinha, porém é parado por Gilbert que o seguiu.

─ Bash. ─ Gilbert segura o braço do rapaz, assim que ele adentrou a cozinha. ─ Pode por favor examinar a senhorita Shirley? Ela vem tendo um mau estar desde que chegou. ─ me olha com um sorriso nos lábios antes de voltar para a sala de estar, e Bash apenas acente com a cabeça, me olhando.

Ele caminha em passos largos até a mesa, onde eu me encontrava do lado oposto ao seu, e eu lhe sirvo uma xícara de café fresco:

─ Obrigado. ─ diz após pegar a xícara e dar um longo gole. ─ O que está sentindo exatamente? ─ me olha curioso.

─ Não é nada demais, Gilbert é exagerado. ─ tento parescer o mais descontraída possível. ─ Só ando meio enjoada e com um pouco de asía... só. ─ engulo em seco.

─ A quanto tempo mais ou menos? ─ dá outro gole em seu café.

─ A umas... 3 semanas, eu acho. ─ digo, vendo ele largar a xícara e caminhar até mim.

Ele põe o estetoscópio nos ouvidos e os direciona cuidadosamente em minhas costas, e eu respiro fundo conforme ele mudava o objeto de posição.

Me analiza brevemente com os olhos meticulosos, procurando respostas por toda a extremidade de meu rosto. Coloca as costas das mãos em minha testa e me olha confuso no mesmo instante.

─ Não está com febre. ─ diz, parescendo espantado, e cada vez mais sinto o medo se apossar de mim. ─ Como anda seu ciclo menstrual senhorita Shirley? ─ tira o aparelho de seus ouvidos.

Ele não pode estar pensando nessa possibilidade, está?

─ Não. ─ digo em disparada e ele me lança um olhar confuso. ─ Eu não posso estar grávida. ─ agora eu me encontrava pálida e trêmula, enquanto ele me olhava com um semblante singelo e um sorriso contido nos lábios.

─ Respire. ─ apoia suas mãos em meus ombros, e caminha para o outro lado da mesa.

Se abaixa para pegar algo em sua maleta branca, com utensílios de médico, logo retirando algo e colocando cuidadosamente sob a mesa:

─ Para ter certeza que não, já que você diz. ─ diz ainda com a ponta dos dedos apoiadas no teste de gravidez. ─ E fique tranquila, Gilbert não é como esses outros caras.

─ O que? ─ praticamente grito. ─ Não, nós não... ─ sou interrompida.

─ Ele está com 37 de febre. ─ agarro o teste escondendo-o atrás de mim, tão rápido que nem sequer o vento poderia me alcançar. ─ Isso não é nada bom. ─ diz Winnifred adentrando a cozinha juntamente de Gilbert, e entrega o termômetro para Bash, que tentava controlar a risada ao ver a minha cara de pânico.

─ O que ele tem? ─ Gilbert se aproxima dele, e percebo um certo anseio em seu rosto.

─ É um resfriado, mas por sorte não é nada grave. ─ suspira, encarando Gilbert. ─ Dê a ele os remédios que eu te passei.

─ Muito obrigado Bash. ─ Gilbert coloca a mão em seu ombro. ─ Foi muito bom te ver, irmão.

Os dois se abraçam brevemente e Bash volta a me olhar, estática com as mãos para trás, sem nem sequer respirar direito.

─ Foi um prazer, Anne. ─ me lança um olhar reconfortante, o que me pareceu um boa sorte, e eu retribuo o sorriso.

Winnifred dá um beijo no rosto de Gilbert, o deixando estático, e ele apenas lança um sorriso desconsertado para a moça.

─ Foi bom te ver Gilbert. ─ ela diz sorridente, e ele assente com a cabeça. ─ Até mais, Anne. ─ se dirige a mim, já saindo.

─ Até... ─ respondo fraco.

A porta se fecha bruscamente de novo, fazendo a casa tremer.

─ Então... ─ diz se aproximando da mesa. ─ Você está bem? ─ diz parando do lado oposto a mesa, me olhando com certa preocupação.

─ Estou bem, não é nada demais, como eu te disse. ─ digo sorridente demais, ajeitando meu cabelo atrás da orelha.

Ele se inclina tentando ver o que eu escondia atrás de mim, e me desvio de lado no mesmo instante, imitando seus movimentos.

─ O que é isso? ─ se aproxima de mim.

─ Não é nada que você precise saber. ─ dou um passo para trás.

─ Então por que está com essa cara? ─ se aproxima cada vez mais.

Quando menos esperávamos, estávamos dançando. Ele tentando me seguir e eu desviando de seus movimentos.

─ Anne, qual é, me deixa ver logo. ─ diz com o corpo praticamente colado ao meu.

─ Não Gilbert. ─ tropeço ao andar para trás e Gilbert me pega pela cintura. Porém a merda do teste cai no chão no mesmo segundo.

Observo seu olhar de espanto ao ver a caixinha no chão próximo ao nossos pés.

Fecho os olhos, respirando fundo, já me dando por vencida. Merda.

Ele me solta de seus braços e se abaixa de vagar, pegando a caixinha.

─ Gilbert não... ─ digo passando a mão pelos meus cabelos, eu queria arranca-los um a um. ─ Não fala nada, ta bom? ─ sinto uma tremenda vontade de chorar, e não consigo encara-lo agora.

Me viro para sair de perto dele, porém sinto sua mão em meu braço.

─ Ei... ─ diz, e eu me viro para ele, sem olhar em seus olhos. ─ Calma. ─ passeia o dedo sob meus ombros. ─ Senta aqui. ─ puxa uma cadeira, e eu me sento.

Ele se agaicha a minha frente, colocando uma mão em meu joelho, sem tirar seus olhos dos meus.

─ Anne qual é o problema se você estiver grávida? ─ sua voz era tão calma, que me fazia explodir.

─ Porque Cole está morto, Gilbert! ─ grito me levantando, e sinto as lágrimas rolarem sem parar. ─ Ele está morto... ─ sussurro, encarando meus pés.

Ele me abraça e eu demoro um tempo para o retribuir, apenas apoio minha testa em seu peito, e choro em silêncio.

─ Se você estiver, está tudo bem. ─ ele apoia as duas mãos em meu rosto, me olhando nos olhos. ─ Nós vamos dar um jeito, sempre tem um jeito.

─ Eu não queria que fosse assim. ─ sinto meus olhos pesarem e meu peito doer. ─ Eu só queria que meu filho tivesse uma família completa, assim como eu nunca tive. ─ digo em meio a um choro descontrolado e estúpido.

─ O seu filho... ─ Gilbert pega em uma de minhas mãos. ─ Vai ser a criança mais sortuda do mundo por ter uma mãe como você, Anne. ─ ele me olhava com seus olhos brilhando. ─ Família é aquela que cuida e nunca te abandona, essa sim é a família mais importante. ─ ele abre os braços e eu me encaixo em seu peito no mesmo instante e ele apoia seu queixo em minha cabeça.

𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora