CAPÍTULO QUATRO

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Valentina Zenere

Ainda me lembro bem daquele acidente horrível. Tive sorte de ainda estar viva para contar história.

Eles fizeram tudo direitinho. Nos mínimos detalhes. Queriam vingança por algo sem importância.

Não tem uma noite que não tenha pesadelos por causa disso.

Minha vida está uma verdadeira bagunça, ainda mais agora que me transformei em uma vampira.

Antes era tudo tão bom, mais fácil. Gostava do jeito que eram as coisas.

Sinto tanta falta dele. Pena que não posso voltar, não colocaria a sua vida em risco.

Eu o amo demais.

Todos acham que estou morta. O único que sabe que estou viva é o Ruggero. Ele me ajudou muito, além de salvar a minha vida.

Mas eles não sabem que estou viva e é melhor assim, para o bem de todos.

O Eduardo não vai descansar até conseguir o que quer, ele faz parte da sociedade dos vampiros.

Já fui castigada por culpa dele.

Por isso não posso dizer nada a ninguém sobre mim, muito menos contrariar a vontade do clã de ficar calada.

Espero que Karol guarde meu segredo e não conte pra ninguém. Sei porque ela fugiu, como ela se sente, pois sinto a mesma dor.

Não podia deixar de falar com ela, apesar de que vi uma coisa nela que não me agradou. O jeito como pude ver a tristeza em seu olhar e algo muito maior por trás que me causou arrepios.

Desejo de vingança.

Ela pode cometer uma loucura por quer vingança, por isso decidi ajudá-la. Não para se vingar e sim para fazê-la enxergar que assim não vai resolver nada.

Estou me adaptando a essa nova vida, posso dizer que não é fácil.

Moro com uma amiga que me ajudou muito durante esse tempo.

—Valentina, o que você tem? Aconteceu alguma coisa? – perguntou minha amiga Lone, parecendo preocupada.

— Oi. Não aconteceu nada, estou bem. – respondo e começo a preparar as bebidas dos clientes.

— Não está! Você não confia em mim? – pergunta fazendo drama.

Rio da sua lamentação.

— Para de ser dramática. Tá tudo bem comigo, não precisa se preocupar com nada, ok?!– sorri para ela.

— Valu! Você mente muito mal! – Fez cara de brava cruzando os braços.

— Lou, depois a gente conversa tá bom?! – Suspiro fundo.

Tenho que encontrar as palavras certas.

— Eu vou cobrar em! – Ameaçou.

Revirei os olhos.

— Eu sei! Agora volta a fazer o seu trabalho. – digo a mesma.

— Como se você mandasse em mim. – falou rindo.

Coloco a bebida em um dos copos  acrescentando limão e gelo.

— O Sr. Augusto está olhando pra cá. Mas como não mando em você, então continua aí. – Ela arregala os olhos na direção que ele está e acaba batendo na bandeja do garçom derrubando tudo.

Comecei a rir.

— Para de rir palhaça! Me ajuda! – Pediu nervosa. – Desculpa Jay.

Expressou um sorriso tímido para ele que a olha com raiva, o que não dura muito. O mesmo logo sorri também.

— Mas você tá com medo? – pergunto rindo lhe ajudando a levantar. – melhor voltar ao trabalho. – ela assente sem olhar para trás.

Lone tem medo do Sr. Augusto.
Só não entendo o porque!

— Ah, depois quero falar sobre o que aconteceu aqui. "Desculpa Jay". – Ainda ria imitando ela, que agora está corada. – acho que tem alguém apaixonada. – cantarolando termino de encher os copos.

— Não achei graça. – Disse emburrada.

— Tá legal, nervosinha. – Provoquei. – o amor é tão lindo. Ah o amor. – Murmurei suspirando.

— Vai a merda, Valentina. – falou rindo também. E depois foi para cozinha.

—  Olha só, veja o que encontrei aqui. – fala uma voz que reconheço muito bem. – Que beleza estonteante! Como vai, meu bem?

Luto para não arregalar os olhos e soltar uns cinquentas palavrões.

É o Bryan.

Mas ele não me reconheceu.

O será que ele faz aqui?!

— Olá. O que vai querer? – nervosa questionei.

— Você. – diz cínico me olhando de cima abaixo.

— Não estou aqui pra divertir ninguém, somente para entregar bebidas! – minha voz saiu fria e seca.

Sempre odiei ele, mesmo sendo irmão do homem que amo.

— Calma, meu bem! O que me sugere? – me olhou com um sorriso de canto.

Veneno.

Puro aliás.

Pensei , não falei.

Vontade não falta.

— Vodka! É forte e de qualidade.

— Adoro seu humor, sabia? Muito peculiar.

Lutei para não revirar os olhos, com tanto cinismo vindo de um homem só.

— Certo. 

Derrubei o líquido todo encima dele.

— Ops! Derramou. – fingo pena olhando para ele, que agora parecia irritado.

Óbvio que fiz de propósito.

QUESEDANE!

— Sua louca. Olha o que você fez com a minha roupa. – Exclamou irritado.

Affs!

É só bebida, não é pra tanto.

— Desculpa, meu bem! É só passar uma água que sai. – digo irônica o apelido que o mesmo usou comigo.

— Com licença! – diz levantando e indo em direção ao banheiro.

— Toda! – revirei os meus olhos agora.
– Aproveita e morre!

Sussurrei.

Caralho, o que Bryan está aprontando agora?

Preciso falar com Ruggero.

Ele pode tentar algo!

Meu amigo não vai sofrer de novo por causa dele.

Não vou permitir!

Um abraço ♥️🌺

ANTES DO AMANHECEROnde histórias criam vida. Descubra agora