24↳ 𝐥𝐞𝐭 𝐭𝐡𝐞 𝐠𝐚𝐦𝐞𝐬 𝐛𝐞𝐠𝐢𝐧

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Nós duas entramos dentro da carroagem, onde nos sentamos com a ajuda dos dois homens que nos guiaram, sem dizer uma palavra sequer, após o comando de Dr. Phillips.

Stacey estava apreensiva ao meu lado, balançando sua perna na tentativa de aliviar seu visível nervosismo.

— Não se preocupe, vai ficar tudo bem. — coloco minha mão sobre a sua e sorrio fraco para ela. Por mais que eu não acreditasse nas minhas palavras, parecia o certo a se fazer.

O caminho de terra e repleto de buracos, tornava a viajem cansativa. Na verdade tudo aquilo se passava como se fosse uma eternidade em minha cabeça.

Até que presumi que finalmente chegamos ao tal lugar mais seguro, assim que a carroagem parou de uma vez, nos obrigando a nos segurar para não voarmos para o banco da frente.

O rapaz vestido com a roupa do exército e altamente armado, abriu a porta, ajudando Stacey a descer segurando firmente em sua mão, e em seguida eu.

Porém o homem estranhamente se aproxima de mim, e percorre a mão pela minha barriga derrepente, como se tivesse o total direito de fazer aquilo.

Eu me sinto totalmente inofensiva perto dele, sinto que não tinha o direito de achar aquilo ruim, até porquê ele estava armado.

Olho para o lado me sentindo totalmente desconfortável com aquilo, e vejo uma fumaça espessa e grossa saindo de algum lugar, não muito distante dali. Meu corpo altamente entra em choque, ao imaginar o que poderia ser aquilo, e um nó se formou em minha garganta, porque eu sabia o que era.

— Eles fedem ainda mais quando queimam, não é? — ele diz, com um sorriso perverso em seus lábios estreitos, com um olhar malicioso, me causando náuseas.

— Tire suas mãos imundas da minha filha. — digo por entre os dentes, mas alto o suficiente para que ele ouça com clareza, e no mesmo instante, empurrei a sua mão para longe de mim.

Sigo Stacey o mais rápido que eu pude, e tento ignorar o que havia acabado de acontecer.

Os outros dois homens que antes nos guiram até a carroagem, seguem na nossa frente, e caminhamos até a porta de entrada da casa, que parecia abandonada.

— É só entrar, as outras já sabem que vocês são novas. — diz o senhor mais alto e forte ao meu lado, com sua pose impenetrável, sem mover um musculo fora do lugar.

— As outras? — junto as sobrancelhas olhando para Stacey, que também não entendia mais nada.

— Sim. — ele diz simplesmente, já colocando a mão na maçaneta velha e enferrujada, escancarando a porta. Ele faz um sinal com a cabeça, nos avisando que poderíamos entrar sem problema nenhum, e assim fazemos. Nós duas estramos, como se estivéssemos pisando em ovos, sem saber ao certo o que fazer, ou o que falar, ou como reagir. A verdade é que aquela lugar era assustador, e assim que eu avistei umas vinte mulheres, todas grávidas, algumas mau tendo roupas para se vestir, eu me senti sufocada. Era como se eu visse a imagem do inferno, ou alguma cena miserável de punição, porque aquelas condições não tinham nada de seguras. — Tenham uma boa tarde. — o soldado diz após fechar a porta ao nosso lado, não me dando a chance sequer de protestar contra aquilo.

Dei um longo suspiro, olhando para elas que apenas nos abservavam da cabeça aos pés.

Stacey se aproximou de mim, e segurou em meu braço com firmeza, como se estivesse me mando algum tipo de aviso.

— Olha só quem chegou, a dupla das patetas. — uma mulher protesta com um tom de irônia, e todas riram em conjunto a ela. — Olhem só parecem dois sacos de ossos. — elas todas riam dos comentários ridículos da mulher de olhos azuis.

Meu sangue ferveu, porém Stacey estava trêmula de medo e vergonha ao meu lado, como se pudesse afundar a sua cabeça num buraco.
Mas a raiva tomou conta de mim por um segundo, quando caminho dois passos para frente e ajeito meus ombros fala encara-la diretamente, mesmo ela sendo mais alta que eu:

— Pelo jeito que você me olhou diria que ficou apaixonada. — digo irônica com o peito estufado de orgulho, e todas as outras gargalharam ao meu redor, até mesmo Stacey não conseguiu segurar o sorriso, cobrindo a boca disfarçadamente.

— O que você disse? — ela arregala os olhos, bufando pelo nariz, quase como se pudesse me matar com um simples olhar. E bem, ela queria me matar.

— Engraçado, acho que a falta de um banho acabou afetando sua inteligência também? — digo com a voz mansa, o que a vez ferver, era quase como se eu visse sair a fumaça de seus ouvidos.

— Olha aqui sua...

— Qual é Josie, deixe as duas em paz. — a garota morena disse para ela, a fazendo revirar os olhos e se sentar na cadeira um pouco longe de nós.  — Não liguem para ela. Sou Jane, prazer. — ela estende a mão amigavelmente para mim e eu retribuo.

— Anne Shirley. — forço um sorriso, ainda sentindo a adrenalina daquela discussão me percorrer por inteira. — Essa é Muriel Stacey. — aponto para Stacey que estava ao meu lado.

— Espero que se deem bem aqui, apesar de não ser um lugar muito agradável. — Jane diz visivelmente cansada.

— O almoço está pronto! — anuncia em voz alta, uma garota que apareceu derrepente de outro cômodo da casa. — Vocês devem ser as garotas novas. Sou a Tillie. — ela nos lança um sorriso simpático.

E antes mesmo que nós pudessemos falar alguma coisa, todas correram para a mesa de jantar, empurrando umas as outras desesperadamente. Mas alguém esbarrou em mim com tanta força, que se não fosse Stacey para me segurar eu provavelmente cairia para trás.

— Isso ainda não acabou. — Josie sussurra perto de meu rosto com os olhos vidrados em mim.

— Que comecem os jogos. — sussuro sem recuar o olhar de suas órbitas, a vendo se virar e seguir até a mesa, com sua barriga perfeitamente desenhada e sua postura impecável, mesmo vestindo trapos velhos e encardidos.

Isso tudo havia apenas começado.

𝐻𝑎𝑝𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝐵𝑢𝑡𝑡𝑒𝑟𝑓𝑙𝑦 ↳ 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora