Querido Gilbert...
Eu deveria ter segurado a sua mão mais uma vez, deveria ter te olhado por mais um minuto para tentar gravar o seu rosto singelo no meu subconsciente. Deveria ter dito mais vezes o quanto eu sentia.
Deveria ter te abraçado por mais um segundo enquanto eu pude. Ter provado o seu cheiro doce com mais atenção.
Eu deveria ter te tratado melhor do que tratei nesses últimos meses insessantes e cansativos.
Eu deveria ter sido o seu porto seguro. Alguém que você pudesse realmente contar.
Eu deveria ter sido melhor para você.
Talvez eu deveria ter amado mais. Ter feito um alarde. Mas seja como for, você sempre vai ser a minha lembrança mais bonita.Ou talvez ainda não tenha sido o fim. Pelo menos não agora.
Uma luz branca e forte me deixava embriagada mesmo com os olhos ainda fechados. Eu sentia alguma coisa envolvendo meu ouvido, e o barulho perturbador tinha desaparecido como mágica, porém a minha cabeça ainda doía.
O som da máquina de batimentos cardíacos me despertou me obrigando a abrir os olhos através da claridade que me segava bradamente, fazendo com que eu percebece onde provavelmente eu estava.
— Ela não acordou? — ouço um som abafado de uma voz grave e desconhecida.
— Não, ela ainda está inconsciente. — uma mulher diz após suspirar fundo.
— E a criança? — o homem indaga parescendo apreensivo, e no mesmo instante minha mente me desperta, me fazendo abrir os olhos de uma vez por todas.
Vejo a mulher e o homem vestidos de branco, e eles me olharam surpresos.
Ponho institivamente a mão sobre a minha barriga, e posso ver as agulhas presas em minha mão.— Minha... — engulo a saliva e tento controlar a respiração entrecortada. — Minha filha, ela está bem?
— Fique calma senhorita, a sua filha está muito bem. — a enfermeira se aproxima colocando sua mão sobre a minha me olhando com um sorriso caloroso.
Olhei para o médico que apenas me observa de longe, e por mais estranho que aquilo parecesse, sentia que já tinha o visto.
— Gilbert! — falo em um tom alto, assustando os dois derrepente pelo meu desespero. — Onde ele está? O que aconteceu com ele? E as crianças? Eles ls levaram, vocês precisam achar eles. — digo já sentindo as lágrimas rolarem descontroladamente, tentando me levantar da cama e sair dali o mais rápido que eu podia.
Mas a enfermeira segurou em meu braço com uma certa força, me fazendo olhar para ela.
— A senhorita não pode ir para lugar nenhum, ainda está muito machucada. — ela diz se afastando, e parecia se controlar para não gritar, com um sorriso forçado, tentando parescer o máximo possível educada.
Engulo em seco a olhando com ódio.
— Onde eles estão? — digo pausadamente, tentando me manter calma.
— Não sabemos de quem a senhorita está falando. — o homem de branco diz dando de ombros, caminhando com passos largos até mim. — Quando chegamos só encontramos você.
Ele estava mentindo, eu sabia que estava mentindo.
— Gilbert Blythe, dono do projeto de caridade. — eu o fuzilo com os olhos, praticamente cuspindo as verdades na cara dele. — Ele é amigo de Sebastian Lacroix, como pode dizer que não conhece ele? — eu grito, impulsionando meu corpo cansado para mais perto do homem que me olhava com certo desdem, como se eu fosse maluca.
Ele suspira fundo, e me olha da cabeça aos pés por um momento, antes de dirigir as palavras:
— Gilbert Blythe foi transferido para o exército assim que se recuperou. — ele diz simplesmente me lançando um último olhar antes de virar as costas.
Assim que se recuperou?
— A quanto tempo eu estou aqui? — digo finalmente após longos segundos em silêncio, fazendo ele parar no mesmo lugar para me responder.
— A três semanas. — ele diz e volta a caminhar para a porta do quarto, parando ali e encostando suas costas, para continuar em encarando.
Três semanas...
— Você precisa me deixar falar com ele! — gritei novamente, sentindo meus olhos marejarem.
— Senhorita você precisa descansar. — a enfermeira põe a mão em meu ombro, e eu recuo de seu toque no mesmo instante, emburrando sua mão em um ato brusco.
— Eu não vou descansar até falar com Gilbert Blythe! — me levanto e tento arrancar as agulhas de meus braços, mas era mais difícil do que eu imaginava.
E enquanto eu relutava com todas as minhas forças para me desprender daquela prisão, eu vejo dois homens entrarem pela porta.
— Podem dopar. — o homem no qual eu sentia uma pontada de desconfiança diz, me olhando com desdem de onde se encontrava, confiante.
E todas as minhas tentativas de sair dos braços deles, foram em vão.
Quando derrepente, eu apaguei.
🌸
* a autora se encontra chorando kkk *
O que vocês estão achando?
Estava muito corrida com as coisas da escola, mas agora prometo que vou focar na fic.
Amo vocês!
- Vivis
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𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭
Fanfiction↝ No início da 2° Guerra Mundial, Anne Shirley, que acabara de perder seu marido, agora se prepara para morar na Inglaterra, através de um trabalho voluntário, cuidando de crianças órfãs, na tentativa gloriosa de tentar superar tudo o que lhe havia...