16↳ 𝐬𝐡𝐞

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Delphine estava com uma cólica tremenda, e por incrível que pareça, Gilbert era a única pessoa que conseguia acalma-la.

─ Você venceu, eu não sei mais o que fazer. ─ digo balançando Delphine no colo, e Gilbert se levanta da cadeira e vem em minha direção.

─ Calma pequena, vem cá. ─ ele a pega delicadamente de meus braços, fazendo um bico ao olha-la.

E incrivelmente após algumas balançadas, ela parou de chorar.

Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara. Se meu filho for assim, eu desisto.

─ Prontinho. ─ ele se inclina e a coloca no pequeno berço com cuidado, antes de me encarar. ─ Pare com isso Anne.

─ Isso o que? ─ digo mordendo meu dedo.

─ Está pensando que não vai dar conta da tarefa. A sua cara te denúncia. ─ caminha até mim, parando em minha frente.

─ E se essa criança não gostar de mim Gilbert? Porque pelo visto Delphine só ama você. ─ cruzo os braços.

Ele ri.

─ Ela só está acostumada comigo. Seu filho vai se acostumar com você, até porque você vai virar praticamente uma fábrica de leite. E ele vai gostar de você, por encher a barriga dele. ─ diz enquanto se acomodava ao meu lado, apoiando os braços na pia.

─ Muito obrigada por me dizer que eu vou virar uma vaca leiteira. ─ sorrio irônica e impaciente.

─ Por falar nisso, liguei para Bash hoje de manhã. ─ anuncia derrepente. ─ Ele vai vir te examinar direitinho.

Meu sangue subiu na mesma hora.

─ Eu não acredito que fez isso. ─ digo com raiva, impaciente e desacreditada por ele não ter sequer me avisado.

─ Por que? ─ arqueia as sobrancelhas, sem entender meu desespero.

─ Deveria ter me avisado, eu não sei se quero passar em um médico Gilbert. ─ digo parescendo totalmente mau agradecida pela sua ajuda.

Mas a verdade é que eu não queria ver a cara daquela Winnifred.
Ou talvez ele só tivesse agendado essa consulta para ver ela.

Provavelmente deve ser isso.

─ Você mais do que nunca, precisa consultar um médico agora. ─ cruza os braços e seu tom se eleva. ─ Quer você queira ou não. É pro bem dela, ou dele. ─ olha para a minha barriga rapidamente, e sai marchando com os pés firmes e com passos pesados que faziam a madeira rangir.

Não falo nada, apenas engulo em seco o meu ódio.

Gilbert caminha até as crianças e se senta no chão, pegando um carrinho de pelúcia e chamando-os para brincar.

Porém eu sei que aquilo era só para se distrair dessa discussão idiota.

Me sento em uma das cadeiras e admiro a paisagem verde que nos cercava do lado de fora.

Observo Gilbert com a cara fechada, e sinto uma leve pontada no estômago.

Ele só queria cuidar de mim, eu sei disso.

─ Gilbert eu... ─ resmungo e acho que ele não ouviu, ou não queria ouvir nada naquele momento. ─ Gilbert! ─ falo mais alto.

Ele me olha do outro lado da sala onde se encontrava, e sinto meus olhos marejagem. Ele respira fundo e se levanta se apoiando em uma mão e vem até mim, ficando do lado oposto da mesa.

─ Sim? ─ diz impaciente.

Não respondo nada, apenas o encaro e sinto o peso de seus olhos esverdeados pousarem sobre mim.

─ Olha... ─ ele se senta a minha frente. ─ Eu sei que está tudo muito difícil agora, mas você precisa ficar firme. ─ ele estende sua mão virando a palma para cima, dando um sinal para que eu a segure, e assim o faço. Ele aperta minha mão e em seguida a beija lentamente, me olhando com sua feição acolhedora de sempre.

Eu queria tanto dizer que ele era tão essencial na minha vida.

Me desculpe por ser tão...

─ Não, para! ─ ele me interrompe, e eu finalmente consigo encara-lo. ─ Você não é nada disso que está pensando.

Por favor não dê mais um passo se não eu vou cometer um erro.

Me levanto em um impulso de sair de perto dele, porém ele vem até mim, parando exatamente a minha frente.

Seus olhos transbordavam de desejo, e eu sinto meu estômago se remexer. Uma descarga elétrica se apossa de mim, e se ele desse mais um passo, eu não conseguiria evitar o seu toque.

Ele fecha os olhos por um segundo, tentando recompor sua consciência.

Ajeita meu cabelo para trás da orelha, e me analisa por inteira rapidamente.
Eu estava paralizada, não tinha mais controle de meu corpo e aquilo era assustador.

Até que ele suspira fundo, sem olhar em meus olhos.

─ Somos jovens e imprudentes. Vamos levar isso longe demais. Vai te deixar sem fôlego ou com uma cicatriz horrível. ─ sussurra, encarando seus pés. ─ E eu não suportaria machucar você Anne. ─ seus olhos brilharam em meio as lágrimas, mas não consigo sentir pena dele naquele momento.

A única coisa que me via em mente era:
Ele quer ela. Eu sabia.

Junto os únicos vestígios de sanidade que ainda me restavam, e com o peito cheio de angústia, levanto o queixo para olha-lo.

─ Não precisa se preocupar. ─ sinto minhas bochecas queimarem, e luto para manter a voz firme, enquanto o fuzilava com os olhos molhados. ─ Você realmente nunca daria certo comigo.

A porta se abre, e eu viro meu rosto para olhar, porém Gilbert permanecia estético, paralizado, olhando para meu rosto manchado por lágrimas.

E lá estava ela, com seu sorriso forçado ao me encarar.

A loira , que com certeza já sabia que Gilbert era todo seu.

𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora