8.Visão

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Mordo o biscoito deixando minhas pernas livres para se balançarem, sentada na beirada da janela observando a neblina se dissipar junto com a chuva constante, tento não pensar muito em como vou morrer. De alguma forma ainda estou viva mesmo depois de poucos dias terem passado, mantenho as esperanças.

— Seu café está pronto filha. — Sorriu Esme se aproximando da janela com uma xícara em mãos — Precisa se alimentar direito para...

— Obrigada mãe. — Interrompo agradecendo forçando um sorriso, mesmo assim sei que não passa despercebido por ela minha preocupação.

— Vai ficar tudo bem. — Disse afundando a mão em meus cabelos com um sorriso fraco — Você é mais forte do que imagina. — Declara beijando minha testa, deixando a xícara repousar na mesinha ao lado.

— Tem razão, melhor terminar logo de comer ou vou perder a carona. — Brinco roubando um riso sutil dela. — Como Jasper está? — Questiono.

— Ele está levando do jeito dele sabe. — Sorri enquanto brinca com o tecido delicado da cortina — Não consegue se perdoar...

Acompanho seus olhos, levanto pegando a xícara caminhando até a mesa de jantar, uma melodia suave toca abafando o coração da floresta. Bebo um gole, mesmo tentando não consigo evitar de pensar sobre o que aconteceu.

— Não o culpo. — Digo alto em bom tom para que quem quiser ouvir.

Jasper comandou o exército recém-nascido de Maria que não mantinha vampiros após o primeiro ano de suas transformações, ele era responsável por eliminá-los, algo que Jasper sentiu remorso, porque ele podia sentir a dor deles quando os matava, tanto quanto ele sentia a dor das vítimas. Horas extras, a dor e a crueldade de tal existência o deprimiram sem fim. 

Relembro tudo que sei sobre ele tentando me convencer que isso é um fato inegável, vagando pelas memórias que tenho dos livros desse mundo, devorando qualquer informação útil.

Estava destinada a encontrar a morte da mesma forma que estou presa nesse ninho de vampiros, suspiro.

— Deveria ir falar com ele filha. — Sussurra Esme com um sorriso doce, tentando ser uma boa mãe.

— Eu já tentei. — Resmungo, bebo mais um gole, deixando o líquido quente aquecer meu corpo dessa manhã fria. — Jasper está me ignorando, fugindo de mim.

Os últimos dias Carlisle tem falado com seus amigos próximos, perguntando, pesquisando e escondendo o fato de eu ter me tornado humana novamente. Medo dos Volturi, tentando manter minha segurança. Pego a bolsa jogada em cima da mesinha, passo a alça pelo ombro fingindo estar tudo bem.

Tenho que manter a rotina, tenho que respirar como se tudo estivesse normal. Passo a mão no cabelo observando o espelho, Esme está sorridente atrás de mim.

— Ele não poderá fugir para sempre. — Declarou ela colocando uma mecha do cabelo pra trás — — Porque não tenta novamente, Jasper está na garagem...

— Espero que ele não pule a janela dessa vez. — Relembro da tentativa falha que fiz noite passada quando quase o peguei no fraga deixando uma carta na frente da minha porta.

Seria engraçado se não fosse trágico, parece um gato arisco. Deixo a xícara na mesa marchando até o corredor, sorrio para Esme que simplesmente acena subindo as escadas, está muito ocupada reformando meu quarto, tento não pensar muito, mas é inevitável, quando voltei com Edward após conversamos, tudo se acalmar. Tinha um buraco na parede do quarto, a porra de um buraco!

Distorting -  A Linha Do Tempo.Onde histórias criam vida. Descubra agora