CAPÍTULO UM

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Karol

Ela tem que saber a verdade antes que seja tarde demais.

Já era tarde demais.

Ainda não consigo acreditar em tudo que aconteceu naquele maldito dia.

Não entendo porque eles me fizeram acreditar durante anos em uma mentira. Se eles tivessem contado antes, nada disso teria acontecido e talvez ainda estivessem aqui!

Hoje estou em outro país.

Nesse momento estou sentada em uma cadeira, encostada em um balcão de um bar, esperando que o álcool me faça esquecer que todo dia tenho que tomar sangue se não morro.

E aprendi isso da pior maneira possível.

Daí vocês me perguntam, mas Karol antes você não precisava "tomar" então por que agora precisa?!

Bom, antes como vocês já sabem os meus queridos pais escondiam segredos de mim, esse foi um deles.

Os dois pagavam alguém pra me "ajudar"com injeções diárias sem eu saber o real motivo. Eles aplicavam e falavam que eu tinha um problema e precisava tomar todos os dias, não entendi porém não questionei.

Agora entendo o porque delas!

A merda é que não sei onde conseguir.

Descobri quando me dei conta que tinha um envelope com meu nome junto com o dinheiro que peguei.

— Nunca vi uma pessoa normal beber tanto e tão rápido assim como você. – Ouço o Barman falar ao me entregar mais um copo de whisky.

O encarei com um sorriso de canto.

— Falou certo, uma pessoa normal. – bebo tudo em um gole e bato o copo de vidro no balcão. – Estou longe de ser uma! – pago a conta virando as costas saindo.

O céu está muito bonito, cheio de estrelas.

Não sei porque, mas me sinto bem aqui. Essa cidade é linda e tranquila.

Apesar do nome ser um pouco estranho.

Lua Escura...

Continuei andando em direção aonde moro.

Ainda não estou trabalhando, mas com o dinheiro que peguei do cofre paguei três meses adiantado num Apartamento. Não é muito bonito e tals, mas dá pra viver e também passo a maior parte do tempo fora mesmo.

Ando distraída em meus próprios pensamentos quando sinto uma trombada em mim.

— Olha por onde anda, garota! – A loira que peitou comigo parecia irritada.

Senti um cheiro estranho nela.
Sei lá, difícil explicar.

— Desculpa! – falei receosa saindo.

Não estou afim de confusão, ainda mais sozinha.

— Espera! Você não é a vampira que matou os próprios pais?! – Paro sentindo meu coração acelerar e minhas pernas tremerem.

Como alguém de tão longe sabe que os matei? Isso significa que… engoli em seco.

Estou ferrada.

— Como sabe disso ? – minha voz saiu trêmula e medrosa.

— As coisas no mundo dos vampiros voam rapidinho, garota. – Como assim mundo dos vampiros? Agora sim minha cabeça está remexida. – Não esquenta. Sei que não foi você!

— Como não fui eu? – pergunto confusa.

Ela olha em volta e me puxa para um beco escuro.

— Não podemos estar falando em público. Já fui castigada uma vez, não pretendo ser novamente.

Isso me assustou.

— Quem te castigou? – pergunto sem entender.

— A sociedade dos vampiros. E respondendo sua pergunta anterior. Sei porque sou igual você, e nossa primeira vítima a gente nunca esquece. Ela fica em nossa mente para nos atormentar todos os dias nos fazendo lembrar o que você é e se tornou! – ela falou com raiva em seus olhos, apontando pra mim.

—  Se não fui eu, então quem foi? – Indago.

Isso tudo é totalmente uma loucura.

Só estavam meus pais e eu na casa.

— Alguém que odeia você!

Quem me odiaria a ponto de matar meus pais? E me fazer crer que fiz aquilo?

O estranho de conversar com a mesma, é que pra ela parece normal

Deixo essas perguntas de lado ao ouvir a loira fazer uma pergunta.

— Quem foi sua primeira vítima?

— E-é, quando encontrei meus pais mortos... – respiro fundo tentando não derramar nenhuma lágrima. – ... não sabia muito bem o que fazer. Entrei no avião, senti minha barriga remoer, percebi que era fome mas não uma fome de comida. Era algo diferente e incontrolável.

— Seu estômago mudou o cardápio. – Ela sorriu.

Como se isso fosse bom.

— Estava no avião...- continuei falando imersa em meus pensamentos, enquanto via um filme sendo repassado na minha mente, revivendo tudo que fiz naquele dia. –... aquilo estava me matando. Fui até o banheiro. Foi quando vi uma aeromoça refazendo o coque a olhei, meus olhos fixaram na sua veia do pescoço, não consegui tirar os olhos de lá. Ouvi seu coração bater...o sangue pulsar, de repente tudo ficou em câmera lenta... algo dentro de mim me obrigava a rasgar sua garganta… Quando me dei conta a moça estava no chão pálida, minhas mãos e boca ensanguentadas. – Suspirei com pesar.

— Nossa! Mandou bem, em! – gargalhou alto, até me assustei. – Aliás, prazer! Me chamo Valentina. Pros mais íntimos Valen ou Valu. – Disse e me estendeu a mão para que apertasse. – Se quiser posso te ajudar!

— Ah, sim! Me chamo Karol, mas acho que você já sabia! – falei apertando sua mão.

Hurum!

ANTES DO AMANHECEROnde histórias criam vida. Descubra agora