CAPÍTULO VINTE E SETE

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Ruggero


Voltamos do crematório.

As cinzas da Lina vão ser jogadas no mar assim que o sol se por.

Resolvemos deixá-la ir.

Sua alma ficará livre e em paz.

Apesar de doer muito a falta que a minha irmã irá fazer, não posso deixar de querer que seja feita a sua vontade. Parece até que ela já sabia o que poderia vir a acontecer, mas não falou nada conosco.

Ela não ia querer ver a gente sofrendo, temos que cuidar da pequena Luz, esse nome é tão lindo.

Lina fez a escolha certa, é um nome perfeito pra minha sobrinha. Só de olhar pra ela sinto uma paz tão grande, essa criança com certeza veio para nos trazer alegria.

O sorriso é igualzinho ao da mãe, sem dúvidas ela será a nossa Luz em meio a escuridão que é o mundo em que estamos vivendo.

A Karol sumiu depois que saímos do crematório, o Agustín foi direto pra casa ver a filha.

Ele estava tão abatido e triste, durante todo o processo lá dentro o mesmo ficou quieto, sem falar nada, não o vi chorar.

E eu , bom... estou aqui na loja olhando as flores preferidas da Lina, ela adorava lírios e girassóis.

As lembranças boas de tudo que já passamos quando ainda estávamos lá em no lugar onde vivi por muitos anos, onde meu avô morreu,e eu fui um covarde, não consegui fazer nada.

Poderia ter feito alguma coisa além de ficar irritado, talvez ele estivesse aqui, talvez a minha irmã também.

Agora não tenho nenhum dos dois.

Algumas lágrimas caíam sem parar, sem querer.

Não sei o porque sinto que as coisas vão ficar mais difíceis sem ela.

Sei que antes Lina estava viva e eu fiquei longe dela e continuei vivendo.

Só que agora é diferente, antes eu sabia que ela estava viva, segura, bem e feliz ao lado do Agus.

Mas agora ela se foi de verdade,pra sempre.

Sinto como se quase tudo tivesse acabado.

Karol

— Pensei que não voltaria nem tão cedo! –  Eva se pronunciou ao me ver.

— Pra falar a verdade, não queria voltar. Mas nos temos um trato e sei que tenho que cumprir, além do mais não desisti da minha vingança se é isso que está pensando. – ela olhou para mim com uma expressão estranha.

— Você que sabe! Só não vai se arrepender depois, quando for tarde demais pra isso. – revirei os olhos.

— Sei muito bem o que estou fazendo. E o Ruggero acreditou mesmo que estou apaixonada por ele, então o plano está dando certo.

Ao menos meu coração tinha que acreditar que não estou.

— Vai mesmo fazer isso com ele? Você tem certeza do que está fazendo?– cruzes os braços.

Odeio que fiquem me perguntando isso.

— Não precisa se preocupar tanto, não vou falhar. E nem posso. Tenho pouco tempo para descobrir quem matou meus "pais,"e aonde estão os verdadeiros. O Ruggero é só um brinquedo muito gostoso por sinal, estou adorando brincar com ele.

Não era certo amar alguém que posso vir a magoar facilmente.

— Não ama mesmo ele? Acho que o rapaz gosta mesmo de você. Deixa ele fora disso e tenta conversar com a Lone,ela também pode nos ajudar.

Ela estava preocupada.

— Vou fazer do meu jeito. Você tem que me apoiar, ele não vai fazer nada.  Eu não quero sentir isso que sinto. – ela junta as sobrancelhas. – Com o tempo vou esquecer. – Digo com firmeza.

— Tudo bem! Você que sabe então. – ela me olhava de um jeito.

Parecia até que sabia de algo, só não diz nada.

Não quero me apaixonar por ninguém.

Ele vai superar.

E eu vou esquecer.

— E em relação a Nathalia vou dar um jeito nela, não vou mais ser pega de surpresa. – Fitei a luz da lua que banhava o riacho. – Aquela louca vai aprender que não sou uma fraca e muito menos idiota como pensa para não perceber que ela tem algo haver com a morte deles.

— Vai ficar? Estamos treinando novos feitiços de canalização.

Precisava ficar um pouco sozinha.

Então recusei.

— Não posso! Eu não deveria ter saído daqui. Mesmo o plano tendo que sair feito, agora tenho que ficar com eles.  Mas tem um por favor a pedir.

Ela estreitou os olhos marrons.

— Qual seria?

Mordisquei o canto da bochecha.

— Vou trazer alguém pra aprender com a gente, ela é nova na cidade se chama Luiza Stuart. Não posso contar muito sobre ela agora, conversamos depois. Tenho ir. – Tentei soar o mais convincente possível.

— Espero não me arrepender por estar lhe fazendo mais esse favor. Tome cuidado. – assenti lhe abraçando rápido.

Não sou boa em retribuir carinho.

Tenho que achar uma maneira rápida para falar com a Lone sobre a Luiza.

Ela está correndo perigo.

Quando chegou até mim pedindo ajuda, não pude negar nem se quisesse.

Impossível.

Tomara que ela não tenha feito nenhuma besteira de aparecer enquanto estive fora.

ANTES DO AMANHECEROnde histórias criam vida. Descubra agora